Uma grande contribuição bibliográfica que trata da questão negritude-protestantismo é a tese de doutorado de Elizete da Silva. Um dos temas trabalhados é a questão da discriminação racial entre os protestantes, mais especificamente, entre os anglicanos e batistas independentes. Seu recorte cronológico abrange o contexto baiano no período que vai de 1880 a 1930.
Para a autora, um dos pontos que devemos considerar, ao analisar a ética e prática protestante, é a distância que existe entre o discurso e a prática desse grupo. Isto é, “as diferenças entre o concebido teologicamente e a vivência cotidiana dos fiéis, inclusive do próprio clero”, oposição claramente observada nas documentações trabalhadas.
Elizete Silva observou que embora o discurso teológico ensinasse sobre a unidade de todos os seres humanos, sem distinção, era possível perceber posicionamentos que deixavam escapar o preconceito contra os negros e, portanto, a distinção entre as pessoas. Um bom exemplo apontado pela autora é o texto de uma revista do clero anglicano escrita em 1908, em que o articulista dizia que o negro devia ocupar seu lugar, que não era certo desejar lugares que ele não poderia ocupar e encerra dizendo:
“o problema com o negro é que ele está o tempo todo tentando obter reconhecimento, quando o que devia estar fazendo é obter algo para reconhecer”.
Outros documentos analisados pela pesquisadora, como cartas escritas por reverendos anglicanos, deixam escapar concepções racistas, por exemplo, quando descreviam a estrutura física dos negros comparando-os com animais selvagens, ou mostrando-os como intelectualmente inferiores, ou, até mesmo, como grosseiros e incapazes de boas maneiras civilizadas, etc.
Elizete Silva aclara que algumas atitudes em favor do escravo, por parte dos batistas, podiam ser percebidas. Como o caso citado pela autora, de um escravo que freqüentava a igreja batista de Salvador, mas foi proibido por seu ‘dono’ de assistir aos cultos. Diante dessa situação, os membros da igreja decidiram comprar a liberdade do escravo. Atitude que não pode ser interpretada como uma posição política dos batistas contra a escravidão, pois não houve nenhum tipo de ação coletiva nesse sentido. De acordo com a autora,
“a alforria do irmão escravo fazia parte de uma estratégia evangelística e não uma ação política mais abrangente que questionasse o escravismo enquanto sistema econômico, baseado na propriedade de seres humanos, como mão-de-obra servil.”
Após 1888, com a abolição oficial da escravatura brasileira, contraditoriamente, os batistas passam a condenar a escravidão por ser incompatível com a fé cristã. Os batistas compartilhavam da versão difundida pela historiografia oficial, interpretando a abolição como uma sucessão de medidas naturais tomadas pelos governantes, desconsiderando as lutas e resistências dos negros.
Por se centrarem na salvação das almas perdidas, poucos refletiram sobre as reais condições sociais e políticas vivida pelos negros e demais brasileiros.
Esse texto é parte do artigo: “Religião e negritude: discursos e práticas no Protestantismo e nos Movimentos Pentecostais”. Autora Cristina Kelly da Silva Pereira.
Imagem: Pregação de David Livingstone – Sociedade Missionária de Londres – Crédito: Wikimedia Commons, o repositório de mídia livre – Esta imagem é de domínio público porque seus direitos autorais expiraram e seu autor é anônimo.
Na obra “A Religião Mais Negra do Brasil”, o Pr. Marco Davi de Oliveira ressalta as transformações por que tem passado o cenário religioso brasileiro. O autor destaca forte crescimento dos evangélicos, singularmente através dos grupos pentecostais, realidade que já tem se tornado notória desde os anos 70. O autor argumenta que essa vertente protestante conseguiu alcançar a base da cultura do Brasil, provocou uma revolução o âmbito da negritude, e tem contribuído para a ressignificação de crenças presentes no contexto social.
Tem sido observado que a busca frequente pelas comunidades pentecostais por parte dos negros, tem contribuído para que o pentecostalismo figure como a religião mais negra do Brasil, e entre os fatores apontado para essa procura estão elementos ligados à forma de culto, músicas, acolhimento, interação com as pessoas, discursos, postura eclesiástica, etc.
Segundo Marco Davi de Oliveira pastor batista e coordenador do Movimento Negro Evangélico, o pentecostalismo com sua forma de culto, onde as expressões corporais, utilização de instrumentos regionais, hinos animados e participativos; propiciam a identificação da cultura negra com essa forma de protestantismo popular. Ainda segundo o escritor três aspectos da espiritualidade negra são contemplados na pentecostalidade: a espontaneidade, expansividade e a abnegação (GELEDÉS, 2009).
Marco Davi, sustenta que a igreja, especialmente a vertente chamada histórica, não deu a devida atenção às demandas raciais e sociais, e tem se mostrado indiferente ás políticas de ação afirmativa. O livro salienta, também, que essa expressividade negra dentro do pentecostalismo não significa uma participação maior em posições hierarquicamente mais elevadas dentro das igrejas e convenções.
A despeito da persistência de atitudes de demonização e inferiorização das culturas de matriz africana e afro-brasileiras e suas práticas, especialmente na esfera religiosa, a postura dos evangélicos tem alcançado mudanças ainda que não muito significativas. Tais mudanças, no entanto, representam um avanço, especialmente se considerar o histórico de resistência por parte de muitos adeptos de igrejas evangélicas, bem como a situação de exclusão e discriminação do negro na sociedade brasileira. Essa atuação evangélica tem se dado tanto no questionamento dos preconceitos, como na implementação de programas de combate ao racismo, mediante formação de frentes de resistência.
Cunha (2017), no artigo intitulado “A Superação do Racismo Também é Coisa de Evangélicos”, faz uma retrospectiva da questão do racismo no Brasil, mencionando a onda de intolerância que tem varrido o país nos últimos anos. Cunha acentua que práticas racistas se manifestam desde a existência de elevador social e elevador de serviço, até a forma agressiva com que policiais abordam “suspeitos”. Na sua visão, tais práticas são maquiadas pela ideia de uma falsa democracia racial, que insiste em negar que o racismo esteja sedimentado na sociedade brasileira. No seu discurso, Cunha se reporta aos evangélicos negros do Brasil e se reporta a vários evangélicos de tradição Metodista, Batista e Presbiteriana, reconhecendo o seu papel enquanto agentes de luta contra a desigualdade. Na sua acepção, “São fiéis que empenham suas vidas na resistência contra o racismo e na luta por justiça e igualdade, inclusive dentro das próprias igrejas e nos ensinam e inspiram” (CUNHA, 2017).
