Intolerância religiosa e a física quântica

Uma maneira muito fácil de aprender sobre a física quântica é através das Religiões de Matriz Africana (oriunda das religiões tradicionais africanas e das religiões afro-americanas). Olhando o pensamento e praticas das religiões de matriz africana as teorias quânticas de repente tornaram-se interessantes e as religiões de matriz africana ainda mais. Para compreendermos essa ligação vamos começar pelas três leis da termodinâmica (leis físicas da transferência de energia) sobre a morte, essas leis descreve com precisão a visão dos nossos antepassados sobre o mundo. As ideias africanas sobre a morte são incrivelmente similares às leis das teorias quânticas.

A primeira lei da termodinâmica afirma que a energia não pode ser criada ou destruída. É apenas transformada.

As religiões de matrizes africanas acreditam que a vida não acaba com a morte. Na verdade, a morte é um novo começo que permiti que as pessoas transcendam diferentes reinos. Não existe uma linha sólida entre a vida e a morte. E o mundo dos vivos e o mundo dos mortos nem sempre são mutuamente exclusivos. Nossos antepassados entendiam a energia, muito antes do Ocidente.

A segunda lei envolve um conceito mais complicado chamado entropia.

Entropia mede informações que tendem a diminuir ou aumentar durante um longo período de tempo. Isso significa que algumas das civilizações mais antigas do mundo possuem as informações mais indisponíveis. A informação no mundo de hoje é conhecida como energia. Nossos antepassados o chamavam de “Axé”(de asé, termo iorubá que significa “energia”, “poder”, “força”). Eles o chamaram de Asé, e eles descrevem a morte como a diminuição do poder, Força Vital ou Asé. Eles acreditavam em diferentes níveis de vida e morte. Se alguém estava sofrendo infortúnio, isso significava que sua força vital ou Asé, estava diminuindo.

A terceira lei afirma que, quando a energia diminui para zero, a entropia ou o caos se tornam mais constantes.

Isso ocorre porque os átomos só podem armazenar uma quantidade limitada de informações. Isso significa que a falta de dados é possivelmente armazenada em anti mundos ou realidades paralelas. Nossos antepassados entenderam que a morte não altera ou acaba a força vital de um indivíduo, mas faz com que ele mude sua condição. Como um corpo que se desintegra em uma sepultura, a informação, Força Vital ou Asé começa a se transformar em uma força coletiva chamada “antepassados”.

Muitos conceitos na antiga ciência africana correspondem às ideias da física moderna. Através da ciência da física quântica vamos mudar paradigmas e quebrar preconceitos, ações fundamentais para a superação da intolerância religiosa.

Por Hernani Francisco da Silva – Ativista Quântico  – Do Afrokut

Adaptado do artigo The African Science of Deathde  de Yamaya Cruz – http://newafricanspirituality.com

Sojourner Truth – Pregadora, abolicionista e feminista

Sojourner Truth

Pregadora, abolicionista e feminista (1797-1883)

“O que nós damos aos pobres, nós emprestamos a Deus”

Autor: Robert Ellsberg

Tradução: Flávio José Rocha da Silva[2]

        Sojourner Truth nasceu como escravizada em Hurley, Nova York, por volta do ano 1797 (seu proprietário não registrou a data exata do seu nascimento). Seus pais a chamaram de Isabella, um nome que ela abandonou aos quarenta e seis anos quando sentiu o chamado para ser uma profetiza e pregadora.

        O seu primeiro idioma foi o holandês, o mesmo falado pelo seu proprietário. Este fato marcaria o seu inglês com um forte sotaque, da mesma forma como as suas costas foram marcadas pelas surras que recebeu no cativeiro quando ainda era uma criança. Quando jovem, ela foi comprada e vendida várias vezes. Alguns dos seus proprietários eram relativamente bondosos, enquanto outros eram severos e cruéis. Ela foi a nona criança dos seus pais, mas nunca chegou a conhecer os seus irmãos ou as suas irmãs porque todos foram vendidos para donos diferentes.

        Apesar dos sofrimentos de Isabella, a sua mãe a educou com a crença em “um Deus que escuta e vê todas as coisas que você pensa e faz.” Ela também lhe dizia, “Quando você apanhar, for tratada com crueldade ou estiver em apuros, você deve pedir ajuda a Deus. Ele sempre escutará você e lhe ajudará.” Assim, por toda a sua vida Isabella manteve um diálogo contínuo com Deus. Anos mais tarde ela começava as suas pregações coma a frase, “Crianças, eu falo com Deus e Deus fala comigo.” Ela contava os seus sofrimentos para Deus e Deus lhe disse que ela seria livre.

        Ainda jovem, Isabella foi dada em casamento para um escravo mais velho com quem ela teve cinco filhos. Numa manhã de 1926, ela fugiu da fazenda do seu dono e escapou da escravidão. Levou com ela apenas a filha bebê e deixou as outras quatro crianças para trás.

        Isabella trabalhou como empregada doméstica em Nova York por vários anos. Em 1843 ela se convenceu de que Deus a estava chamando para uma grande missão. Então ela saiu de Nova York caminhando com poucas possessões dentro de uma fronha de travesseiro e sem destino certo, mas determinada a ser uma pregadora. Com sua nova condição de liberdade, ela sentiu que era chegada a hora de mudar o seu nome de escravizada. Depois de apelar por inspiração a Deus, ela escolheu o nome de Sojourner Truth, o que refletiu o seu chamado para viajar “para cima e para baixo por aquela terra, mostrando às pessoas os seus pecados e sendo um sinal para elas.”

        Com o novo nome, ela começou um ministério da palavra itinerante, pregando as escrituras que ela tinha aprendido praticamente de coração e pronunciando o julgamento de Deus contra os males da escravidão. A sua autobiografia, A narrativa de Sojourner Truth, a qual ela ditou e publicou em 1847, tornou-se uma poderosa arma para a causa abolicionista.  Porém, tão eloquente e efetiva como uma pregadora como ela era no movimento anti escravidão, Truth dividiu as suas energias com o crescente movimento pelos direitos das mulheres. Muitos abolicionistas eram desconfiados com o movimento feminista e ficaram preocupados que a luta contra a escravidão fosse comprometida se estivesse ligada a uma causa não muito popular como o feminismo. Sojouner insistia que não eram assuntos separados. “Se os homens de cor tem os seus direitos e as mulheres de cor não, os homens de cor serão os proprietários das mulheres e isso será tão ruim quanto a situação anterior,” ela dizia.

        Em um tempo em que aquele país estava cada vez mais dividido sobre o assunto da escravidão, as pregações de Truth eram repelidas com violência. Porém, ela nunca deixou que o medo ou os conflitos a silenciassem. Muitas vezes ela conseguiu  acalmar um público hostil com o seu senso de humor. Quando alguém da multidão certa vez a importunou gritando, “Sua velha, eu não me incomodo com a sua pregação mais do que eu me incomodaria com a mordida de uma pulga.” Então ela respondeu, “Com a vontade de Deus, eu continuarei incomodando você.”

