Consumir significa existir no mundo!

Amit Goswami. Professor aposentado de Física Teórica da Universidade de Oregon, bem como estudioso da Parapsicologia e defensor de uma linha de pensamento pseudocientífico conhecida como misticismo quântico.

Racismo e modernidade a partir da ideia de realidade simulada: física quântica e psicologia negra Sakhu Sheti

Um ensaio sobre a compreensão do racismo a partir da ideia de realidade simulada – Por José Evaristo S. Netto

Nós consumimos realidades construídas por outros, ao invés de construímos as nossas próprias realidades!

De fato, a realidade é cada vez mais discutida por teóricos e pensadores de diferentes áreas do conhecimento, que buscam compreensões para suas diferentes facetas observadas, sejam estas psicológicas, socioafetivas, físicas, biológicas, espirituais, ou facetas da realidade observadas a partir da perspectiva de qualquer outro campo do saber. No campo da física teórica, importantes pesquisadores têm oferecido perspectivas epistemológicas e até cosmovisões não ocidentais super relevantes para a compreensão do mundo, do universo, e consequentemente da realidade, do tempo e do espaço.

O físico quântico indiano Amit Goswami, em seu livro O Universo Autoconsciente, trabalha com a ideia de que a unidade formadora de tudo, inclusive da realidade, não é a matéria como a física clássica (newtoniana) argumenta, mas antes a consciência. Goswami demonstra que o universo é matematicamente inconsistente sem a presença de uma “consciência reguladora do cosmos”, e que a Consciência é a base de todo o ser. Parece complicado, e de fato é (((hahaha))) mas vamos tentar destrinchar um pouco essa perspectiva. Para superar os paradoxos teóricos intransponíveis quando utilizado somente os pressupostos da física newtoniana, as teorias científicas de Goswami respeitam e incorporam os conhecimentos das culturais tradicionais africanas, orientais e ameríndias, não ocidentalizadas e/ou colonizadas. Ou seja, Goswami produz uma ciência decolonial, que traz a possibilidade de compreensão do mundo e da realidade a partir de outros referenciais culturais que não são apenas ocidentais, e que não são regulados pelo racismo e a colonialidade.

Como exemplo, quando perguntado o que é a morte (programa Roda Viva, 2007, link abaixo) ele responde (entrevista: 2min53seg até 4min28seg):

“Há morte quando a consciência pára de causar o colapso das possibilidades quânticas em eventos reais da experiência. Esta é a definição técnica da morte. Então, isto é interessante pois na física quântica todos os objetos são possibilidades. Na verdade, momento após momento, incluindo nosso corpo e nosso cérebro, momento após momento nós causamos o colapso dessas possibilidades em eventos reais que experimentamos, com o nosso corpo e o nosso cérebro. Quando perdemos esta capacidade de convertem as possibilidades em eventos reais, nós morremos. Mas perceba o que está acontecendo. As possibilidades permanecem. É claro que algumas dessas possibilidades são possibilidades materiais. Essas possibilidades vão se desintegrar, no sentido do desaparecimento gradativo da estrutura, do desaparecimento gradativo da memória. Os corpos se desintegram. Mas, além do material, temos também os componentes sutis, como a nossa mente, como o vital, como os nossos arquétipos supra mentais, que vão além da mente e do vital, que também definem o nosso ser. Estes corpos são sutis. Eles não têm estrutura nenhuma. Eles podem continuar para além da nossa morte. Este é o conceito de sobrevivência após a morte.”

O entendimento de vida e morte a partir da física quântica de Amit Goswami traz muitas semelhanças com a compreensão de “ser no mundo” a partir da lógica ioruba, segundo o entendimento de que as pessoas possuem um corpo e um espírito, como o psicólogo Wade W. Nobles descreve:

O corpo, ou ara, é formado pela divindade Orisa-nla. É por meio do ara que a pessoa interage com o meio ambiente; é essa a parte da pessoa que se pode tocar e sentir. O arapode sofrer danos e se desintegra após a morte. Entretanto, o componente “essencial” da pessoa é o espírito, a “força espiritual” ou a espiritualidade (emi). O emidá vida a pessoa. É seu elemento divino e a vincula diretamente a Deus. Depois que a pessoa morre, o emiretorna ao Elemi(o dono do espirito, Deus) e continua a viver. Como pessoa, o individuo também possui a cabeça interior, ou ori inu. Oludumaré (o ser supremo) dá essa cabeça diretamente. Ela constitui o “espírito” particular da pessoa. Ori inu é o guardião do eu; carrega o nosso destino e influencia a personalidade. Além de emi (essência divina) e ori inu (essência pessoal), a pessoa tem okan. Essa palavra significa coração, mas, como aspecto constituinte da pessoa, representa o elemento imaterial (essência) que é a sede da inteligência, do pensamento e da ação. Assim, por vezes é chamado de “alma-coração” da pessoa. Acredita-se que a okanexista antes mesmo de a pessoa nascer. É a okandos ancestrais que reencarna no recém-nascido. Para ser uma pessoa, os iorubas também acreditam que se deve ter um ori e um ejeOri governa, controla e orienta a vida da pessoa e de fato a ativa. Ori é o portador do destino e ajuda a pessoa a realizar aquilo que veio fazer na Terra. Ori é ao mesmo tempo e “essência da pessoa” e seu guardião e protetor. Está intimamente ligado a emiEje é o sangue, expressão física da energia eletroquimicomagnética que constitui a força (essência) que guarnece e anima a vida. Os iorubas também acreditam que o iye é um componente da pessoa. O Iye é o elemento imaterial às vezes referido como a mente. (Nobles, 2009. Sakhu Sheti: retomando e reapropriando um foco psicológico afrocentrado. No livro: Afrocentricidade: Uma Abordagem Epistemológica Inovadora)

Voltando a Goswami,ele se baseia em uma análise da realidade a partir do paradigma Monista Idealista, porém não descarta o Realismo Materialismo e a mecânica newtoniana do entendimento das leis universais na natureza. Ele nos convida objetivamente a ampliarmos a nossa visão para a além do que imediatamente ouvimos, tocamos, sentimos e enxergamos, apontando que em dimensões mais sutis da existência, porém não menos importantes, a realidade se faz em eventos reais de colapsos — impactos, produzidos por uma consciência não-local que escolhe o que vai acontecer dentre as possibilidades quânticas que se apresentam. Isso significa que os fenômenos observados nos experimentos da física quântica não são produzidos pelo ego manifesto das pessoas, e sim por uma consciência maior, que não esta em mim, nem em você, mas que atravessa a todos nós, portanto uma consciência não-local. Goswami trabalha com a ideia de uma consciência do cosmos, como se estivéssemos mergulhados nela, como uma piscina onde a água representasse esta consciência não-local. A aguá esta em todo lugar, a água é o próprio meio que nos circunda. Toscamente falando, esta é a consciência enquanto unidade formadora de todo ser, na mecânica de não-localidade quântica do físico Amit Goswami.

Esta consciência não-local é que define (escolhe) os eventos reais — a realidade quântica. Ela é a que organiza as possibilidades dos eventos acontecerem ou não, de qual forma, e por quais caminhos. Voltando a metáfora da piscina sendo a água a consciência não-local, compreendemos que não somos a água, mas estamos em contato com ela. Se houver uma descarga elétrica dentro da piscina, todos nós seremos eletrocutados, porque a água conduzirá a corrente elétrica para todas as pessoas. A consciência não-local, considerando a mecânica quântica de Goswami, têm um comportamento parecido. Ela não conduz eletricidade, mas arquétipos supra mentais, memórias imateriais, corpos sutis, produzidos por nós, pelos nossos antepassados, pelos nossos ancestrais, que são dados, informações, sentimentos que podem ser acessados, processados, e viabilizados por qualquer um de nós, desde que tenhamos as ferramentas necessárias para esta espécie de “prospecção quântica” da consciência não-local.

CONTINUA…:

 

Por José Evaristo S. Netto – Educador, dedicado aos estudos sobre corporeidade, cultura, identidades, sociocognição, racismo e colonialidade. Mestre em Educação Física.

Física quântica e psicologia negra Sakhu Sheti

Racismo e modernidade a partir da ideia de realidade simulada: física quântica e psicologia negra Sakhu Sheti

Um ensaio sobre a compreensão do racismo a partir da ideia de realidade simulada

O que me motivou a escrever este singelo ensaio foi a ideia de iniciar a organização de um pensamento afrocentrado, decolonial, que me facilitasse avançar na compreensão e no exercício de uma corporeidade e um “existir no mundo” sadios. Este texto também é fruto da minha preocupação com as identidades precarizadas, relacionadas em grande parte com o afastamento e abandono dos arquétipos e das memórias tradicionais africanas e afrodiaspóricas, ancestrais, tão importantes para a nossa centralidade e a percepção de “ser africano no mundo”. Percebo a incorporação de “identidades precárias de consumo” e “proto arquétipos sintéticos”, “temperadas” pelos sistemas culturais de consumo ligadas aos valores da colonialidade, da modernidade, e entendo que a noção de realidade vai sendo forjada sem agência pessoal (das pessoas pretas). Daí, entendo os porquês dos irmãos e irmãs (e toda sociedade) estarem cada vez mais ansiosos, deprimidos, inseguros, dependentes das redes sociais digitais (construindo experiências efêmeras na maioria das vezes) para a construção das suas identidades e corporeidades (subjetividades precarizadas). Daí, entendo o consumo compulsivo do “lacre” enquanto um recurso do que se entende por “empoderamento”, para um certo “existir no mundo”, a partir de um tipo de lógica de consumo disfarçado de atitude progressista. Este texto é um primeiro ensaio, na tentativa de iniciar a organização dos meus pensamentos. Um convite, portanto, ao começo desta vadiagem de significados e sentidos. Neste ano de 2020, pretendo ensaiar e girar bastante, participar de muitas rodas de trocas de saberes com os nossos, e escrever um sem número destes singelos textos para, quem sabe, chegar a um lugar de proposição de construção de subjetividades afrocentradas, construtoras de agencias pessoais enegrecidas. Convido as irmãs e irmãos para esta gira, junto! Tremendo Asè!