Destaco na Igreja Metodista o pastor Antônio Olímpio de Sant’Ana, fundador da Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo (CENACORA), nos anos 1980. A leiga Marilia Schuller, que serviu por 14 anos nos projetos de superação do racismo do Conselho Mundial de Igrejas, e segue em atuação. O pastor Melchias Silva, com o projeto Atitude Afro, e a busca de justiça para população negra dentro e fora das igrejas (…) As leigas Diná da Silva Branchini, Keila Guimarães e Maria da Fé Vianna, em seus esforços por ações afirmativas. As pastoras Maria do Carmo Kaká Lima e Lídia Maria de Lima, empenhadas no fazer teológico sob o olhar da mulher negra. Da tradição Batista recordo o pastor Marco Davi de Oliveira, liderança do Movimento Negro Evangélico, autor do livro “A religião mais negra do Brasil: Por que os negros fazem opção pelo pentecostalismo“. Sua parceira e esposa Nilza Valéria Zacarias, jornalista que atua na Frente Evangélica pelo Estado de Direito, ao lado do pastor Ariovaldo Ramos, também disseminador da causa negra entre evangélicos. O jovem pastor Henrique Vieira, ativista na política institucional e nas mídias alternativas, com ações e apelos pela igualdade e a justiça. O teólogo Ronilso Pacheco, ativista social e autor do livro “Ocupar, Resistir, Subverter: igreja e teologia em tempos de violência, racismo e opressão” (Editora Novos Diálogos). Entre presbiterianos, há nomes históricos, como o pastor Jovelino Ramos, perseguido pela ditadura e exilado em 1968, e o pastor Joaquim Beato, incansável propagador da busca por igualdade racial dentro das próprias igrejas. Entre os mais jovens está o pastor Eduardo Dutra, ativista do movimento negro evangélico (CUNHA, 2017).
De acordo com Santos (2015) o Movimento Negro Evangélico contemporâneo emerge nos anos70 e 80. Nesse contexto, se levantam pessoas interessadas em discutir temáticas étnico-raciais nas igrejas evangélicas. Salienta, porém, que nos anos 60 foi criada a Comissão Nacional de Combate ao Racismo e a Pastoral e a Pastoral de Combate ao Racismo, entidades criadas pela igreja Metodista. A partir daí, surgem várias instituições de combate ao racismo no seio do protestantismo, especialmente de vertente histórica.
Um dos exemplos de militância negra evangélica é o já citado Pr. Marco Davi, que lidera grupo de estudo para refletir sobre raça e evangelho, objetivando questionar e combater práticas racistas. Também foi citado anteriormente, a reconstrução de um terreiro de candomblé no Rio de Janeiro, que contou com a doação de integrantes de igrejas evangélicas.
A iniciativa desse ato foi da pastora luterana Lusmarina Campos Garcia, presidente do Conselho de Igrejas Cristãs do Estado do Rio de Janeiro (CONIC-Rio).
Esse texto é parte da Dissertação:
“O que é de Deus e o que não é de Deus:” DOCENTES EVANGÉLICOS E O ENSINO DAS CULTURAS AFRICANAS AFRO-BRASILEIRAS NAS ESCOLAS PÚBLICAS
Autor: RENILDES DE JESUS SILVA DE OLIVEIRA
Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.
O tema da identidade cultural negra sempre foi espinhoso para as igrejas evangélicas e agravou-se, nas últimas décadas, com o ataque dos neopentecostais e das igrejas de outros segmentos contra as religiões afro-brasileiras e seus símbolos.
Se, nos Estados Unidos, as igrejas protestantes negras foram um importante espaço para a tomada de consciência étnica e a luta pelos direitos civis, no Brasil, nem de longe se constituíram com esse perfil.40 Primeiro, pela própria especificidade do racismo brasileiro. Segundo, pelas dificuldades para se identificar o que pode ser definido como “heranças negras ou africanas” na chamada “cultura mestiça” brasileira. E, terceiro, pelo tipo de missão evangelizadora dessas igrejas que enfatiza a universalidade do acesso aos dons do Espírito Santo e da prática de sua fé. Não podendo haver, nesse coletivo de irmãos convertidos, ódio, diferença e discriminação por qualquer motivo, inclusive a cor da pele, a missão de conversão tornar-se-ia o principal objetivo da ação proselitista cuja consequência natural seria a constituição de uma ordem social mais justa. Essas igrejas, portanto, mesmo tendo vivido sob um regime de exceção, como o período da ditatura militar, se mantiveram, com raras exceções, impermeáveis à influência de ideologias políticas de esquerda, ao contrário da Igreja Católica, com a Teologia da Libertação e as CEBs. Na verdade, as igrejas evangélicas temiam e combatiam o comunismo por sua pregação materialista e antirreligiosa. E, mesmo em período recente, após a redemocratização, a eleição de políticos evangélicos conservadores demonstra que essa tendência se manteve no perfil das igrejas que os apoiam.
Mas a ausência de um movimento negro no campo evangélico não significa que os problemas relativos à identidade negra não sejam postos nesse campo e que ações e iniciativas não sejam tomadas por parte de lideranças e religiosos negros visando à sua organização.41
Indícios de iniciativas recentes podem ser identificados, como apontou Burdick,42 em atuações pessoais, como a de Benedita da Silva, líder negra e evangélica, que foi eleita e participou da Subcomissão dos Negros, das Populações Indígenas e Minorias da Assembleia Nacional Constituinte (1988), e coletivas, como as denúncias de racismo, ainda que eventuais, feitas nos meios de divulgação e proselitismo das igrejas evangélicas. Ou, ainda, de forma mais sistemática, na criação de grupos de reflexão e militância negra surgidos no final dos anos de 1980, por ocasião do centenário da abolição. Foi nesse período que o movimento negro procurou congregar os diversos grupos voltados para a população negra, inclusive os de confissão religiosa. Surgiram, desde então, a Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo (CENACORA), em 1985, integrada ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), e inúmeras outras organizações: Comunidade Martin Luther King Jr. (da Igreja Pentecostal Cristo em Deus), em 1985; Missão Quilombo (da Igreja Pentecostal Brasil para Cristo), em 1991; Pentecostais Negros do Rio de Janeiro etc.43 Atualmente, por meio de grupos dessa natureza, fóruns de discussão, sites de divulgação, redes sociais, como a Rede Afrokut, lançada em 2008, entre outras iniciativas, têm se configurado o Movimento Negro Evangélico. Entretanto, a desarticulação entre as tendências e a falta de consenso entre as diversas denominações têm sido alguns dos seus maiores desafios.