        Sojouner nunca duvidou que a escravidão um dia chegaria a fim. Quando o famoso abolicionista Frederick Douglas um dia findou a sua fala com uma frase desencorajadora, Truth interveio de forma direta e segura dizendo, “Frederick, Deus está morto?” Quando o conflito sobre a escravidão levou os Estados Unidos para uma sangrenta guerra civil, ela colocou as suas energias para apoiar os esforços da guerra, especialmente em visitas às tropas formadas por negros que estavam no Union Army. Em 1864 ela viajou até a capital Washington para encontrar com Abraham Lincoln e encorajá-lo na luta contra a escravidão. Tocada pelo sofrimento de muitos ex-escravos que se amontoavam em campos de refugiados sujos em Washington, ela decidiu ficar na capital e trabalhar para melhorar aquelas condições. Sojouner estava lá quando a guerra acabou em 12 dezembro de 1865 e o Congresso ratificou a Décima Terceira Emenda Constitucional abolindo a escravidão nos Estados Unidos.

        Truth continuou a sua luta por liberdade e igualdade até o dia que morreu em 26 de novembro de 1883, com a idade de 86 anos. Ela era aclamada como uma das mais influentes mulheres do seu tempo, mesmo sendo uma mulher negra analfabeta, uma ativista política sem uma sede ou escritório e uma pregadora sem as credenciais para a sua visão holística sobre o Deus da justiça.

        Em uma das suas mais famosas pregações em uma reunião sobre os direitos das mulheres e respondendo aos homens que tinham falado de forma condescendente sobre as fraquezas das mulheres e a consequente subordinação destas aos homens, ela disse,

Eu tenho arado, plantado e colhido e nenhum homem podia ganhar de mim. E não sou eu uma mulher?  Eu dei à luz a cinco filhos e vi quase todos eles serem vendidos como escravos e quando eu chorei com a dor de uma mãe ninguém me escutou a não ser Jesus. E não sou eu uma mulher? Então aquele pequeno homem de preto ali diz que as mulheres não podem ter tantos direitos quanto os homens porque Cristo não era uma mulher. De onde veio o seu Cristo? De onde veio o seu Cristo? Veio de Deus e de uma mulher! Os homens não tinham nada a ver com ele.

Poucos dias antes de morrer, Truth disse para uma amiga, “Eu não vou morrer, querida. Eu vou para casa como uma estrela cadente.” A sua estrela ainda brilha.

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[1]ELLSBERG, Robert. Sojourner Truth. In All saints: daily reflections on saints, prophets, and witnesses for our time. Cross Road: New York. 2000. pp. 514-516.

[2] Flávio José Rocha da Silva é Missionário Leigo de Maryknoll  e doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP.

Afrokut

7 Leis Quântica do Kemet que mudarão sua vida

Existem sete Leis ou Princípios Universais através dos quais tudo no Universo é governado.  São antigos ensinamentos (Keméticos) do antigo Egito Negro (Kemet), encontrados em todas as terras e em todas as religiões, o seu apelo é universal. O Universo existe em perfeita harmonia em virtude dessas Leis.

Das Sete Leis Universais, as três primeiras são leis eternas e imutáveis, o que significa que são Absolutas e nunca podem ser mudadas ou transcendidas. Elas sempre existiram e sempre existirão. As outras quatro leis são leis transitórias e mutáveis, o que significa que elas podem ser transcendidas ou pelo menos “melhor usadas” para criar sua realidade ideal.

Depois de entender, aplicar e alinhar-se com estas Leis Universais, você experimentará transformação em todas as áreas da sua vida além daquilo que você já ousou imaginar.

Aqui estão 7 leis quântica do Kemet que mudarão sua vida:

1. A Lei do Mentalismo (Imutável):

A primeira das sete leis universais nos diz que “O Universo é Mental”. Que tudo o que vemos e experimentamos no nosso mundo físico tem sua origem no invisível, no domínio mental. Esta lei nos diz que existe uma Consciência Universal da qual todas as coisas se manifestam. Todas as energias e assuntos em todos os níveis são criados e subordinados à Mente Universal Onipresente. Sua realidade é uma manifestação do seu espírito. É o verdadeiro poder da mente.

Se você entende que tudo é mental, você sabe que pode assumir o controle de seus pensamentos e emoções e então você pode mudar seu mundo interior para mudar seu mundo exterior.

2. A Lei da Correspondência (Imutável):

A segunda das sete leis universais nos diz “Como acima, assim abaixo, como abaixo, então acima”. Isso significa que existe “harmonia, concordância e correspondência” entre os domínios físico, mental e espiritual. Não há separação, já que todo no universo, incluindo você, vem da Consciência Universal. O mesmo padrão é expresso em todos os planos da existência do elétron desde a estrela mais pequena até a maior e vice-versa. Tudo é um. O  Templo de Luxor, e outros templos em Kemet, referiu-se a esta grande lei de correspondência na inscrição “Conhece-se a si mesmo e conhecerás todos os mistérios dos deuses e do universo”.

Se você assimilar isso, você pode entender e liberar muitas emoções positivas e negativas. Esta lei permite que você veja cada problema como um conjunto de “manifestações”. Quando você entende e influencia esses eventos, nada dá a impressão de ser impossível para você.

Princípio da correspondência: “O que está no topo é como o que está na parte inferior

3. A Lei da Vibração (Imutável):

A terceira das sete leis universais nos diz que “Nada repousa; tudo se move, tudo vibra. A terceira e a última das leis universais imutáveis nos diz que “todo o universo é uma vibração”. A ciência confirmou que tudo no universo, incluindo você, é uma energia pura que vibra em diferentes frequências.

O axioma “como energia atrai energia”, em que a lei da atração se baseia, tem sua base nesta lei. Tudo o que experimentamos com os nossos cinco sentidos físicos é transportado através das vibrações. Isso também se aplica ao domínio mental. Seus pensamentos são vibrações. Todas as suas emoções são vibrações onde o “amor incondicional” (no sentido do amor por outro) é o mais alto. Você pode aprender a controlar suas vibrações mentais à vontade. Este é o verdadeiro poder do pensamento.

Ao entender este princípio, você também sabe que uma mudança na vibração causa uma mudança na manifestação. Isso significa que você pode influenciar positivamente sua vida, alterando sua vibração.

4. A Lei da Polaridade (Mutável):

A quarta das sete leis universais nos diz que “Tudo é duplo; tudo tem dois extremos; semelhantes e diferentes têm o mesmo significado; os pólos opostos têm uma natureza idêntica, mas graus diferentes; os extremos se tocam; Todas as verdades são apenas meias verdades; Todos os paradoxos podem ser reconciliados. “

É também a primeira das leis universais mutáveis ou transcendentes. Isso significa que há dois lados para tudo. As coisas que aparecem como opostas são, na verdade, dois extremos da mesma coisa. Por exemplo, calor e frio podem parecer opostos à primeira vista, mas, na verdade, eles são simplesmente graus da mesma coisa variável. O mesmo vale para o amor e o ódio, paz e guerra, positivo e negativo, bom e mal, sim e não, luz e escuridão, energia e matéria. Transforme seus pensamentos do ódio para o amor, do medo para a coragem conscientemente aumentando suas vibrações. Isto é o que é dito nos antigos Ensinamentos Keméticos chamados de arte da Polarização.

Levante-se acima da lei da Polaridade: Este princípio da dualidade pode parecer muito real em sua vida, mas só funciona nos reinos físicos e mentais, e não no reino espiritual onde tudo é um. Como é dito no Bhagavad-Gita dos “Dravidas“, sempre enfatizando o “bem”, mesmo quando as coisas parecem “muito mal”, ao longo do tempo, você se eleva acima da lei da Polaridade. Se você entender esse princípio, você sabe que vai mudar sua vibração, então você pode se mover de um pólo para outro.