A ideia de que vivemos uma espécie de vida simulada, como se estivéssemos em uma realidade virtual, portanto não real da forma como acreditamos ser, ficou bastante popular com o filme Matrix, lançado em 1999. Este filme constrói um contexto pós-apocalíptico onde a realidade que conhecemos é um ambiente virtual criado por um sistema robotizado autônomo, dotado de uma inteligência artificial hiper avançada. Os seres humanos estariam em uma condição forçada de hibernação induzida, em coma, com suas mentes manipuladas a ponto de suas consciências se localizarem em um mundo virtual, em uma realidade simulada, enquanto seus corpos, conectados a cabos e em cúpulas mergulhados em uma espécie de solução que os nutre e conserva, são utilizados como baterias fornecendo energia a todo este sistema.

No filme Matrix, o personagem Morfeu é simbolicamente muito significativo, é a liderança dos seres humanos que despertaram da realidade simulada pelo sistema de inteligência artificial. Morfeu é a liderança daqueles humanos que vivem os seus próprios corpos e sentem o mundo sem a mediação de um sistema operacional dizendo o que é olfato, o que é tato, o que é palato, o que é visão, e o que é audição. Mais do que ser apenas uma liderança, ele possui ferramentas e conhecimentos capazes de libertar as pessoas da Matrix, e é o que ele faz. Morfeu é uma espécie de griot, um mais velho, um sábio que orienta, mas também um líder político, um cientista, um filósofo e psicanalista, sempre focado no despertar dos seres humanos presos a realidade virtual simulada.

É genial o recorte do filme acima, quando Morfeu provoca Neo no exercício do seu processo de conscientização sobre as realidades virtual e real. “O que é real? Como define real? Se você se refere ao que pode sentir, cheirar, provar e ver, então real são apenas sinais elétricos interpretados pelo o seu cérebro.

Minhas preocupações e motivações para a escrita deste ensaio traduzem, em síntese, uma análise preocupante da forma como se aprende a realidade em que vivemos, da realidade específica em que nós, pretas e pretos, existimos. Estou partindo do pressuposto que a realidade é essencialmente o paradigma pelo qual construímos toda a nossa experiência de sujeitos históricos, políticos, sociais, espirituais, e que a cultura é o sistema operacional que fornece as ferramentas e os recursos para a construção da nossa apreensão do mundo, para a nossa interpretação do que é a realidade, de quem somos, e do que significa para nós existir no mundo. Desta forma, a cultura — que nos forma e nos informa desde o nosso nascimento, também é a limitadora das possibilidades de compreensão do real, da realidade a nossa volta. Se a nossa realidade é construída pela cultura ocidental, que têm como paradigmas o racismo e a colonialidade, então estes são dispositivos que simulam a realidade na qual todos estamos imersos.

A nossa rotina diária, somada aos nossos hábitos e ao nosso consumo, sobretudo considerando o consumo a informação (internet – redes sociais) criam condições cada vez mais difíceis para uma tomada de consciência crítica sobre a nossa própria realidade. Quero provocá-la(o) a pensar sobre quantas vezes no dia, na semana, no mês, e no ano, você “parou” tudo o que estava fazendo e fez uma reflexão profunda sobre quem você é, sobre como você constrói a sua própria realidade. Quais os critérios, motivações, intenções, que dirigem as suas ações no dia a dia automatizado, no percurso da sua casa para o trabalho, durante os afazeres do seu emprego, nos seus estudos? O que te move? O que te motiva? Qual é o sentido que faz construir as nossas intenções e ações diárias?