No livro O movimento negro evangélico, Hernani Francisco da Silva define a missão do movimento como sendo a de “promover a reflexão e o debate bíblico/teológico em uma perspectiva negra e combater toda forma de racismo”.44 Reconhece que as diversas denominações cristãs foram, ao longo da história e em diversos contextos, coniventes com a escravidão e o racismo, mas registra a existência de lideranças evangélicas que se opuseram ao racismo e, em referência a elas, o movimento evangélico poderia traçar sua origem ou buscar inspiração para atuar. Lembra, inclusive, que o iniciador do movimento pentecostal nos Estados Unidos, na primeira década do século XX, foi um pastor afro-americano, William Joseph Seymor, que acolheu em sua igreja brancos e negros indistintamente. Entretanto, os ensinamentos de Seymor teriam se perdido com a transformação causada pela presença de lideranças brancas. Para Silva, essas lideranças teriam sido responsáveis pela implementação, no Brasil, de um “pentecostalismo branco racista norte-americano de viés reformado”, no âmbito do qual os valores ocidentais brancos são vistos como superiores e os de outros povos não brancos são desqualificados teologicamente e demonizados: “Os valores e a cultura ocidental são divinos modelos para todos os povos e as outras culturas não são de Deus, são do diabo, como a cultura afro”.45
E mais, as igrejas neopentecostais reforçariam o viés racista ao introduzir pontos teológicos, como a teoria da prosperidade, maldições heréticas e batalha espiritual.
Na Doutrina da Prosperidade se mede o crente abençoado por seus bens, onde de uma maneira simplista se faz um diagnóstico da situação do povo negro: “é pobre porque é pecador e é oriundo de um continente idólatra e praticante da bruxaria”. Segundo as maldições heréticas, o povo negro é considerado uma raça maldita e para que o negro se livre desta maldição (aceitar Jesus não é suficiente) é necessário que ele faça uma espécie de cura interior se desvinculando de todos os seus antepassados, ou seja, não sendo mais negro. […] A Batalha Espiritual reforça a demonização do povo negro: se olharmos cuidadosamente nos livros que tratam do assunto […] veremos que no exército de Deus são todos brancos e louros e no exército do diabo são todos pretos e negros. (grifos meus).46
Um ponto de dissenso é exatamente o lugar atribuído às heranças africanas, principalmente às religiões afro-brasileiras, na agenda de luta do movimento negro evangélico. Ainda segundo o pastor Hernani, para muitos, a questão da demonização impede o diálogo entre igrejas e terreiros, diálogo que poderia ser uma ferramenta útil para a superação do racismo e da intolerância religiosa.47
40 Para uma comparação entre pentecostais negros no Brasil e nos Estados Unidos, cf. Marcia Contins, “Tornando-se pentecostal: um estudo comparativo sobre pentecostais negros nos EUA e no Brasil” (Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1995); Marcia Contins, “Pentecostalismo e umbanda: identidade étnica e religião entre pentecostais negros no Rio de Janeiro”, Interseções, n. 2 (2002), pp. 83-98; Marcia Contins, “Convivendo com o inimigo. Pentecostais negros no Brasil e nos Estados Unidos”, Caminhos, v. 1, n. 2 (2003).
41 Mesmo porque os grupos evangélicos têm na população pobre (e, portanto, negra) sua maior base de apoio.
42 John Burdick, “Pentecostalismo e identidade negra no Brasil: mistura possível?”, in Yvonne Maggie e Claudia Barcellos Rezende (orgs.), Raça como retórica. A construção da diferença (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002), p. 189.
43 Burdick, “Pentencostalismo”; Hernani Francisco da Silva, O movimento negro evangélico. Um mover do Espírito Santo, São Paulo: Negritude Cristã, 2011.
44 Silva, O movimento, p. 16.
45 Silva, O movimento, p. 23.
46 Silva, O movimento, p. 25.
47 Silva, O movimento, p. 26.
Imagem: Uma mulher levanta as mãos durante um culto inter-religioso na Igreja Batista Ebenezer, a igreja onde o reverendo Martin Luther King Jr. costumava pregar. David Goldman / AP
Hernani Francisco da Silva, no livro “O Movimento Negro Evangélico: um mover do Espírito Santo” relata que o panorama histórico do Movimento Negro Evangélico surgiu no Brasil em 1841, por iniciativa do recifense Agostinho José Pereira, defensor da liberdade física e espiritual do povo negro escravizado, considerado fundador da primeira igreja negra.
Segundo o autor, a partir 1970, inspirado na Teologia Negra, o Movimento Negro Evangélico contemporâneo começa a se formar, com a finalidade de trabalhar a questão racial nas igrejas evangélicas, buscando o resgate da identidade e consciência do negro sob uma visão cristã, enquanto indivíduo, em oposição à equivocada interpretação teológica das escrituras.
Silva (2011) revela que a partir de 2000, o movimento começa a criar forma através do surgimento de novas organizações em diversos estados brasileiros, voltadas para a temática de combate às discriminações raciais dentro das igrejas evangélicas, tais como:
Cenacora (Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo), Grupo de Reflexão Teológica, Teólogos Negros, AGAR (Sociedade Teológica de Mulheres Negras), Coral de Resistência de Negros Evangélicos, Ministério de Combate ao Racismo da Igreja Metodista, o Grupo de Combate ao Racismo da Igreja Batista (Centenário, Duque de Caxias, Rio de Janeiro). Fórum das Mulheres Cristãs Negras de São Paulo, Projeto Palmares da Igreja Batista – SPE, Sociedade Cultural Missões Quilombo, Negros Evangélicos do Rio de Janeiro, Ministério Azusa, GEVANAB – Grupo Evangélico Afro Brasileiro, Negros Evangélicos de Londrina e Movimento Negro Evangélico – RS.
De acordo com o Movimento Negro Evangélico, o “racismo teológico” disseminado pelos movimentos pentecostais e neopentecostais tem como objetivo principal justificar a ideia de que o branco é superior ao negro. Esse tipo de “teologia” nasceu no sul dos Estados Unidos, em meados do século XVIII, através das pregações e práticas desenvolvidas por missionários norte-americanos. Seu ideal era justificar a escravidão e as punições aplicadas àqueles que fugissem às normas de conduta da época. As sugestões variavam de açoites para os negros que erguessem a mão contra os brancos cristãos, à proibição de alfabetização e pregação do evangelho.
No mesmo sentido, Branchini (2013) afirma que mesmo após um século de abolição no Brasil, a inserção do negro no meio evangélico tem base na desigualdade sócio cultural. O negro evangélico enfrenta preconceitos que o impedem de desfrutar da mesma igualdade e liberdade dos fiéis brancos, assimilando um preconceito disfarçado. Apesar disso, a palavra racismo ainda é tabu que provoca reações diversas dentro das igrejas.
Segundo o autor o negro evangélico silencia o racismo sofrido por vergonha ou constrangimento. A religião como aspecto histórico é uma questão contraditória na formação individual e coletiva do negro, atuando como libertadora, ou como pode ocorrer no seguimento evangélico, uma força opressora no desapego de sua identidade africana, visto que a teologia neopentecostal desqualifica o viés espiritual da cultura negra.
Para Pacheco (2010) o racismo pentecostal tem bases nas ideias fundamentalistas. Entende-se por fundamentalismo qualquer movimento de doutrina conservadora, que exija obediência rigorosa e integral a um conjunto de princípios e essa norma única a ser seguida pode tornar-se ferramenta geradora de discriminações.
Segundo a autora, o fundamentalismo neopentecostal é radical, fazendo o crente colocar-se em sacrifício da causa e adotando uma postura servil, obediente e resignada, muito parecida com o comportamento dos negros durante o período de escravidão.