5. A Lei do Ritmo (Mutável):

A quinta das sete leis universais nos diz que “Tudo flui dentro e fora; tudo tem duração; tudo evolui e então degenera; o balanço do péndulo se manifesta em tudo; A medida da sua oscilação à direita é semelhante à medida da sua oscilação à esquerda; o ritmo é constante. “

É a segunda das leis universais mutáveis ou transcendentais e isso significa que existem movimentos pendulares em todos. Este princípio pode ser visto no funcionamento das ondas oceânicas, no aumento e queda dos maiores impérios, nos ciclos econômicos, no balanço de seus pensamentos de ser positivo ou negativo e em seus sucessos pessoais e suas falhas. De acordo com esta lei, quando algo chega a um ponto final, o movimento para trás começa quase imperceptivelmente até que todo o movimento para a frente seja totalmente invertido, então o movimento para a frente começa de novo e de novo, o processo é repetido.

Aumentando-se acima da lei do ritmo: Para transcender a oscilação do pêndulo, você deve estar ciente do início sutil do movimento para trás em um dos seus esforços, seja para melhorar sua saúde, suas finanças, seus relacionamentos ou qualquer objetivo que você deseja começar. Quando você sente que a lei está começando a fazer você se afastar, não tenha medo e não desanime. Em vez disso, sabendo que você é um Espirito Onipotente Universal  para o qual nada é impossível, mantenha seus pensamentos centrados em seus resultados e lute para ficar positivo, não importa como essa lei transitória o atraia. Mesmo que seus esforços falhem, pense na garantia de que, ao abrigo desta mesma lei, o movimento ascendente deve começar de novo. Com o tempo, sua perseverança será recompensada por movimentos para trás que se tornam menos negativos em relação aos seus saltos anteriores e você escala mais alto.

Se você entender esta lei, você sabe como usar este movimento do pêndulo para sua vantagem; Quando as coisas estão indo bem, você aproveita o máximo, e quando as coisas dão errado, você neutraliza esse movimento para sofrer o mínimo possível.

6. A Lei da Causa e do Efeito (Mutável):

O sexto das sete leis universais nos diz que “Toda Causa tem seu efeito; Todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a lei; Chance é apenas um nome dado à lei desconhecida; há muitos planos de causalidade, mas nada escapa à lei “

De acordo com esta lei, todos os efeitos que você vê no seu mundo externo ou físico têm uma causa muito específica que tem sua origem em seu mundo interior ou mental. Esta é a essência do poder do pensamento. Cada um de seus pensamentos, palavras ou ações define um efeito específico em movimento que se materializará ao longo do tempo. Para se tornar o mestre de seu destino, você deve dominar sua mente para tudo em sua realidade em uma criação mental. Saiba que não há nada como chance ou sorte. Estes são simplesmente os termos utilizados pela humanidade na ignorância desta lei.

Suas intenções são criadas instantaneamente: a lei da causa e efeito se aplica aos três planos da existência – o espiritual, o mental e o físico. A diferença é que a causa espiritual  os efeitos são instantâneos, pois parecem inseparáveis, enquanto nos outros planos do nosso conceito de tempo e espaço, ele cria uma incompatibilidade entre a causa e o possível efeito. Saiba que quando você se concentra nos objetivos escolhidos com a intenção de usar a visualização criativa, o que você quer criar no mundo físico se manifesta automaticamente no mundo espiritual e com perseverança, prática e continuando a focar seus pensamentos, também virá a materializar-se no mundo físico.

Como isso muda sua vida: se você entender esta lei, você sabe que o acaso não existe e que você pode influenciar sua vibração, subir para um nível diferente, mudar a polaridade, se tornar o mestre de seu destino.

7. A lei do Gênero (Mutável):

A última das sete leis universais nos diz que “O Gênero está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o gênero se manifesta em todos os planos.”

Esta lei universal mutável  é evidente em toda a criação nas chamadas coisas opostas que podem ser encontradas não apenas em seres humanos, mas também em plantas, minerais, elétrons e pólos magnéticos para citar alguns. Tudo e todos possuem os elementos masculinos e femininos. Entre as expressões externas das qualidades femininas estão o amor, a paciência, a intuição e a gentileza, e as qualidades masculinas são energia, autonomia, lógica e inteligência. Saiba que em todas as mulheres estão todas as qualidades latentes de um homem e em todos os homens o de uma mulher. Quando você sabe disso, você saberá o que significa ser completo.

Se você entende esta lei, você sabe como reconhecer a ação do masculino e do feminino em você e nos outros, bem como em tudo o que o rodeia. Você pode então criar livremente, liberando o “poder para gerar” desse princípio.

Fonte das 7 leis do antigo Egito Negro:  Livro A Ciência do Ser – Eugênio Fersen, 1923; Estudo da filosofia hermética do antigo Egito e da Grécia, baseado nos ensinamentos místicos de Hermes Trismegisto, 1908. Claire C.  – Esprit Science Métaphysiques.com, 2016.

Por:  Hernani Francisco da Silva –  Do Afrokut


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O que é Futurismo Quântico Negro?

Futurismo Quântico Negro-FQN (Black Quantum Futurism-BQF) é um coletivo literário e artístico composto por Camae Ayewa e Rasheedah Phillips. É também um nome para o conjunto de estruturas teóricas e metodologias afro futuristas proposto pelo coletivo.

O coletivo publicou um livro intitulado “Black Quantum FuturismTeoria e Prática (Volume 1)“, que propõe “uma nova abordagem para viver e experimentar a realidade através da manipulação do espaço-tempo para ver possíveis futuros e / ou colapsar o espaço-tempo em um futuro desejado para produzir a realidade desse futuro”.

O livro argumenta que as interpretações mecânicas quânticas do tempo, do espaço-tempo, da causalidade e das interações estão mais de acordo com os entendimentos afrocêntricos desses mesmos fenômenos do que com os ocidentais e que as metodologias,  que fundem essas idéias serão capazes de contrariar os eurocêntricos, os colonialistas, e as estruturas e concepções da realidade. A música de Moor Mother (projeto musical solo de Ayewa) aplica metodologias do Futurismo Quântico Negro à composição musical e manipulação eletrônica de sons.

Na pratica o Futurismo Quântico Negro dá a você o controle sobre o seu futuro, permitindo que você altere a direção do seu destino. Quando um futuro possível é previsto ou escolhido por um praticante do FQN  esse futuro remodelará instantaneamente sua relação com o passado. Esta visão e prática deriva suas facetas, princípios e qualidades da física quântica, das tradições futuristas e das tradições culturais negra / africana de consciência, e tempo-espaço.

No ponto em que essas três tradições colidem, existe um plano criativo que permite que as pessoas africanas e afro-descendentes realmente vejam “dentro de si”, criem ou escolham o futuro iminente. A partir de uma multiplicidade de futuros possíveis, uma prática do FQN permite que um visionário veja o futuro com clareza, controle seu futuro, altere a direção do seu destino, e colapse-o em sua realidade existente. É a herança de um praticante do Futurismo Quântico Negro manipular o tempo, ver o futuro e trazer esse futuro.

Em junho de 2016, As fundadoras do Futurismo Quântico Negro abriram o Community Futures Lab, um “centro comunitário afrofuturista” no norte da Filadélfia, onde lideram oficinas e ensinamentos, onde proporcionam espaço para a prática artística e combatem a gentrificação*  na área.

*Gentrificação (do inglês gentrification) – fenômeno que afeta uma região ou bairro pela alteração das dinâmicas da composição do local, tal como novos pontos comerciais ou construção de novos edifícios, valorizando a região e afetando a população de baixa renda local.