Provavelmente, a grande maioria das pessoas que se permitirem a esta reflexão chegarão a conclusão de que os nossos hábitos e comportamentos rotineiros, automatizados, não permitem que reflitamos sobre ela própria. A nossa rotina é massacrante, via de regra não temos tempo para parar e refletir exercitando tomadas de consciência. Fazemos o que fazemos, porque é necessário fazê-lo. Estudar, trabalhar, produzir, performar, em qualquer área, esta é a lógica. Aprendemos, melhoramos, e produzimos, mas não para nós mesmos. Produzimos para uma empresa, para uma instituição, para uma agenda que não é a nossa. Porém, trabalhar faz parte da nossa agenda pessoal, porque o trabalho nos permite ganhar dinheiro, e dinheiro é recurso. Até ai, tudo bem! Mas avançando um pouco mais no raciocínio, quando ganhamos nosso salário, ou no nosso dinheiro, o que ocorre? Pagamos dívidas, gastamos uma boa parte consumindo coisas que não necessariamente precisamos, investimos outra parte para consumir mais depois, e etc. E o ciclo do trabalho continua, até o próximo recebimento, e a vida segue. Qual é o significado da sua vida, da nossa vida? Trabalhar para consumir, consumir para se sentir vivo, principalmente para mostrar para as pessoas que existe, que esta vivo, e novamente trabalhar para continuar consumindo, e existindo para si e para as outras pessoas, num ciclo de vida onde consumir significa “existir no mundo”.

Se isso fizer algum sentido para você, sugiro resgatarmos a ideia de Matrix. Se o “existir no mundo” só faz sentido a partir da experiência do consumo, então poderíamos dizer que aquela condição forçada de hibernação induzida do filme é uma metáfora fiel da nossa existência. A cultura do consumo cria a realidade onde existimos. Se precisamos consumir para existir no mundo — redes sociais virtuais, fitness, shopping centers, restaurantes, aplicativos de relacionamento, aplicativos para todo fim, identidades sociais, comportamentos e tendências — então a nossa existência é artificial, e nossa percepção da realidade é uma percepção criada pelas industrias que medeiam a nossa relação com o mundo e nos faz consumidores de produtos e serviços. Nós consumimos realidades, não construímos as nossas realidades. Me parece que este é o significado de existir neste mundo Matrix que vivemos.

CONTINUA…:

 

Por José Evaristo S. Netto – Educador, dedicado aos estudos sobre corporeidade, cultura, identidades, sociocognição, racismo e colonialidade. Mestre em Educação Física.

A consciência negra e a profecia

“O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz[…]Tu arrebentaste as suas correntes de escravos, quebraste o bastão com que eram castigados; acabaste com o opressor que os dominava, assim como no passado acabaste com os midianitas.”(Is 9:2; 9:4)
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Isaías 9 é conhecido como o texto da profecia do caminho para a libertação, que aponta para o salvador de um povo, para o nascimento da esperança que vai libertar o povo de Deus. E é uma das profecias mais esperadas e importantes relatadas na Bíblia. Ele começa falando que existe um povo que caminhava nas trevas,um povo que vivia na terra da sombra da morte, essa profecia se direcionava a esse povo, a um povo que o medo e a morte dominava seu território, dominava sua história. Porém, esse povo viu uma grande uma Luz,essa luz era tão concreta que a visão da luz começa com o arrebentamento das correntes de escravos, a profecia dizia que esse povo viu sua libertação, ou a destruição do julgo que os oprimia. Era a grande primeira mensagem de Isaías sobre a luz que pairava sobre o povo que era escravizado e oprimido. A profecia continua dizendo que a destruição ela não é somente sobre a escravização mas também sobre a vara de castigo do opressor. Veja, a profecia de Isaías aponta para as quedas de todas as construções humanas que matavam o povo que vivia na terra da sombra da morte. Deus tira o açoite das mãos do opressor, Deus lança luz sobre o povo que estava em condição de escravização, Deus destrói todo o sistema que sustenta a opressão desse povo.

Isaías conclui dizendo que tudo isso vai se tornar realidade “porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado”, a profecia ela se cumpre porque é a manifestação da encarnação de Deus, onde Jesus nasce a vara do castigo do opressor é destruída,quando Jesus nasce o povo que vive no vale da sombra da morte, é escutado, o sangue dos que morrem nos morros, nas favelas chega até os olhos do Eterno. A consciência negra ela é instrumento do cumprimento da profecia, ela é um apontamento para a integralidade da missão do evangelho. A consciência negra, é a prova de que parte da humanidade não deixou a profecia cair. Que sejamos profetas e que destruamos todas as ferramentas de opressão que o homem construiu.

Por Jackson Augusto –  Coordenador do Movimento Negro Evangélico do Estado de Pernambuco. Estuda Ciência da computação em Universidade Federal Rural de Pernambuco (Ufrpe Oficial).

Foto: @saulonicolai

Projeto: @favelagrafia

Texto: @afrocrente

O que é Kwanzaa?

Celebração criada nos anos 1960 nos Estados Unidos resgata vínculo entre comunidades da diáspora africana e suas origens.

Na agenda das festividades de fim de ano, destaca-se uma celebração que tem início no dia 26 de dezembro e só termina no primeiro dia do ano seguinte: a Kwanzaa.