Contra os fundamentos e práticas adotadas pelas igrejas neopentecostais, o Movimento Negro Evangélico interpreta de forma diversa os fundamentos referentes à Maldição Hereditária, Teoria da Prosperidade e Batalha Espiritual (exorcismo e possessões demoníacas).
Em relação à Maldição Hereditária, o MNE combate a historicidade de que a escravidão defendida pelos missionários era plenamente justificada em nome de Deus, decorrente da maldição imposta aos filhos de Cam. Pelo Gênesis 9.18-27, Cam, filho de Noé, foi amaldiçoado a ser o mais baixo dos servos. Cam, palavra de origem hebraica significa queimado, preto; daí o porquê do filho de Noé ser considerado, por desventura, o precursor da raça negra, justificando a escravidão de seus descendentes, ou seja, africanos e negros em geral.
Essa interpretação das Escrituras, tendenciosa na visão do MNE, era tida como forma de conduzir os negros à redenção, através da subserviência incondicional e, principalmente, através do total rompimento com seu passado histórico (costumes, hábitos, cultura e tradições), como forma de livrar-se da maldição hereditária. No mesmo sentido, Oliveira (2004) relata que vários teólogos pentecostais defendem o pensamento que estigma Caim após matar Abel, era a maldição caracterizada pela cor negra.
De acordo com Silva (2011) as igrejas neopentecostais estão alicerçadas numa teologia fortemente racista, citando como exemplo a Teologia da Prosperidade, na qual a ideia de que crentes abençoados são ricos e os crentes pobres são amaldiçoados. Através da Teoria da Prosperidade, abençoado é aquele que acumula e ostenta bens materiais aqui na Terra. Em opinião divergente, o MNE cita que em decorrência da escravidão e proibição de acesso à educação, os negros viram-se excluídos das possibilidades de ascensão social, em razão da desigualdade e preconceito racial, difundido e assimilado no senso comum da sociedade.
Para o Movimento Negro Evangélico, o maior perigo de perseguição ao negro está centrado na Batalha Espiritual preconizada pelos movimentos neopentecostais, na medida em que a cor preta é tida como negativa e os enviados de Deus, retratados por anjos brancos que devem combater o mal representado pelos anjos decaídos, negros, conforme citado em “Este Mundo Tenebroso”, de Frank E. Peretti.
Hernani Silva (2011) acrescenta que o Movimento Negro Evangélico tem empreendido esforços na construção de uma agenda comum de estratégias para os diversos grupos espalhados pelo país, mas encontra obstáculos entre seus militantes devido aos diferentes fundamentos das denominações que integram. O autor cita como exemplo o 1º Encontro Nacional de Negras e Negros Cristãos, realizado em 2007. Nesse evento ocorreu uma divisão entre seus participantes porque um grupo defendia o pan-africanismo e o afrocentrismo, outro defendia a negritude cristã e a brasilidade.
O autor destaca que o MNE mostra-se extremamente preocupado com as perseguições sofridas por práticas racistas e intolerância religiosa contra as religiões de matriz africana, inclusive com agressões físicas, depredação de imagens do panteão africano e locais de culto.
Para dar corpo à prática da Batalha Espiritual, segundo denúncias do Movimento Negro Evangélico, a Igreja Universal do Reino de Deus criou o grupo de Gladiadores do Altar, formado por jovens preparados ao sistema militar, inclusive marcham, batem continência e gritam que estão “prontos para a batalha”, durante um culto realizado em Fortaleza, no início de 2015. Em sua defesa, a Igreja Universal do Reino de Deus afirma que esses grupos, vinculados à Força Jovem Universal, têm como objetivo a formação de novos pastores para a pregação da palavra de Deus e do Evangelho a toda criatura, conforme matéria publicada na revista eletrônica Carta Capital, em 6/4/2015, sob o título “Exército” da Universal preocupa religiões afro-brasileiras.
O Movimento Negro Evangélico, ao contrário da Igreja Universal do Reino de Deus, vê nesses grupos, verdadeiras milícias em defesa de um fundamentalismo religioso que ameaça não só as liberdades individuais, como também opção sexual e manifestações religiosas de matriz africana.
Uma das vitórias obtidas pelo Movimento Negro, de acordo com Silva (2011) está no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, comemorado dia 21 de janeiro, instituído em 2007 pela Lei Federal 11.635, em homenagem a Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum, de Salvador. A religiosa do Candomblé enfartou após ver seu rosto estampado na primeira página da Folha Universal, jornal evangélico, com a manchete “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”.
Humberto Ribeiro Duarte – Os negros do “Saravá, meu Pai” para o “Amém, Jesus”: abordagem sobre questões de fé e identidade.
Artigo extraído da dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Instituto de Filosofia, Sociologia e Política da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Sociologia.
As igrejas cristãs protestantes, popularmente denominadas de igrejas evangélicas, desde que foram introduzidas na sociedade brasileira, têm se mostrado incessíveis, omissas e silenciosas no que se refere às questões das relações étnico-raciais no país, isto é, no que diz respeito ao lugar marginal em que a população negra se encontra na sociedade brasileira desde o período escravista. Segundo argumenta Alcântara (2011, p.87), essas igrejas, “tanto históricas quanto pentecostais, contribuíram para que a situação de discriminação e marginalização dos negros no Brasil fosse por tanto tempo perpetuadas”.
Nessa perspectiva, o presente artigo tem como objetivo tecer uma análise teórico-crítica acerca do posicionamento das Igrejas Cristãs Protestantes em relação às questões do negro no país e como a escola pode contribuir com a desconstrução de uma sociedade racista. O texto toma como base, para tal análise, os estudos teóricos de autores como: Branchini (2008), Alcântara (2011), Frizotti (1998), Silva (2011) e CICM (1998), os quais discorrem sobre como as igrejas cristãs protestantes têm se posicionado, ao longo da história, aceca das questões étnico-raciais; Santos (2012a, 2012b) e Martins (2008) que abordam a questão educacional neste contexto, entre outros autores que corroboram com a discussão em questão.
Parte-se da compreensão que se trata de uma discussão que, devido à problemática em torno das culturas de matrizes africanas, tecidas e resistidas nos terreiros de candomblé, reflete a dificuldade e resistência dos cristãos em lidar com as questões étnico-raciais nos espaços de educação, não apenas nas escolas confessionais, mas também nas escolas não confessionais e em todos os espaços que estes se façam presentes. Também da premissa de que lidar com a história e cultura africana e afro-brasileira no currículo e cotidiano escolar tem sido cada vez mais difícil devido à problemática questão religiosa presente no espaço educacional. Dificuldade e resistência que tem se constituído em um empecilho para a inclusão, valorização e respeito à História e Cultura Africana, Afro-Brasileira e Indígenas no currículo e no cotidiano das salas de aulas das escolas brasileiras, como orienta a Lei 10.639/033 e a Lei 11.645/084.