Por Hernani Francisco da Silva – Ativista Quântico – Do Afrokut

508 anos do Protestantismo e escravidão no Brasil

Os principais agentes da imigração norte-americana para o Brasil foram pastores protestantes do Sul dos EUA. O aceno de encontrar terras em abundância com mão-de-obra escrava certamente foi decisivo para que famílias inteiras, acostumadas a um estilo de vida escravista, se deslocassem do sul dos EUA para o sudeste brasileiro. A exemplo do Rev. B. Dunn, que via no Brasil uma nova Canaã, a terra prometida onde os confederados derrotados na Guerra de Secessão poderiam reconstruir suas vidas, seus lares e suas propriedades incluindo a mão-de-obra escrava. Pelo menos cerca de 2000 a 3000 sulistas se deslocaram para São Paulo.

O fundamentalismo das denominações protestantes dos EUA se transformou em terreno fértil para justificativas da escravidão, que buscavam embasamento doutrinário para apaziguar a consciência dos escravocratas do sul. Citando a história de Noé, identificavam a maldição de Cam, por ter surpreendido o patriarca nu e embriagado, como a maldição dos negros.

De uma maneira geral os protestantes no Brasil só tomaram uma posição contra a escravidão quando à abolição já era unanimidade na sociedade brasileira. Mesmo os poucos protestantes que se posicionaram favoráveis à abolição o faziam como uma questão moral e religiosa. Eram incapazes de atitudes mais concretas, que de fato propiciassem soluções ao problema do escravismo, que até os nossos dias tem gerado grandes conseqüências, onde grande parte da população negra vive a margem da sociedade. Os negros se viram largados no interior de uma sociedade fundada em bases racistas. Libertos foram preteridos do mercado formal de trabalho em nome de um projeto elitista de branqueamento do país. Tiveram que disputar com o imigrante europeu até mesmo as mais modestas oportunidades de trabalho livre, como a de engraxate, jornaleiro ou vendedor de frutas e verduras, transportadores de peixe e carregadores de sacas de café, etc. As mulheres garantiram a sobrevivência da família trabalhando, tanto ontem como hoje, como domésticas, faxineiras, babás, doceiras, cozinheiras, lavadeiras e outras atividades similares. E a igreja ainda no seu silêncio.

Mas para compreendermos melhor a relação do protestantismo brasileiro com a escravidão negra devemos fazer algumas considerações históricas sobre quem são essas igrejas e qual era a suas posições perante a escravidão.

Luteranos:

As primeiras comunidades luteranas de imigrantes alemães se estabelecem no Brasil a partir de 1824. Das correntes luteranas, a maior e mais antiga no país é a Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil. Posteriormente surgem outras correntes luteranas, como a Igreja Evangélica Luterana do Brasil, vinda dos Estados Unidos (EUA) no início do século XX.

Dos luteranos sabemos que os primeiros escravos negros da Colônia Alemã Protestante de Três Forquilhas entraram por volta de 1846, por iniciativa do pastor Carlos Leopoldo Voges. Outros colonos protestantes copiaram seu exemplo (Mittmann, Hoffmann, König, Grassmann, Kellermann, Jacoby, Schmitt e outros).

Metodistas:

Primeiro grupo de missionários protestantes a chegar ao Brasil, os metodistas tentam fixar-se no Rio de Janeiro em 1835. A missão fracassa, mas é retomada por Junnius Newman em 1867, que começa a pregar no oeste do estado de São Paulo. A primeira igreja metodista brasileira é fundada em 1876, por John James Ranson, no Rio. Entre outros ramos, destacam-se a Igreja Metodista Livre, introduzida com a imigração japonesa, e a Igreja Metodista Wesleyana, de influência pentecostal, estabelecida no Brasil em 1967.

Os metodistas, defensores dos direitos humanos e da abolição do escravismo na Inglaterra e nos EUA, no Brasil acomodaram-se ao ambiente escravista e quase nada fizeram com repercussão pública, em favor dos escravos. Conforme um estudo sobre o metodismo brasileiro durante o período que antecedeu, ou mesmo depois da “libertação dos escravos,” a Igreja Metodista jamais chegou a defender oficialmente sua posição em relação à escravidão no Brasil.

Presbiterianos:

A Igreja Presbiteriana do Brasil é fundada em 1863, no Rio de Janeiro, pelo missionário norte-americano Ashbel Simonton. Em 1903 surge a Igreja Presbiteriana Independente. Há ainda outros grupos presbiterianos, como a Igreja Presbiteriana Conservadora (1940) e a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (1966).

Os primeiros Presbiterianos, também sulistas, conservaram-se por muito tempo fiéis à lembrança de sua causa nacional, um destes missionários presbiteriano sulista se havia conservado tão firme em suas convicções que, quando em 1886 o presbiteriano Eduardo Carlos Pereira publicou uma brochura em favor da abolição da escravatura, ele escreveu um verdadeiro tratado anti-abolicionista.

O pastor presbiteriano Eduardo Carlos Pereira em 1886 publicou um folheto de 46 páginas denominado “A Religião Cristã em sua Relação com a Escravidão”. Nas páginas finais do folheto ele pede aos crentes para libertarem os seus escravos. Hoje, mais de um século da publicação do folheto profético do pastor Pereira, as igrejas continuam no seu silêncio.

Batistas:

Os batistas chegam ao país após a Guerra Civil Americana e se estabelecem no interior de São Paulo. Um dos grupos instala-se em Santa Bárbara d’Oeste e funda, em 1871, a Igreja Batista de Santa Bárbara, de língua inglesa. Os primeiros missionários desembarcam no Brasil em 1881 e criam no ano seguinte, em Salvador, a primeira igreja batista brasileira. Em 1907 lançam a Convenção Batista Brasileira. Em meados do século, surgem os batistas nacionais, os batistas bíblicos e os batistas regulares.

Os primeiros colonos batistas eram favoráveis e foram proprietários de escravos. Em Santa Bárbara D’Oeste, primeiro núcleo batista, o trabalho escravo existiu como mão-de-obra usada na agricultura e em tarefas domésticas. Os colonos batistas eram senhores de escravos, a exemplo da Senhora Ellis, dona de um sítio e que providenciara hospedagem nos primeiros meses ao casal de missionários W. Bagby, fundador da Primeira Igreja Batista do Brasil.

Anglicanos:

A Igreja Anglicana, de origem inglesa, chega ao Rio de Janeiro em 1818. A vinda de missionários norte-americanos de denominação episcopal (nome da igreja nos Estados Unidos) impulsiona a fundação, em 1890, em Porto Alegre (RS), da Igreja Anglicana Episcopal do Brasil, que une as igrejas de origem inglesa e norte-americana. Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande tornam-se os centros do anglicanismo no país. Em São Paulo ganha espaço entre os imigrantes japoneses. Com pequena representação no Brasil, conta hoje com cerca de 10 mil fiéis e sete dioceses.