Ao longo de uma semana, descendentes de países africanos se reúnem, principalmente nos Estados Unidos, para celebrar a cultura ancestral e discutir princípios como a união, o trabalho coletivo e a fé. Fazem refeições conjuntas, há danças e músicas africanas, trocas de presentes e uma cerimônia de velas.

A festa é baseada em tradições pré-coloniais de países como Egito e Etiópia, em especial associadas à colheita. Ela propõe uma recriação do vínculo entre as comunidades da diáspora africana e suas raízes. O nome Kwanzaa vem de “matunda ya kwanza”, que significa “primeiros frutos” em suaíli, língua falada por 50 milhões de pessoas no mundo.

No dia 26 de dezembro de 2017, o presidente norte-americano Donald Trump emitiu um comunicado oficial celebrando o início da festa. No mesmo ano, o Google fez a contagem das velas virtualmente, assim como fez com a festa judaica de Chanuká (lê-se “rá-nu-cá”).

Nos EUA, onde foi criada, a Kwanzaa foi bastante popular nas décadas de 1980 e 1990, com respaldo da mídia e do comércio norte-americano, onde eram facilmente encontrados cartões e objetos comemorativos. A canção “Happy Kwanzaa”, do cantor de soul Teddy Pendergrass, é um registro desse período. Ela faz parte do álbum “This Christmas I’d Rather Have Love”, de 1998.

Junto com Natal e o Chanuká, a Kwanzaa compunha a tríade dos feriados mais populares de fim de ano, embora não tenha nenhuma orientação religiosa específica. Há muitas famílias que celebram tanto os sete dias da Kwanzaa como outros eventos religiosos.

Recentemente, o número de participantes da Kwanzaa diminuiu nos Estados Unidos. Em entrevista à NPR (rádio pública americana) em 2012, o professor da Universidade Duke Mark Anthony Neal mencionou uma pesquisa que mostra que 2% dos norte-americanos afirmam celebrar a data. Ainda assim, o país é o lugar onde mais se comemora a festa, que foi difundida para outros lugares da diáspora africana, como Caribe, Colômbia e Brasil.

Por Laura Capelhuchnik – Via NEXO

Imagem: SOULCHRISTMAS

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Um Natal Ubuntu

A palavra Africana Ubuntu está enraizada na espiritualidade. Sua tradução em português é Humanitude. Talvez Nós, no natal, vivemos um pequeno momento onde compartilhamos uma comunhão recheada de comidas, bebidas, presentes, e vivemos uma comunidade interligada e Interdependente, mas apenas para aqueles momentos natalinos. Acabando as festividades do natal nos separamos e vamos para nossas casas e o natal acaba. Mas, o Natal Ubuntu é muito maior do que estes gestos,  é a chamada a tornar-se família em torno da grande mesa de Deus. 

Todo dia é Natal no Ubuntu, neste espírito poderemos viver o verdadeiro significado do Natal diariamente e durante o ano inteiro. O Natal é uma época para lembrar o incrível dom de Jesus e de reconhecer a humildade e Humanitude do Messias, o Emanuel: Deus conosco. O Ubuntu é o espírito natalino de amor, misericórdia e compaixão é um estilo de vida para aqueles que vivem  a conexão e Interdependência com todos e todas. Ao tentar encontrar palavras para explicar o que exatamente este “espírito de Natal”  percebe-se que é resumido em Ubuntu, a Filosofia Africana que diz: “Eu sou porque nós somos”, reconhecendo a incrível conexão e Interdependência da Humanitude  e a própria vida com outra pessoa. 

Nosso sentimento de conexão e reconhecimento de Humanitude compartilhada são especialmente prevalentes durante o período natalino, é quando a nossa compaixão e empatia chega no pico. A época de Natal é provavelmente o mais próximo que muitos de nós chegamos da grandeza do Ubuntu. 

A capacidade de fechar os olhos para os pobres, doentes e oprimidos que é infelizmente comum em nossa sociedade não é possível neste Natal Ubuntu. A chamada para alimentar os famintos, vestir os nus, os sem-teto e viver em plena Humanitude nos 365 dias do ano é o espírito natalino do Ubuntu. Mantemos os nossos olhos bem abertos para ver a injustiça e a desigualdade do mundo ao nosso redor, e responder com a mesma compaixão que temos durante o Natal.  

Eu me pergunto o que aconteceria “se o Natal Ubuntu e não o natal do consumismo ou materialismo ou tradicionalismo fosse o nosso Natal?“. De fato teríamos mais paz, compaixão e amor durante todo o ano para com todos e todas. Como Gálatas 5.22 e 23 nos lembram: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio”. 