Cabe destacar, no entanto, que não é a nossa intenção aqui apontar culpados pelos estigmas e as situações desiguais em que se encontra a população negra no país desde o período escravista. A nossa pretensão é trazer novas reflexões críticas que ampliem o debate sobre como as igrejas evangélicas têm se posicionado diante a situação marginal do negro no Brasil ao longo da história. Como sinalizado no primeiro parágrafo e veremos no decorrer deste estudo, tais igrejas, desde a sua implantação na sociedade brasileira, têm contribuído para a discriminação e marginalização da população negra no país. É nossa pretensão também discutir criticamente acerca da resistência dos cristãos evangélicos em lidar com a história e cultura africana e afro-brasileira dentro dos espaços educacionais, sejam eles confessionais ou não confessionais.
Contudo, antes de adentrarmos a discussão central deste estudo, é importante ressaltar que, desde a década de 1970, militantes negros/as evangélicos/as têm se movimentado em grupos organizados para discutir sobre as desigualdades étnico-raciais no Brasil. Preocupados com o lugar marginal que a população negra se encontra na sociedade brasileira, em particular com o silenciamento e omissão das igrejas cristãs para com as questões dos negros no país, têm cobrado que estas se posicionem a respeito de questões como racismo, escravidão, segregação, preconceito, discriminação racial, entre outras.
No seu movimentar, os/as militantes negros/as evangélicos/as também reivindicam que as igrejas cristãs protestantes adotem medidas de ações afirmativas dentro dos seus templos, escolas e faculdades, a exemplo de bolsas de estudos para estudantes negros/as. Promovendo, dessa forma, a igualdade de direitos e de oportunidades, pois só assim a igualdade cristã efetivar-se-á de fato dentro das igrejas cristãs protestantes e nas suas instituições de ensino. Movimentar esse que se constitui, hoje, num Movimento Negro Evangélico consolidado no país. E, assim como o Movimento Negro tradicional, busca a desconstrução do Mito da Democracia Racial na sociedade brasileira e, em particular, dentro das igrejas evangélicas.
Autores: Jurandir de Almeida Araújo e Deyse Luciano de Jesus Santos
Lélia Gonzalez, nasceu em Belo Horizonte, em 1935, foi filósofa, antropóloga, professora, escritora, intelectual, militante do movimento negro e feminista. Ao longo de quase três décadas, Lélia percorreu um número significativo de temas, valendo-se das matrizes do pensamento ocidental e africano. Tendo uma atuação de pioneirismo e liderança no movimento negro brasileiro, com importantes debates sobre o racismo e o sexismo.
Lélia Gonzalez desenvolveu um pensamento próprio do negro brasileiro explorando teorias distintas como afrocentrismo, marxismo, existencialismo. Conheça algumas Frases de Lélia Gonzalez:
Ao reivindicar nossa diferença enquanto mulheres negras, enquanto amefricanas, sabemos bem o quanto trazemos em nós as marcas da exploração econômica e da subordinação racial e sexual. Por isso mesmo, trazemos conosco a marca da libertação de todos e todas. Portanto, nosso lema deve ser: organização já!
A gente não nasce negro, a gente se torna negro. É uma conquista dura, cruel e que se desenvolve pela vida da gente afora. Aí entra a questão da identidade que você vai construindo. Essa identidade negra não é uma coisa pronta, acabada. Então, para mim, uma pessoa negra que tem consciência de sua negritude está na luta contra o racismo. As outras são mulatas, marrons, pardos etc.”
É importante ressaltar que emoção, a subjetividade e outras atribuições dadas ao nosso discurso não implicam na renúncia à razão, mas, ao contrário, num modo de torná-la mais concreta, mais humana e menos abstrata e/ou metafísica. Trata-se, no nosso caso, de uma outra razão.
Estamos cansados de saber que nem na escola, nem nos livros onde mandam a gente estudar, não se fala da efetiva contribuição das classes populares, da mulher, do negro do índio na nossa formação histórica e cultural. Na verdade, o que se faz é folclorizar todos eles.
Enquanto a questão negra não for assumida pela sociedade brasileira como um todo: negros, brancos e nós todos juntos refletirmos, avaliarmos, desenvolvermos uma práxis de conscientização da questão da discriminação racial neste país, vai ser muito difícil no Brasil, chegar ao ponto de efetivamente ser uma democracia racial.
No momento em que começamos a falar do racismo e suas práticas em termos de mulher negra, já não houve mais unanimidade. Nossa fala foi acusada de emocional por umas e até mesmo de revanchista por outras; todavia, as representantes de regiões mais pobres nos entenderam perfeitamente (eram mestiças em sua maioria).
Você tem uma gama enorme de classificação, e nada mais que um estilhaçamento da identidade da etnia subordinada. Isto é, você estabelece um continuum de cor e quanto “mais clarinho” você for, mais próximo está do poder.
O nosso herói nacional foi liquidado pela traição das forças colonialistas. O grande líder do primeiro estado livre de todas as Américas, coisa que não se ensina nas escolas para as nossas crianças. E quando eu falo de nossas crianças, estou falando das crianças negras, brancas e amarelas que não sabem que o primeiro Estado livre de todo o continente americano surgiu no Brasil e foi criado pelos negros que resistiram à escravidão e se dirigiram para o sul da capitania de Pernambuco, atual estado de Alagoas, a fim de criar uma sociedade livre e igualitária. Uma sociedade alternativa, onde negros e brancos viviam com maior respeito, proprietários da terra e senhores do produto de seu trabalho. Palmares é um exemplo livre e físico de uma nacionalidade brasileira, uma nacionalidade que está por se constituir. Nacionalidade esta em que negros, brancos e índios lutam para que este país se transforme efetivamente numa democracia.
O discurso pedagógico internalizado por nossas crianças, afirmam que a história do nosso povo é um modelo de soluções pacíficas para todas as tensões e conflitos que nela tenham surgido. Por aí pode-se imaginar o tipo de estereótipos difundidos a respeito do negro: passividade, infantilidade, incapacidade intelectual, aceitação tranquila da escravidão etc. (…) Assim como a história do povo brasileiro foi outra, o mesmo acontece com o povo negro, especialmente. Ele sempre buscou formas de resistência contra a situação sub-humana em que foi lançado.
A questão do etnocentrismo está presente em qualquer cultura. Na medida em que você é socializado, você recebeu uma carga cultural (classificação, valores, significações, etc) muito grande, e você vai olhar o mundo através dessa perspectiva crítica. Mas há “etnocentrismos” e “etnocentrismo”, mas no nosso caso, no caso negro, vemos o seguinte: as nossas instituições sempre estiveram abertas aos brancos e a recíproca não é verdadeira.
Apenas 15 mulheres negras ganharam o Oscar, 12 como atrizes e três como: melhor Figurino, melhor Direção de Arte, e Codiretora.