A Igreja Anglicana no Brasil foi conivente com o comércio de escravos em que a Inglaterra esteve envolvida desde o século XVI. Houve uma espécie de anuência ou acomodação diante do fato, isto é, por parte de comerciantes anglicanos, sua participação como membros, ao comercializar e possuir escravos. No seu relato sobre o Brasil, o Rev. Robert Walsh, capelão anglicano que acompanhou a missão inglesa do Lord Strangford, entre 1828 e 1829, descreve e opina a respeito da escravidão no Brasil, nada deixou mais chocado o clérigo do que constatar que seus concidadãos ingleses participavam e usufruíam do “nefando comércio”, lucrando com a escravização de mulheres e de seus próprios filhos, como presenciou na estrada da Tijuca, no Rio de Janeiro, relata: “ele passa a vender não só a mãe de seus filhos como os filhos propriamente ditos, e com tanta indiferença como se tratasse de uma porca com a sua ninhada”.

Os anglicanos da Christ Church, situada no Rio de Janeiro, não só eram donos de escravos, como fizeram batizar nos ritos da Igreja Anglicana os pequenos escravos nascidos em seu poder. Seguindo uma prática dos senhores de escravos brasileiros que batizavam suas peças aos montes, dando-lhes nomes cristãos, os anglicanos também buscaram cristianizar seus escravos. No livro de registros de batismo da Christ Church em 24 de janeiro de 1820, está assentado o batismo de “Thereza, filha de Louisa -escrava negra, nativa de Manjoula, África- propriedade de James Thonton”, um comerciante inglês. Em 11 de maio de 1820 foram batizados 11 escravos do fazendeiro Robert Parkere. Há registros de batismos de escravos domésticos de John Alexander em 1830 e do Coronel Skerit em 1833.

Em 1835, durante a revolta dos escravos malês, ocorrida em Salvador, dos 160 acusados, 45 eram escravos de ingleses anglicanos residentes no bairro da Vitória. Em testamentos e inventários de anglicanos que morreram na Bahia na segunda metade do século XIX, constatou-se também a presença de proprietários de escravos, tais como os senhores Eduardo Jones que tinha 6 escravos domésticos; o Sr. George Mumford que possuía 11 escravos que trabalhavam na sua roça no Acupe e Sr. George Blandy, que possuía 4 escravos.

Congregacionais:

A origem dos congregacionais no Brasil está no trabalho missionário realizado pelo casal Robert Reid Kalley e Sarah Poulton Kalley, que chegaram à cidade do Rio de Janeiro. O Dr. Robert Kalley, escocês veio para o Brasil como missionário, criando no dia 10 de maio de 1855 a primeira Igreja Evangélica de estilo congregacionalista e de fala portuguesa no Brasil: A Igreja Fluminense. Existe hoje no Brasil dois grupos de igrejas congregacionais: a União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil e a Aliança das Igrejas Congregacionais do Brasil.

O congregacional Robert Kalley expulsou um membro da sua igreja por não ter libertado os seus escravos.

Desde sua chegada ao Brasil, em 10 de maio de 1855, Kalley não fazia distinção racial na proclamação do evangelho. O início da missão kalleyana demonstra fato pouco divulgado sobre sua estratégia da missão: uma semana após Sarah iniciar o projeto de escola dominical junto a crianças de Petrópolis, em 26 de agosto de 1855, Kalley começou a lecionar em classe bíblica de negros. A proposta de missão do casal era no mínimo atípica – evangelizar crianças e negros – atingir os que eram negligenciados pela igreja oficial e pela igreja de imigração.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

500 anos da Reforma Protestante e outros 500 do primeiro carregamento de negros africanos na América.

Em 1517, Carlos V, Rei da Espanha, a pedido de Las Casas um padre dominicano,  autorizou a exportação de quinze mil escravos para São Domingos. Assim em 1517, o padre e o Rei iniciaram, no mundo, o comércio americano de negros e a escravidão. Também em 1517 o Padre Martinho Lutero publica as suas 95 teses, que deram início à Reforma Protestante. Infelizmente as 95 teses de Lutero só  foram Contra o Comércio das indulgências e não contra o comércio de seres humanos, que era também um grande mal impregnado na Igreja Católica.

escravidão negra começou com o tráfico africano no século XV, na mesma época do inicio da Reforma Protestante, por iniciativa dos portugueses, com a exploração da costa da África e a colonização das Américas. Os demais impérios coloniais rapidamente aderiram à prática da compra e venda de seres humanos, no célebre “comércio triangular” entre a África, a América, e a Europa.

No entanto, o tipo de escravidão que se deu nas Américas, logo após seu descobrimento por Cristóvão Colombo, em 1492, era praticamente inédita, baseada no subjugamento de uma raça, em razão da cor da pele.

O “despovoamento” das Américas e, conseqüentemente, a escassez de escravos, fez surgir o primeiro carregamento de negros africanos para suprir a falta de escravos nativos, que viria a ser conhecido como o comércio transatlântico de escravos, foi iniciado a pedido do bispo Las Casas e autorizado por Carlos Vem 1517. Las Casas teria depois rejeitado todas as formas de escravidão e tornou-se um grande protetor dos direitos indígenas. Nenhuma condenação papal ou protestante, sobre o tráfico de escravos transatlântico foi feito na época.

Os missionários católicos, como os jesuítas, que também possuíam escravos, trabalharam para aliviar o sofrimento dos escravos americanos nativos do Novo Mundo. Debate sobre a moralidade da escravidão continuou por todo este período.

Apesar de uma forte condenação da escravidão pelo Papa Gregório XVI, em sua bula emitida em 1839, condenando e proibindo a escravidão de negros. Alguns bispos norte-americanos continuaram a apoiar os interesses escravistas até a abolição da escravatura.

A questão do cristianismo e escravidão tem vivido um intenso conflito. No protestantismo enquanto os abolicionistas cristãos eram uma força principal na abolição da escravatura. Escravistas cristãos usavam passagens da Bíblia para justificá-la e manter o sistema escravocrata. A Bíblia era utilizada por ambos os defensores pró-escravidão e abolicionistas para apoiar as respectivas posições.

A cristandade na Idade Média viu a escravidão tradicional desaparecer na Europa e sendo substituídos pelo feudalismo. Mas este consenso foi quebrado nos estados escravistas dos Estados Unidos, onde as justificativas mudaram de religião (os escravos são pagãos) a raça (os africanos são os descendentes de Cam ), em 1667, a assembléia da Virgínia aprovou uma lei que declarava que o batismo não concedia a liberdade aos escravos.

Depois que os Estados Unidos haviam vencido sua batalha pela independência, os europeus continuaram a chegar de vários países, cada grupo trazendo sua própria inclinação teológica e patrimônio cultural. Enquanto os europeus estavam imigrando para o novo país, os africanos estavam sendo sequestrados de suas aldeias, transportados em condições terríveis para as Américas, vendidos como mercadorias e usados como escravos no plantio e propriedades.

Durante o mesmo período, os povos nativos da América do Norte encontraram-se forçados a deixar suas terras tribais. A maioria das nações indígenas foi dizimada. Milhões de pessoas morreram de doenças e guerras. Os sobreviventes foram confinados em “reservas” sobre as piores terras.

Os cristãos protestantes usaram a Bíblia para defender e justificar estas realidades. A escravidão foi racionalizada, porque os africanos não eram cristãos, portanto, rotulados como “pagãos” e considerado sub-humano. A Terra Prometida do livro de Josué com o seu modelo de conquista militar foi usado para justificar as guerras contra os povos indígenas, os “cananeus” do Novo Mundo. Os Protestantes que vieram para o Novo Mundo se viam como eleitos de Deus, chamados a estabelecer o Novo Israel. Uma interpretação bíblica que estimulou uma atitude de superioridade moral e econômica dos cristãos brancos sobre todas as outras culturas.