Natal Ubuntu nos convida para esse fruto do Espírito, onde nossos atos altruístas e o amor que muitas vezes nos acompanham na época de natal não seja apenas reservado para o mês de dezembro. O Natal do Menino Deus chegou!  Que possamos abraçar Ubuntu e deixá-lo guiar nossas vidas para além desta época do Natal e dizer nesses 365 dias de Natal “Eu sou porque nós somos“. 

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut


https://afrokut.com.br/blog/o-que-e-ubuntu/

Manifesto de apoio à Yalorixá e ativista pelos direitos humanos Mãe Beth de O’xum

O Movimento Negro Evangélico em Pernambuco, manifesta apoio à Yalorixá e ativista pelos direitos humanos Mãe Beth de O’xum, mulher íntegra, comprometida com a promoção da justiça social para a população negra.

No último dia 17 de Novembro, após expressar sua indignação (que para nós não é apenas individual, mas coletiva), diante das sistemáticas práticas racistas perpetradas contra o povo de terreiro, e protagonizada por alguns pastores evangélicos, Mãe Beth de O’xum está sendo processada por membro (ou membros) da banca evangélica estadual que alega se sentir ofendido com as palavras da sacerdotisa.

Reconhecemos na manifestação da Mãe Beth de O’xum uma expressão da condição de injustiça social em perseguição e intolerância religiosa sofrida pelos povos de religiões matrizes afro-brasileiras. Pois sabemos que, segundo dados do Dique 100 (2018), as religiões de matrizes africanas, umbanda e candomblé são as principais vítimas do racismo religioso habitualmente cometido por pessoas ou grupos ditos cristãos no Brasil. Diante disso, e até o presente momento, desconhecemos projetos e ações propostas ou criadas pelos acusadores de Mãe Beth, e das bancadas evangélicas de modo geral, para eliminar esse tipo prática criminosa que é recorrente no segmento de seus adeptos religiosos.

Sublinhamos ainda, que defendemos o princípio de laicidade do Estado Democrático, a liberdade de expressão, o respeito à diversidade religiosa em todas as suas manifestações e expressões, e o combate veemente a qualquer prática racista e sexista, seja ela originada de um único líder religioso ou de um grupo deles. Nós do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco somos população negra, respeitamos a trajetória da religiosidade e fé de matriz afro-brasileira para a resistência e sobrevivência do povo negro até os dias atuais e na construção de sociedade brasileira.

Recife, 23 de Novembro de 2019.
Colegiado do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco.

Eu fico com a Revolução Protestante

 

Reforma protestante, movimento europeu, pensado a partir da política, do estado e da religião. Movimento que começa com Lutero inspirado em parte na igreja da Etiópia, porém a partir de um pensamento supremacista, onde existia só uma verdade. A reforma começou com uma inconformidade da igreja estar junto ao poder do império, da igreja fazer política a partir dos opressores, da igreja ser instrumento que impedia o pobre, o órfão a viúva e o estrangeiro de ter acesso a teologia, de produzir teologia ou até de falar com legitimidade da sua experiência com Deus.

Dentro da reforma existia os movimentos mais radicais, porém esses movimentos mais populares formado por camponeses, pobres e gente da periferia europeia foi silenciado, foi colocado como “Quase reformados”. A reforma se conformou, por isso para muitos ela começou com Lutero e terminou em Calvino. Pois a reforma, e aqui não falo mais do momento histórico e restritamente europeu, coloco aqui a reforma como um processo na verdade revolucionário dos seguidores de cristo na história, processo que rompe com os supremacistas, com os acumuladores, com o poder religioso que matou e silenciou os que subvertiam a ideia de poder, o poder da partilha, o poder concreto de amor, que nos leva a sermos vistos como perigosos para o império. O poder da denúncia diante de um Estado que violenta o povo em nome de Deus.

A igreja de Cristo não pode reformar uma construção humana que em suas bases de fé não estão todos os povos e nações, não podemos “dar um jeitinho”, pois sabemos o motivo pelo qual os Negros não contribuíram na reforma protestante e muito menos na contra reforma católica romana, sabemos que uma torre de babel foi construída na história da igreja, querendo que todos tivessem um só rosto, uma só cultura, e essa cultura que foi escolhida ela é dita como civilizada ou como cultura santa e de Deus, existe um corpo que foi construído nessa torre e esse corpo que é mais santo, ele tem um cabelo que não é a aparência do mal e que é aceito por Deus, não podemos cantar em Iorubá, pois se não estaremos invocando demônios, pois nessa torre que foi construída existem idiomas “cultos” e ricos. Essa é a construção da torre de babel não podemos continuar essa construção ou simplesmente reformá-la.