Começando com Hattie McDaniel – a primeira pessoa negra a ganhar um Oscar de atuação em 1940 – até Zoe Saldaña, que ganhou em 2025 o Oscar de atriz coadjuvante pela atuação em Emília Pérez. .
Segue 12 Atrizes negras que ganharam o Oscar:
Hattie McDaniel ficou famosa após vencer o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante
Oscar 1940
Hattie McDaniel ficou famosa após vencer o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel em …E o Vento Levou (1939). Com o prêmio, ela se tornou a primeira pessoa negra aganhar um troféu da principal premiação da indústria cinematográfica.
A cerimônia foi realizada na boate Coconut Grove do Ambassador Hotel, que na época tinha uma política de “proibição de negros” devido à segregação na época – Selznick teve que ‘pedir um favor especial’ para colocá-la no prédio.
Whoopi Goldberg vencedora na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante
Oscar 1991
O sucesso da falsa – e cômica – médium Oda Mae Brown, de Ghost – Do Outro Lado da Vida (1990), foi tanto que Whoopi Goldberg recebeu uma das cobiçadas estatuetas do Oscar. A estrela se consagrou vencedora na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante;
Halle Berry o prêmio Melhor Atriz
Oscar 2002
Halle Berry também fez história no Oscar. Por viver a personagem Leticia Musgrove em A Última Ceia, ela se tornou, em 2002, a primeira mulher negra a receber da Academia o prêmio de Melhor Atriz;
Jennifer Hudson Melhor Atriz Coadjuvante
Oscar 2007
Em 2007, Jennifer Hudson representou os negros no Oscar com o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante. Ela recebeu o troféu por seu trabalho em Dreamgirls – Em Busca de umSonho;
Mo’Nique venceu na categoria Melhor Atriz Coadjuvante
Oscar 2010
No Oscar de 2010, Mo’Nique venceu na categoria Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel no drama de Lee Daniels, Preciosa – Uma História de Esperança.
Octavia Spencer é eleita Melhor Atriz Coadjuvante
Oscar 2012
Na 84° edição dos Oscar, que aconteceu em 26 de fevereiro de 2012, no Teatro Kodak, em Los Angeles, Octavia Spencer levou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel da empregada doméstica Minny no filme Histórias Cruzadas.
A atriz era considerada a favorita, após ter levado o Globo de Ouro e o prêmio do Sindicato de Atores dos Estados Unidos. Aplaudida de pé, Octavia agradeceu à sua família e ao elenco do filme Histórias Cruzadas.
Lupita Nyong’o levou a estatueta de melhor atriz coadjuvante do Oscar 2014
Oscar 2014
Em seu primeiro papel em um longa, artista nascida no Quênia ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante por seu papel em “12 Anos de Escravidão“, na 86ª cerimônia de entrega do principal prêmio da indústria do cinema, no Teatro Dolby, em Los Angeles. A atriz cresceu na África e estudou em Yale, nos EUA, onde se graduou em Atuação Dramática. A atuação de Lupita em “12 Anos de Escravidão” lhe rendeu prêmios como o do Sindicato dos Atores (elenco), Globo de Ouro e ‘Critic’s Choice‘ (melhor atriz coadjuvante).
“Quando eu olho para essa estátua dourada, espero que isso lembre todas as crianças pequenas que, não importa de onde você é, seus sonhos são válidos”, disse Lupita, arrancando aplausos e lágrimas da platéia no Dolby Theatre, palco da cerimônia.
Viola Davis leva Oscar de melhor atriz coadjuvante
Oscar 2017
Viola Davisganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante no filme “Um Limite Entre Nós“, dirigido e estrelado por Denzel Washington, conta a história de um homem negro nos Estados Unidos dos anos 1950, que tenta levar adiante sua família frente ao racismo presente na época. Viola Davis é a atriz negra com maior número de indicações ao Oscar.
Esta foi a terceira vez em que Viola Davis foi indicada a uma estatueta do Oscar. Antes de “Um Limite Entre Nós”, a norte-americana concorreu como melhor atriz por “Histórias Cruzadas” (2011) e melhor atriz coadjuvante por “Dúvida” (2008).
Regina King recebe o Oscar 2019 de “Melhor atriz coadjuvante”
Oscar 2019
Regina King, de “Se a Rua Beale falasse”, ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Regina era favorita na categoria, tendo vencido em varias outras premiações de cinema.
O filme “Se a Rua Beale falasse” foi Inspirado no romance de James Baldwin sobre uma mulher grávida, Tish ( Kiki Lane), que luta para livrar o marido de uma acusação criminal injusta.
Ariana DeBose ganha o Oscar de atriz coadjuvante por Amor Sublime Amor
Oscar 2022
Ariana DeBose, que interpretou Anita na refilmagem de Amor, Sublime Amor, se tornou a primeira atriz abertamente queer (termo geralmente usado para definir pessoas que não são heterossexuais ou não são cisgênero) a ganhar um Oscar. Ela foi premiada como Melhor Atriz Coadjuvante.
Fazendo referência à música de sucesso do musical, ele acrescentou: “Para qualquer um que já questionou sua identidade, ou já se viu vivendo em espaços cinzentos, garanto que há realmente um lugar para nós”.
Da’Vine Joy Randolph, vencedora do Oscar 2024 como Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel em ‘Os Rejeitados
Na categoria Atriz Coadjuvante, Da’Vine Joy Randolph levou a primeira estatueta da carreira por seu papel como Mary Lamb em ‘Os Rejeitados’ em meio a polêmicas de plágio de roteiro.
Zoe Saldaña venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante de 2025, pela atuação em Emília Pérez.
Ao ganhar o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Oscar, a atriz americana Zoe Saldaña, filha de dominicanos, fez um forte discurso em defesa dos migrantes. “Minha avó veio para este país em 1961. Tenho orgulho de ser filha de imigrantes!
Os Provérbios Keméticos são parte muito importante na Ciência Espiritual Kemética. Estes ditos Keméticos antigos foram realizados como um método de ensino para a população em geral, escritos em papiros, esculpidos em templos, tumbas e estelas do Kemet.
As imagens ilustrativas são da designer gráfico, artista e pintora Ana Svetlana Amegankpoe, uma russa que vive no Mali.
Segue 11 Provérbios Keméticos ilustrados:
1 – O corpo é a casa de Deus.
O corpo é a casa de Deus. É por isso que se diz: “O homem (mulher) conhece a si mesmo”. (Templo de Karnak)
2 – O discípulo.
O discípulo deve experimentar em si mesmo cada estágio do desenvolvimento. E ele não saberá nada pelo qual não esteja maduro. (Templo de Karnak)
3 – Quando a classe dominante não é escolhida por qualidade.
Quando a classe dominante não é escolhida por qualidade, é escolhida por riqueza material: isso sempre significa decadência para uma sociedade alcançar. (Templo de Karnak)
4 – Sirva sua mãe e seu pai.