Para justificar a escravidão negra os clérigos do Sul dos Estados Unidos baseavam seus argumentos nas Escrituras. Eles apontaram que a escravidão era instituída por Deus e fundamentada na Bíblia:

“E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos”. (Gn 9:25).

“E quanto aos escravos ou às escravas que chegares a possuir, das nações que estiverem ao redor de vós, delas é que os comprareis.
Também os comprareis dentre os filhos dos estrangeiros que peregrinarem entre vós, tanto dentre esses como dentre as suas famílias que estiverem convosco, que tiverem eles gerado na vossa terra; e vos serão por possessão.E deixá-los-eis por herança aos vossos filhos depois de vós, para os herdarem como possessão; desses tomareis os vossos escravos para sempre; mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, não dominareis com rigor, uns sobre os outros. (Levítico 25:44-46).

Assim, eles argumentaram que a Bíblia confirmava a compra, venda e posse de escravos, desde que eles não fossem cristãos e de uma raça diferente. Em vão o argumento dos cristãos do Norte: afirmando que a passagem bíblica só se aplicava ao povo judeu em sua condição particular. Os sulistas responderam “que Jesus não condenou a escravidão, nem nunca falou uma palavra contra ela. Paulo chegou a enviar um escravo para o seu mestre. Se a escravidão era um mal ou pecado, não teria Jesus ou Paulo que condená-la?”

Outros cristãos alegaram que a base de toda a vida cristã era amar a Deus com todo seu coração, mente e alma, e amar o próximo como a ti mesmo. Como alguém poderia amar o próximo como a si mesmo e mantê-lo como escravo?

Isso não impediu os sulistas argumentarem que o amor total ao próximo como a si mesmo não foi possível nesta vida. Por causa do pecado havia escravidão, que era apenas uma das formas necessárias de desigualdades. Que a escravidão não era uma injustiça, mas benéfica para os negros, a fim de “civilizá-los” e “cristianizá-los”.

Além disso, os cristãos eram instruídos a batizar os negros, a fim de torná-los cristãos. Era dever dos senhores que seus escravos se tornassem e permanecesse cristão. “O negro foi criado para servir nas fileiras da escravidão. Esse tipo de vida foi aprovado pela Bíblia”, argumentavam os eclesiásticos do sul.

Então os pastores e educadores do sul acreditavam na inferioridade do negro: “Ele não tem a capacidade ou o talento possível do homem branco. Ele não era capaz de pensar por meio de qualquer problema complexo, ou de serem treinados para executar tarefas difíceis. Não foi por acaso que o Negro estava nessa condição – ele era assim por natureza, pela criação. Ele era uma criatura inferior feito para servir seus superiores”. Qualquer tentativa de desacreditar esses pensamento estava fora da revelação bíblica e da ciência.

Pena que Martinho Lutero não incluiu nas suas 95 teses o pecado da escravidão. Talvez, se tivesse colocado, os protestantes no mundo não teria a mancha da escravidão negra nos seus 500 anos de história.

Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

507 anos do Protestantismo e a escravidão negra nos Estados Unidos

Em 31 de outubro de 2017, a reforma protestante completou 500 anos, foi uma data oportuna para a reflexão histórica do protestantismo e a escravidão negra no mundo. Neste artigo vamos pincelar alguns fatos da relação do protestantismo com a escravidão negra nas igrejas protestantes nos Estados Unidos. Primeiramente é importante frisar que as igrejas  não saíram ilesas pela controvérsia da escravidão. Quase todas as Igrejas protestantes nos Estados Unidos sofreram consequências como a divisão e o cisma. As grandes denominações chegaram até a se racharem, resultando em Igrejas “do Norte” e “do Sul”.

Vejamos alguns fatos dessa  divisão nas igrejas  norte-americanas pelo pecado da escravidão.

Os Metodistas e a escravidão:

O movimento metodista na América era conhecido como a Igreja Metodista Episcopal. John Wesley, precursor do movimento Metodista, condenava a escravidão como uma “vilania execrável”. Ele não admitia, sob hipótese alguma, que um ser humano fosse dono de outro; daí escreveu contra a escravidão e encorajava Wilberforce na sua luta no parlamento inglês contra o mal. Mas nas colônias americanas, quem trabalhava nas fazendas de arroz eram os negros e, apesar da Declaração da Independência (1776) afirmando como uma “verdade auto-evidente” que todos foram dotados pelo Criador do Direito da Liberdade, no novo país (EUA) a escravidão não foi abolida na época!

Os membros da denominação poderiam ter escravos, o clero não podia. Em 1832 James Andrew Osgood da Geórgia foi consagrado bispo, ele não tinha escravos, porém, Andrew casou com uma mulher que possuía um escravo, tornando-se um proprietário de escravo. Em 1844, Andrew viajou a Nova Iorque para a Conferência Geral Anual da Igreja Episcopal Metodista. Alguns bispos do norte levantaram a questão de Andrew ser um proprietário de escravos. Essa questão foi o estopim para a divisão da Igreja Metodista. A questão foi decidida pelo voto: 136 votaram a favor da separação, quinze votaram contra. Os sulistas criaram a Igreja Metodista Episcopal do Sul e no Norte, os metodistas continuaram com o nome Igreja Metodista Episcopal.

As poucas vozes de protesto ao sistema não foram suficientes para levantar a consciência da Igreja de modo geral; e, com o tremendo aumento da produção do algodão, para a qual pensava-se indispensável o labor negro, criou-se um argumento tanto filosófico como bíblico que apresentava a escravidão não como um mal, senão como bem positivo! Foi só de 1830 em diante que o movimento de abolição começou a crescer; e nesta luta muitos metodistas participaram plenamente.

Os Batistas e a escravidão:

Os Batistas foram à segunda das grandes denominações protestantes divididas sobre a questão da escravidão. Nas igrejas batistas do Norte, vários pastores e um grande número de leigos Batistas tornaram-se convencidos da necessidade de arrependimento imediato do pecado da escravidão.

Em 1836, os Batistas do Norte declararam a escravidão como pecado e questionaram se deveriam manter relações com os donos de escravos. Os Batistas do Sul, por outro lado, defenderam a instituição da escravidão e atacaram os abolicionistas do Norte. Os oficiais das missões batistas queriam evitar qualquer controvérsia, evitando que os trabalhos missionários das igrejas batistas não fossem prejudicados.

Os batistas da Geórgia recomendaram que James E. Reeve, um proprietário de escravos, tornar-se um missionário. Os batistas do Norte rejeitaram a ideia de um missionário escravista e se recusou a nomeá-lo. Batistas do Sul se reuniram, na Geórgia, em 1845 e formaram a Convenção Batista do Sul. Foi mais um sinal das tensões graves transversal que se desenvolveu no país antes da eclosão da guerra civil.

Rev. Basil Manly, Sr., então presidente da Universidade do Alabama (1838-1855), elaborou uma resolução defendendo a escravidão. Manly dono de uma plantação e 40 escravos, defendia a “humanidade dos escravos”, acreditava que a instituição era parte do esquema adequado de estruturas sociais do homem, e que a religião batista poderia ajudar no tratamento humano aos escravos.

Os Presbiterianos e a escravidão:

Diferente dos metodistas e batistas, os presbiterianos a separação não foi centrada em um indivíduo, mas pela ideia  da própria escravidão. Já em 1787, o Sínodo de Nova York e Filadélfia havia sugerido que os escravos fosse libertados. A questão da escravidão se alargou ainda mais a divisão entre os presbiterianos liberais (nova escola) e conservadores (velha escola). A nova escola (igrejas presbiterianas do Norte) aprovou várias resoluções condenando a escravidão. Nas igrejas presbiterianas do Sul, velha escola, se defendia a escravidão nas escrituras e considerava infiéis os abolicionistas.