Eu recuso a reforma protestante, eu a recuso não por ignorar a sua importância diante da história da igreja, eu não a recuso por não me achar produto do protestantismo, mas a recusa é porque na história da igreja de Cristo e da relação com Deus. A diversidade ela é a única que nos traz harmonia, ela é fruto do pentecostes, ela é fruto do mover do Espírito. Eu fico com a revolução protestante, ela não começa com Lutero e muito menos depende do calvinismo, pois na revolução Deus derruba a torre de babel. O Deus da trindade, que é um mas também são três, que são diversos, que são equivalentes, esse Deus ele se levanta contra a uniformidade, ele se levanta contra a supremacia, o seu Espírito derrama sobre nós o sentido da diversidade, ele nos incentiva a descentralizar nossos poderes, a partilhar nossas experiências e a partir disso termos uma unidade. Eu recuso a reforma protestante, porque nela as vozes femininas, LGBTs, Pobres e Negras não tiveram vez. Eu não me reconheço nessa história, porém Martin Luther King, James Cone, Jacquelyn Grant, Rosa Parks, Nelson Mandela, Desmond Tutu, Agostinho José Pereira, William Seymour e tantas outras vozes ecoaram revoluções de protestos contra essa hegemonia, contra essa torre de babel, contra as construções humanas de supremacia dentro da fé cristã. Pois existe só uma tradição, a nossa tradição está em Cristo, na encarnação de sua missão, de sua caminhada e de seus valores.

Somente a justiça! Somente a liberdade!

Somente o amor! Somente a equidade! Somente a diversidade!

Por Jackson Augusto –  Coordenador do Movimento Negro Evangélico do Estado de Pernambuco. Estuda Ciência da computação em Universidade Federal Rural de Pernambuco (Ufrpe Oficial).

Veja a série de artigos sobre a Reforma Protestante Negra 

A filosofia Ubuntu no filme Rei Leão

No filme Rei Leão, nos deparamos com a filosofia Ubuntu. Como é de se imaginar, todo o filme se passa no continente africano. Mesmo lugar do nascimento da filosofia Ubuntu. Além da filosofia, o filme Rei Leão é repleto de elementos da cultura de toda a África.

No inicio do filme a filosofia Ubuntu  é mostrada no discurso de Mufasa. O pai, quando decide mostrar o reino para o filho, escolhe cuidadosamente as palavras para exemplificar o ciclo da vida e, acima de tudo, como um rei deve respeitar esse equilíbrio.

Mufasa: Tudo o que você vê existe num delicado equilíbrio. Como rei, você precisa compreender esse equilíbrio e respeitar todas as criaturas, desde a formiga rastejante ao antílope que salta.

Simba: Mas pai, não comemos os antílopes?

Mufasa: Sim, Simba, mas me deixe explicar. Quando morremos, os nossos corpos se tornam grama e os antílopes comem a grama. E assim estamos todos conectados no Grande Ciclo da Vida.”

Uma coisa muito curiosa no filme Rei Leão é a relação da espiritualidade com o personagem Rafiki. O mesmo é quem nos apresenta esse lado mágico e espiritual do universo do filme. Assim, descobrimos que a natureza se comunica de alguma forma com ele sempre que algo relevante precisa ou está prestes a acontecer.

Além disso, Rafiki nos ensina que os animais acreditam e conseguem se comunicar com os seus reis do passado. Um conceito espiritual e religioso muito interessante e semelhante ao que podemos ver em Pantera Negra, da Marvel.

Mas o que isso tem a ver com Ubuntu? Bem, como estamos vendo, Ubuntu se relaciona com o equilíbrio, com garantir que tudo corra bem para todos e entender que ninguém pode nada sozinho. É basicamente isso que Rafiki procura fazer, garantindo que o ciclo da vida continue de forma harmônica. Sempre que algo está prestes a atrapalhar isso, ele aparece.

Seja para lembrar a importância de se governar corretamente, como para nos mostrar que devemos aprender com os erros do passado e garantir um presente e futuro melhor para todos. Isso é Ubuntu! Parte do artigo  “A filosofia Ubuntu no filme Rei Leão” – Mochila & Prosa

Afrokut

Imagem: Aprendendo o Ubuntu desde criancinha.
Fonte: Brand South Africa.


https://afrokut.com.br/blog/o-que-e-ubuntu/

Racismo na Igreja Batista brasileira

O RACISMO À BRASILEIRA DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA DE 1871 à 2019

(Nota de repúdio do Movimento negro evangélico do Brasil)

A primeira igreja Batista do Brasil, surgiu em 1871, na cidade de Santa Bárbara do Oeste. Ela foi fundada por pastores do Sul dos EUA, que eram escravagistas, não só trouxeram escravizados como tem relatos oficiais de cartas de pastores Batistas recomendando seus colegas a plantarem igrejas no Brasil. Por ser um país em que tinha um sistema escravagista, muito próximo com o Sul dos EUA.