Sirva sua mãe e seu pai para que você possa seguir em frente e prosperar. (Ankhsheshonq)
5 – Você se libertará quando aprender a ser neutro.
Você se libertará quando aprender a ser neutro e seguir as instruções do seu coração sem deixar que as coisas o perturbem. Este é o caminho de Maat. (Templo de Karnak)
6 – A cognição vem de dentro de nós mesmos.
A cognição vem de dentro de nós mesmos, mas o Mestre dá as chaves. (Templo de Karnak)
7 – O amor e conhecimento.
O amor é uma coisa, o conhecimento é outra. (Templo de Karnak)
8 – Que o coração de uma esposa seja o coração de seu marido.
Que o coração de uma esposa seja o coração de seu marido, para que eles fiquem livres de contendas. (Ankhsheshonq)
9 – Se você se conhecer.
Se você se conhecer, considere-se como ponto de partida e volte à fonte. (Templo de Karnak)
10 – O verdadeiro ensino não é um acúmulo de conhecimento.
O verdadeiro ensino não é um acúmulo de conhecimento; é um despertar da consciência através de estágios sucessivos. (Templo de Karnak).
11 – Uma casa tem o caráter do homem.
Uma casa tem o caráter do homem que vive nela. (Templo de Luxor)
Provérbios Kemético é parte da coleção de Ensinamentos da Sabedoria e Meditação da Antiga Kemet. Uma série que reúne diversas instruções e ensinamentos da Ciência Espiritual Kemética, que é uma filosofia real baseada em princípios organizados, sistemáticos, consistentes e coerentes que estavam por toda a África.
O Reiki é praticado hoje, em todas as sociedades ocidentais e orientais. Muitas pessoas acreditam que a origem do Reiki é japonesa, criada pelo japonês Mikao Usui em 1922. Embora a forma de arte de cura do Reiki tenha sido preservada pela cultura japonesa, suas raízes remontam do Kemet (antigo Egito). O Reiki, conhecido como Sekhem, no Kemet era uma forma de Cura Kemética Antiga. O Reiki se desenvolveu ao longo dos séculos e foi ensinado como parte das práticas espirituais nos Templos do Egito Antigo (Kemet). A prática da transferência de energia pode ser vista nas obras de arte dos antigos templos Kemeticos. Como mostrado nas figuras abaixo:
O Reiki se desenvolveu ao longo dos séculos e foi ensinado como parte das práticas espirituais nos Templos do Egito Antigo (Kemet). A prática da transferência de energia pode ser vista nas obras de arte dos antigos templos Kemeticos. Como mostrado nas figuras
A etimologia da palavra Reiki:
Reiki (pronuncia-se “chave de raio”) é uma palavra japonesa que significa força vital universal. Rei significa universal e refere-se ao aspecto espiritual, à Essência Energética Cósmica que permeia todas as coisas e circunda tudo quanto existe. Ki é a energia vital individual que flui em todos os organismos vivos e os mantém. Em uma interpretação kemética: Reiki é – Rei, que significa “Sabedoria de Ra ou Re / Deus ou o Poder Superior” e Ki, que é “energia da força da vida“. Ra e Re são termos keméticos que se referem ao Criador e Sustentador da vida. Portanto, o Reiki é na verdade “energia da força vital guiada espiritualmente, proveniente do Criador / Sustentador da vida“.
Sekhem (pronuncia-se “Say-kem“) é uma palavra kemética que significa poder dos poderes e está conectado com o nosso próprio poder para a cura e o desenvolvimento espiritual. A personificação da palavra Sekhem foi encontrada na deusa leoa da guerra e da cura, Sekhmet. Também é o equivalente kemético do termo indiano Prana e as palavras Chi e Ki, usadas no Oriente para denotar a força essencial abrangente que une o universo e está presente em toda a vida. Sekhem está ao nosso redor e dentro de nós.
O Sekhem (Reiki Kemético) utiliza aspectos da Ciência Espiritual Kemética para ajudar a obter equilíbrio e harmonia positiva para todo o ser (mente, corpo e alma). Ele se concentra na liberação de energia negativa alojada no corpo astral, dentro dos Centros de Energia (Chakras) e do Campo Áurico. A energia positiva de cura é transferida de uma energia para outra, sem exigir toque. Embora haja momentos em que o toque pode ocorrer, se necessário e acordado.
Pratica do Reiki Kemético:
No entanto, hoje qualquer pessoa pode se tornar um praticante de Reiki. Basta se envolver em uma forma autêntica de Reiki Kemético, deve haver um processo sistemático de purificação espiritual. Se o processo estiver alinhado com a Ciência Espiritual Kemética, os praticantes experimentarão um crescimento mental, físico e espiritual mensurável e sustentável. Esse crescimento mensurável moldará os praticantes em autênticos praticantes poderosos do Reiki Kemético.
Benefícios do Reiki Kemético:
O Reiki Kemético proporciona diversos benefícios:ajuda reduzir o stress, relaxar, rejuvenescer, purificar, eliminar toxinas, fortalecer seu sistema imunológico, aliviar a dor física, bloqueios emocionais, ajuda na clareza da mente, a acelerar o crescimento espiritual, crescimento mental, ajuda a fazer escolhas positivas de vida e mudanças. O Reiki Kemético ajuda também na elevação de energia positiva, na liberação de energia negativa alojada dentro dos Centros de Energia (Chakras). Vibrações positivas, sonora e aromaterapia são algumas das ferramentas utilizadas no Reiki Kemético, que ajuda alcançar saúde holísticas.
Reiki Kemético no Brasil:
O Reiki Kemético no Brasil ainda é novidade, mas começa crescer, temos alguns mestres e mestras praticando, ensinando e disseminando esta ciência milenar. Hoje, o Reiki não kemético, é utilizado nos quatro cantos do mundo, inclusive em clínicas médicas e hospitais.No Brasil, o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, faz uso recorrente das Práticas Integrativase Complementares em Saúde, entre elas, o Reiki. Em janeiro de 2017, o Brasil integrou o Reiki aos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
É importante observar que o Reiki não pode substituir a alopatia. Não pode funcionar sozinho, mas pode contribuir com a renovação dos modos de aprender e praticar saúde, por meio de tecnologias leves, humanizadas, eficazes e sustentáveis, especialmente aquelas praticadas no campo da assistência primária em saúde.
Imagem de capa: Relevo da deusa Sekhmet que personifica Sekhem: proteção, cura, inteligência, visão clara, e força interior e exterior. Dando vida ao faraõ juntamente com Hórus. detalhe de uma parede esculpida no Templo Duplo de Sobek.
O Afropresentismo é o Afrofuturismo em movimento. É uma maneira de encarar o presente e as realidades alternativas através de uma lente cultural negra. O Afropresentismo é personificação do que está acontecendo no aqui e agora, nossa realidade atual. Embora o termo seja novo a palavra foi cunhada por Neema Githere, uma estudante de Estudos Africanos da Universidade de Yale, que lidera uma pesquisa sobre a cultura afrodiaspórica na era digital. Ela cunhou o termo depois de uma conversa que teve com a curadora ganense Nana Osei-Kwadwo em Accra em 2017, na qual ela disse: “África não é o futuro, é o Presente”.