O pastor presbiteriano da velha escola Robert Lewis Dabney reconhecia a escravidão permitida biblicamente e o comércio de escravos licito. Ele documentou que os nortistas, que atacava a escravidão, eram os que tinham iniciado o comércio de escravos e enriqueceram com isso. Ele também pediu a reforma da escravidão do Sul para eliminar os abusos que eram incompatíveis com a instituição da escravidão como biblicamente definido.

Os Anglicanos e a escravidão:

A relação da Igreja Anglicana no tráfico de escravos se deu através da Sociedade para a Propagação do Evangelho, em especial nas ilhas Barbados. A Igreja Anglicana, através de sua filial missionária, foi dona de uma plantação em Barbados. Os escravos do local eram marcados como gados no peito com a palavra “Sociedade”, referente à Sociedade para a Propagação do Evangelho no Estrangeiro. Os donos da plantação recebiam uma indenização por libertar os escravos, o bispo de Exeter recebeu centenas de libras por este motivo. Apesar dos esforços dos reformadores anglicanos como William Wilberforce, a Igreja era parte do problema, bem como parte da solução.

William Wilberforce, nasceu em 24 de Agosto de 1759 e morreu em 29 de Julho de 1833, foi um político britânico, filantrópico e líder do movimento abolicionista do tráfico negreiro. Nativo de Kingston upon Hull, Yorkshire, começou sua carreira política em 1780 como candidato independente, sendo deputado do condado de Yorkshire entre 1784 e 1812. Em 1785 converteu-se ao evangelicalismo, mudando completamente o seu estilo de vida e se preocupando ao longo de toda sua vida com a reforma evangélica. Em 1787, William Wilberforce conheceu Thomas Clarkson (abolicionista britânico) e um grupo abolicionista ao tráfico negreiro que incluía Granville Sharp, Hannah More e Charles Middleton, importantes nomes da época e que juntos persuadiram Wilberforce a entrar também na causa. Assim, Wilberforce  logo se destacou tornando-se líder do grupo britânico abolicionista. E liderando uma campanha no parlamento inglês contra o tráfico negreiro até a então assinatura do Ato contra o Comércio de Escravos de 1807William Wilberforce foi influente para a libertação dos negros.

Os Luteranos e a escravidão:

A Igreja Luterana foi amargamente dividida por assuntos teológicos e políticos, os mesmos problemas que dividiu a nação em uma guerra civil. A questão da escravidão foi debatida muito antes dos Estados Unidos se dividido pela Guerra Civil. “Na verdade, muito antes da criação da Confederação e o estabelecimento de uma igreja luterana do Sul, as instituições da escravidão e um crescente sentimento de distinção entre Norte e Sul tinham preparado o terreno para essa evolução.” Foi surpreendente, contudo, que a Igreja Luterana entrou no debate sobre a escravidão relativamente tardia, quando comparado a outras denominações. Os metodistas, presbiterianos, batistas ja vinha discutindo a questão da escravidão desde o final de 1700. Dentro da Igreja Luterana, um dos primeiros adversário da escravidão foi o Sínodo Franckean do Estado de Nova York.

Pregadores Luteranos do Norte denunciou o longo silêncio de suas próprias igrejas e outros sobre a questão da escravidão, e confessou que, ao tentar preservar uma falsa paz que tinham, provavelmente, contribuíram para a calamidade da guerra. (Paul A. Baglyos, Luterana Historical Society do-Newsletter Mid Atlantic, Inverno 1999)

Os luteranos do sul retiraram os seus homólogos do Norte, e em 1863 formaram uma nova organização, conhecida como o Sínodo Geral do sul. Embora muitas outras questões podem ter contribuído para a guerra, a disputa principal na Guerra Civil Americana foi a escravidão e, especialmente, a sua expansão para novos territórios ocidentais. Embora alguns luteranos no Norte eram abolicionistas radicais (o Sínodo Franckean sendo uma exceção).  A maior parte dos luteranos do sul eventualmente, apoiavam  o sistema de escravidão e a questão da escravidão havia complicado as suas relações com os seus homólogos do Norte.

Os Congregacionais e a escravidão:

O nome “congregacional” geralmente descreve o seu estilo  organizacional, que promove a autonomia da igreja local e de propriedade, enquanto que promovem companheirismo e responsabilidade entre as Igrejas a nível Nacional.

A Igreja Congregacional foi a primeira igreja da América a se levantar contra o racismo e a escravidão. Também fundou a American Missionary Society(1849) para ajudar na liberdade dos escravos.

Em 1785, a Igreja Congregacional ordenou Lemuel Haynes, o primeiro Afro-americano a ministrar na América.

Entre as denominações protestantes, os congregacionais foram os mais abertamente contra a escravidão.

Nas igrejas congregacionais não aconteceu a divisão entre igrejas do norte e igrejas do sul, acreditamos que divido o seu sistema onde cada congregação local é autônoma e independente.

Em resumo, o protestantismo nos Estados Unidos sofreu grandes consequências, como a divisão e o cisma, com o pecado da escravidão. Nas denominações metodista, batista e presbiterianos, outras questões contribuíram para o racha, mas a escravidão foi a de maior gravidade, em cada caso.  No caso dos anglicanos, luteranos e congregacionais a questão escravista tem suas particularidades, como: sua relação com a escravidão te acontecido fora dos Estados Unidos em outras colônias e até mesmo na Inglaterra que é o caso dos anglicanos; os luteranos apesar de também terem se dividido entre a questão da escravidão, entrou no debate sobre a escravidão já bem mais tarde; Entre as denominações protestantes os congregacionais foram os mais abertamente contra a escravidão, os primeiros da América a se levantar contra o racismo e a escravidão.

Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

A Paixão de Cristo e do Negro Simão

Os últimos cinco dias que Jesus Cristo passou vivo foram emocionantes. Aconteceu a sua “Paixão”, celebrada todos os anos pelos cristãos, um episódio trágico até hoje representado no mundo inteiro pelas comunidades cristãs. Neste texto vou levantar algumas questões que, como negro cristão, acredito ser interessante refletirmos na Paixão de Cristo. Uma questão a qual considero muito relevante foi a participação de Simão Cireneu. Lendo os textos bíblicos dos três evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas) que narram o episódio, quero fazer algumas reflexões que considero importante para nós negras e negros cristãos. Simão vinha do campo, o soldado romano o vê e logo o obriga a carregar a cruz; ele resiste mas é forçado. Depois que ele aceita levar a cruz, torna-se um aliado de Cristo. No percurso Simão começa a sofrer também ao ver o sofrimento de Jesus, um Simão já envolvido com Cristo.

Analisando os textos bíblicos, procuramos entender o significado de Deus ter escolhido um negro para ajudar o seu Filho nas horas mais difíceis da sua vida. O texto bíblico afirma que Simão Cireneu foi “forçado” a carregar a cruz. Será que entre as multidões que seguiam a Jesus e até mesmo entre os seus discípulos não havia nenhum voluntário pronto a ajudá-lo? Jesus não tinha condições nenhuma de subir o Monte Calvário, com seus 900 metros, e precisava de alguém para ajudá-lo. O próprio Simão Pedro, que Jesus chamou para segui-lo, foi também o primeiro a fugir da cruz, dizendo que nunca tinha visto Jesus e acompanhando todo o acontecimento de longe.