Nunca houve carta da CBB pedindo perdão as irmãs e irmãos negros brasileiros, A CBB deve perdão pela sua omissão durante o processo da escravidão no país. A CBB nega o racismo institucional vigente na estrutura da organização atualmente. A mais poderosa instituição batista do país tem como seu principal evento para a juventude, o congresso Despertar, ele ocorre bienalmente. Pela primeira vez na história da denominação uma edição do evento trataria do tema “decolonizando o olhar: O racismo atinge a igreja?”. Com a presença de Marco Davi e Fabíola Oliveira. Até que um pastor branco que reside na Flórida começou a perseguir os convidados. Então a CBB, entrou em contato com a coordenação da juventude Batista brasileira, ordenando desconvidar o Marco e a Fabíola.

O evento contava com 35 mesas de debate e a ÚNICA em que os preletores foram desconvidados foi a que tratava sobre racismo. Na tentativa de amenizar a situação, transformaram a mesa de debate, em uma roda de diálogo. Agora, analisem seriamente a situação. Houve uma roda de diálogo sobre racismo, dentro de um ato/processo de racismo institucional. Após toda a exposição dos convidados, ainda assim, houve uma conversa sobre o tema.

O Movimento Negro Evangélico do Brasil entende o ato, como uma violação principalmente aos convidados que foram expostos e humilhados institucionalmente. Convidados estes, que são referência como ativistas dentro do movimento negro, de fé evangélica. Entendemos que as pessoas negras que participaram do processo de construção também foram violadas ao ter que obedecer uma atitude racista da instituição. Se querem nos colocar uns contra os outros, estaremos em posição de repreensão e exortação em amor. Porém, também com muita indignação, pois onde o ódio está sendo servido devemos nos levantar da mesa e ir comer com os que foram odiados.

O movimento negro evangélico entende que o racismo institucional se configura explicitamente como uma violação dos direitos humanos e um pecado estrutural, além de que, em nossa constituição Racismo se configura crime. A reconciliação só é possível através do arrependimento. Rogamos ao Eterno que o espírito de justiça caia sobre toda injustiça praticada. Entendemos que todos que têm sede e fome de justiça, se levantam profeticamente para denunciar e combater o Racismo nesse país.

Movimento Negro Evangélico do Brasil

O racismo atinge a Igreja quando a instituição religiosa opera o racismo

CANCELAMENTO DA JORNADA DE CONTEÚDO “DECOLONIZANDO O OLHAR: O RACISMO ATINGE A IGREJA?”

Hoje recebi uma ligação me comunicando sobre o cancelamento da mesa onde eu e o pastor Marco Davi Oliveira falaríamos sobre o pecado do racismo.
Não foi uma ligação diretamente da coordenação da Juventude Batista Brasileira, mas foi uma ligação autorizada pela instituição, em consonância com decisão tomada pela Convenção Batista Brasileira.

Depois de uma semana de difamações e maledicências envolvendo meu nome e minha caminhada na direção do debate interreligioso pela promoção do respeito com adeptos das religiões de cosmovisão africana e da dignidade de mulheres e homens pretos que são alvo do racismo religioso praticado pela instituição evangélica brasileira, foi deliberado o silenciamento de nossa fala.

Foi uma cruzada covarde: isso precisa ficar marcado!
Um ataque orquestrado por membros de um setor extremamente conservador que usou de de falas minhas isoladas e retiradas de seu contexto original para desqualificar a minha pessoa e minha jornada enquanto mulher preta cristã.
Temos tudo documentado. Textos em diversos grupos de Whatsapp, no brasil inteiro, com único e exclusivo objetivo do meu silenciamento.

Mas a jornada segue, minhas irmãs e irmãos!
Um debate que era pra durar uma hora e meia em um congresso, está durando mais de 100 horas.
Um debate que se dá, ainda tímido, nas igrejas locais, toma o brasil todo.
O Pecado do Racismo, que tem sido algoz, silencioso e violento algoz, de servos e servas de Deus dentro das denominações, hoje é desmascarado.

A pergunta foi respondida.
O racismo atinge a Igreja quando a instituição religiosa opera o racismo.

Mas… que tempo bom vivemos hoje!
Tempo em que Jesus torna nítido e público que o interesse de retomar o dom profético da Sua Igreja é Dele.
Então, toda e qualquer perseguição passa a fazer sentido para nós que acreditamos no Cristo da Cruz.

Aos que tem me sustentado em oração, gratidão profunda.
Seguimos em fé e em Amor sendo Igreja de Jesus, para além da violência e omissão da instituição.

Seguimos em Amor.
Não no que é vrívolo e dependente dos nossos arroubos sentimentais.
Mas no Amor que é decisão diária na direção do nosso próximo.
NO AMOR QUE LANÇA FORA TODO O MEDO

Por Fabíola Oliveira