Indigenitude

O termo “Indigenitude” aqui apresentado é diferente da palavra  indígena (também chamados de aborígenes, povos nativos ou povos autóctones) que é tanto um termo legal quanto uma identidade pessoal, de grupo ou povo.

Também é diferente do termo indigeneidade (identidades indígenas) que é tecida por experiências e histórias diversas e é frequentemente descrita como uma identidade política em um tempo pós-colonial.

O que é Indigenitude?

Indigenitude  é uma visão de libertação, resistência e propostas de mudança fundamentada no Sumak Kawsay (traduzido como Bem Viver, na língua quíchua, idioma tradicional dos Andes). Para a bióloga equatoriana Esperanza Martínez, “o bem viver é mais do que viver melhor, ou viver bem: o bem viver é Viver em Plenitude“. O termo utilizado não é “alli kawsay” (alli = bem; Kawsani = viver), mas sim “sumak Kawsay” (sumak = plenitude; kawsani = viver). 

Sumak Kawsay (Viver em Plenitude) é uma filosofia de vida, que se baseia na cosmovisão dos povos indígenas andinos e nos saberes ancestrais em geral, fundamenta-se em, entre outros, nos pilares:

  • Relacionalidade, que se refere à interpretação de haver uma interconexão de todos elementos que juntos compõem um só, o “Todo”;
  • Reciprocidade, entendida como uma relação recíproca e coparticipativa entre os mundos superiores, inferiores e o mundo atual, e entre humanos e natureza;
  • Correspondência, que vê os elementos da realidade se corresponderem de uma maneira harmoniosa, a maneira de proporcionalidade;
  • Complementaridade, que se baseia na ideia de que os opostos podem ser complementares, já que nada é incontornável.

Em Guarani, um conceito semelhante é designado como Teko Porã. A Indigenitude incorpora os valores do Viver em Plenitude: Sumak Kawsay, Teko Porã, e Ubuntu, com valores éticos profundos do COMUM, visando a construção de uma cidadania ativa e solidária.

Assim, Sumak Kawsay, Teko Porã, e Ubuntu são Humanitude. A Indigenitude, Negritude, Parditude, e Branquitude propõem para o mundo a “Humanitude”, em solidariedade, em igualdade, em harmonia, em complementariedade, em reciprocidade. 

A Humanitude é a nossa abertura permanente ao Outro, nossas relações de ser humano para ser humano. Ela determina uma relação permanente de solidariedade, livre de manipulação – um impulso espontâneo de acolher o Outro. Essa humanitude torna possível “conectar humano com humano. Adama Samassékou (Mali) – presidente da Conferência Mundial de Humanidades (WHC).

Nesta perspectiva a Indigenitude se entrelaça com a AfroHumanitude – a essência do ser humano. Afro-Humanitude é África e Humanitude conectada. Entendendo a África como o berço da humanidade e a Humanitude como Ubuntu/Sumak Kawsay/Teko Porã que liga toda a humanidade.

Essa conexão forma a AfroHumanitude, que contempla: a negritude, indigenitude, branquitude, Parditude e continua aberta e disponível para outras humanitudes. 

Neste espaço buscamos disponibilizar uma abordagem da identidade, cultura e história indígena com foco na Indigenitude.


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