Simão Pedro foi o primeiro seguidor voluntário de Jesus, e Simão o Cireneu foi o ultimo seguidor, involuntário, antes da sua morte. Obrigado a seguir a Cristo levando a sua cruz em nome de um ato diabólico: a morte de um inocente.

Acredito que Deus tem algo a dizer com tudo isso. Voltando à nossa realidade de negros e negras, e pensando em nossos antepassados da diáspora, também percebemos que eles foram involuntários, obrigados a seguir um Cristo em nome de um colonialismo e uma escravidão diabólica. Simão Cireneu na sua experiência e encontro involuntário com Cristo veio a se tornar, juntamente com sua família, alguém de grande importância na Igreja Primitiva, conforme mencionado na Bíblia em vários textos.

Em Atos 13:1 ele reaparece como, Simeão Níger (Simão o negro); ele é um dos pastores da igreja e o homem que impõe as mãos sobre Paulo para enviá-lo ao campo missionário. O homem que um dia carregou a cruz à força agora é um dos pastores da igreja; ele assumiu a cruz. Quando os escravos negros foram trazidos forçados para a América, também foram obrigados a seguir a Cristo. Eles também resistiram, mas logo perceberam que seguir a Jesus Cristo não era aquilo que os seus opressores faziam. Eles assumiram também a cruz, e descobriram um Cristo Salvador e Libertador e já não mais o seguiam por obrigação, mas como participante da sua morte e ressurreição.

O Cristo que outrora era usado para escravizá-los agora era o Cristo da sua libertação da escravidão e racismo. Nos Estados Unidos e outros países da América isso aconteceu no período da escravidão, na colonização da África, e estamos passando ainda por esse processo no Brasil. Mas o que aconteceu com o ultimo discípulo de Cristo, Simão o Negro, também aconteceu com muitos dos nossos antepassados na África, na Diáspora na América e acontece ainda hoje conosco no Brasil.

Paixão de Cristo me fez refletir essas coisas, talvez por não conseguir ver o cristianismo como antes da conversão à minha negritude. Também cansado de ver a história sendo contada sem a nossa participação e procurando olhar com olhos negros e vivendo o processo que chamo de permanente conversão de um negro envolto em um cristianismo branco para um negro envolvido no Cristianismo de Jesus Cristo, de Salvação, Libertação e Negritude.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

Imagem: Pintura de Simão de Cirene por Theophilus de Knoxville Tennessee

É Natal Jesus nasceu em África

Os Evangelhos dizem de maneira explícita que Jesus nasceu em “Belém de Judá, no tempo do rei Herodes” (Mt 2,1 cfr. 2, 5.6.8.16), (Lc 2, 4.15), (Jo 7, 40-43).

Nos tempos antigos, incluindo o tempo de Jesus, Belém de Judá era considerado parte de  África. Até a construção do Canal de Suez, Israel fazia parte da África.

Esta visão haveria de perdurar até 1859, quando o engenheiro francês Ferdinand de Lesseps pôs-se a construir o Canal de Suez. A partir daí, foi a África separada não somente geográfica, mas sobretudo histórica, cultural e antropologicamente do que hoje chamamos Oriente Médio. Aquela milenar extensão da África passa a figurar nos mapas como se fora Ásia.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

Consciência Negra para crianças

Como ensinar “Consciência Negra” para os pequeninos dos anos iniciais?

Devemos começar falando sobre Africanidades. Apresento como sugestão uma parte de um texto meu que está numa serie de 5 livretos com pequenas histórias, com variados tipos de texto, dedicada ao Ensino Fundamental ajudando aos professores com a Educação para as Relações Étnicorraciais e Ensino da História e Cultura Africana e Afrobrasileira. Sairá em 2017…

Começando pelas africanidades fica muito mais fácil entender o que é “CONSCIÊNCIA NEGRA“. Com certeza serão adultos melhor informados sobre o que isso significa e não vão questionar sobre a necessidade de se ter consciência negra no Brasil…

Fica a dica..

AFRICANIDADES
(…)

Escutando a professora e pensando,
aos poucos fui entendendo,
Devagarzinho compreendendo
Essa tal africanidade.
É verdade !

(…)

A professora contou uma história que eu não conhecia. A história da “Árvore do Esquecimento”.

Nome diferente e triste para uma árvore não é mesmo?

Veja porque ela assim ficou sendo chamada…

“Existiu, lá no continente Africano, na Nigéria, no Porto do Benin, uma antiga e frondosa árvore. Ela ficava nas proximidades onde os africanos escravizados eram colocados nos navios tumbeiros para atravessar o oceano e chegar ao Brasil. Conta-se que antes do embarque, os homens eram obrigados a dar sete voltas ao redor dessa árvore e as mulheres nove voltas. A cada volta teriam que repetir em voz alta que esqueceriam tudo o que havia passado antes em suas vidas: sua família, sua religião, seu modo de viver, suas canções, seus valores…

Essa foi a tentativa dos escravizadores para tentar roubar as lembranças das raízes desses homens e mulheres africanos.Fazê-los esquecer sua terra natal,sua identidade,sua dignidade como pessoas. Eles pensavam que se tudo isso ficasse esquecido, apagado da mente desses homens e mulheres seria mais fácil transformá-los em escravos submissos,mercadoria pronta para ser vendida!

Mas a tentativa do ritual da “Árvore do Esquecimento” fez o efeito contrário. Escravizaram apenas o corpo pois na mente, na alma e no coração ninguém manda!”

(…)

“Os ancestrais africanos, quando fizeram a viagem forçada para o Brasil, não vieram sós. Trouxeram consigo seus rituais, seus valores,linguagens, religiões, costumes, vestimentas, canções e saberes de agricultura, metalurgia e pesca. Todos esses conhecimentos, princípios e valores foram transmitidos aos seus descendentes por meio das histórias contadas de geração em geração.”

(…)

Foi muito importante saber
Que os negros escravizados
No Brasil foram deixando
Pensamentos, crenças, idéias

Marcas de ser e viver !

Junto ao corpo escravizado
vindos nos grandes tumbeiros
carregavam, sem permissão
falares, sabores, saberes.

Viva, sua tradição !

Vivencias, crenças e idéias
ritmos, hábitos, sentimentos
comida, bebida, condimentos
modos de plantar e colher,
de tocar e de cantar !

Tudo ficou bem gravado
No coração brasileiro
são tradições, são valores
São heranças ancestrais
É a tal africanidade.

Não vou esquecer nunca mais !

Foi, nesse dia, então
Que pude melhor entender.
Que essa tal africanidade.
Com outras culturas parceiras
Teceram os fios coloridos
Da cultura brasileira !

Nessa aula eu aprendi
Uma verdadeira lição
Somos todos, os brasileiros
no sangue e na alma, herdeiros
De tradições africanas

Que bacana !
Desejo que usem a criatividade característica de professores para as atividades que poderão ser desencadeadas com esse texto. Tenho certeza de que os estudantes do 3°,4°,5° anos do Fundamental gostarão…Desde o desenhar e colorir a árvore, localizar no mapa o local dela, pesquisar na internet como está o local agora e principalmente entender facilmente o que são as Africanidades que já estão ouvindo falar em todos os lugares…

Sucesso! Se desejar mande fotos das atividade desenvolvidas para serem socializadas para outros professores mostrando possibilidades.

Por  Rosa Margarida