“Nós estávamos lá juntos, como parte de uma viagem à Tastemakers África para o Chale Wote – a maior feira de arte de rua da África Ocidental – imersa na inconfundível energia afropresentista daquele encontro. A definição mais antiga que montei para o afro-presentismo foi um arquivamento de gênero, documentário e artes plásticas nas e através das novas mídias, na expressão de uma realidade vivida por afrofuturistas.
Nos anos desde então, minha conceituação do afro-presentismo evoluiu para algo mais amorfo – mais criptografado se poderia dizer. É um conceito que é ao mesmo tempo uma estética e um verbo. É texturizado, vibrante, sem desculpas, efêmero e simultaneamente atemporal.
No Afropresentismo, você está canalizando seus ancestrais através de todas as tecnologias à sua disposição – meditação, conversação, amor, Web – e transformando absolutamente tudo em um portal que o leva exatamente onde você precisa estar, neste momento, para o próximo. Até que finalmente, o espaço entre o sonho e a memória desmorona e se torna realidade – agora.” Neema Githere sobre Afropresentismo.
Ainda na visão da curadora Neema Githere, o Afrofuturismo é nave-mãe da qual nasceu o Afropresentismo e são diferentes.
“Penso no afrofuturismo como a visão da nave-mãe da qual nasceu o afropresentismo. É o gênero de ensino que tornou o futuro possível para nós hoje. E, ao mesmo tempo, sinto que o afropresentismo é distinto, pois não situa o futuro como um lugar de utopia escapista; ao contrário, pretende reivindicar espaço de forma corajosa e sem desculpas no Presente.
O afrofuturismo foi evocado para se referir longamente à infusão de avanços tecnológicos e experimentações na produção cultural negra. Apresento o Afropresentismo como um gênero distintivo, menos sobre o que poderia ter acontecido ou poderia acontecer; e, em vez disso, uma personificação do que aconteceu, do que está acontecendo.
O Afropresentismo diz – Agora somos o povo diaspórico africano que vive no futuro de nossos ancestrais. O que estamos fazendo com isso? Como estamos alquimizando nosso deslocamento? Como estamos ativando o passado, para colocar o presente em movimento, em direção ao futuro? Como um modo de SER no mundo, neste momento.” Neema Githere.
No Brasil, o movimento Afropresentismo teve como precursor o artista plástico recifense Samuel d’Saboia, que usa de uma estética contemporânea para redefinir a representação do negro na arte. Aqui no Brasil o afropresentismo surgiu como um contraste com o Afrofuturismo, que idealiza o negro no futuro, o Afropresentismo quer pensar o negro no Aqui e Agora.
“Nós Afro Transcendemos entramos no Afropresentismo, uma era sem limite cronológico. Gilberto Gil disse em sua música “Aqui e Agora” no álbum Refavela, em 1977, que: “O melhor lugar do mundo é aqui, / E agora / Agora onde está indefinido / Agora é quase quando”. E é isso. Se fazemos parte do presente e isso é um fato além da nossa vontade, não temos o poder de nos teletransportar para o futuro ou reviver o passado em nossos ancestrais, apenas o Afro Transcendemos a dor do passado colonial de nosso povo em energia criativa para construir o futuro que é, na realidade, o nosso presente.” Tirado do artigo Afro Transcendemos e Estamos Chegando ao Presentismo, do Culture Lime.
Para entender o Afropresentismo precisamos olhar na Ciência Espiritual Kemética. Ela nos ensina que o passado, presente e futuro são todos um. Assim, como o passado, presente e futuro estão dentro do tempo cíclico e são um. O Afropassadismo, que entendemos aqui como Sankofa, o Afropresentismo e o Afrofuturismo também são um. Mas, cada um tem seu papel em nossas vidas e são distintos.
Na visão ocidental de tempo, um evento é um componente do tempo – esse tempo existe como uma entidade em si e se move. O movimento do tempo é linear, vindo de trás de nós. Conforme o tempo passa, se você não usá-lo, ele se foi. A filosofia Kemética centrada na África opõe-se à ideia eurocêntrica de progressão linear direta no tempo, do começo ao fim.
Na visão Kemética do tempo, o movimento é cíclico e espiral, o tempo flui para trás: ele flui em sua direção a partir do futuro, e quanto mais rápida a atividade, mais rápido o tempo flui. O tempo é criado, em certo sentido. O tempo é um componente da vida e é recuperável. Se na visão Kemética o que chamamos de passado, presente e futuro são todos um, um evento no passado ou no futuro pode alterar o que chamamos de presente: mudar algo que ocorreu no seu passado, que criou o seu futuro – que agora é o presente. O Afropresentismo não vê o tempo como linear. Assim, como no Afrofuturismo, o tempo é cíclico, pode se mover em todas as direções e trata do passado, presente e futuro como uma experiência ditada pelas infinitas possibilidades da realidade a partir do Observador: o Eu Presente controlando o passado e o futuro.
Na perspectiva do Afrokut, o Afropresentismo é o Ciclo Sankofa, que está inserido na dimensão do tempo, que olha para o Passado (Afropassadismo), ressignifica o presente (Afropresentismo) e cria o futuro desejado (Afrofuturismo). Entrelaçamos aqui o Princípio do Ciclo com o Conceito Sankofa: San (voltar, retornar), Ko (ir), Fa (olhar, buscar, pegar). Nesta perspectiva, o tempo opera através do Ciclo e da Sankofa que reforça a importância de olharmos para o Presente sem nunca esquecermos nossas raízes. O Ciclo Sankofa está inserido na dimensão do tempo e navega no passado ( Afropassadismo), no presente (Afropresentismo) e no futuro (Afrofuturismo).
Enfim, penso que o Afropresentismo veio para completar o Afrofuturismo e isso é bom e Kemético. Quem vive Maat e observa os Princípios Keméticos Universais:Leis Quântica do Kemet entenderá a importância de trazer o Afropresentismo para o Afrofuturismo. Principalmente se olharmos A Lei da Polaridade, a quarta das sete leis universais que diz:
Tudo é duplo; tudo tem dois extremos; semelhantes e diferentes têm o mesmo significado; os pólos opostos têm uma natureza idêntica, mas graus diferentes; os extremos se tocam; Todas as verdades são apenas meias verdades; Todos os paradoxos podem ser reconciliados.“
Isso significa que há dois lados para tudo. As coisas que aparecem como opostas são, na verdade, dois extremos da mesma coisa. Por exemplo, calor e frio podem parecer opostos à primeira vista, mas, na verdade, eles são simplesmente graus da mesma coisa variável. O mesmo vale para o passado e o futuro ou o Afropassadismo e o Afrofuturismo.
Este princípio da dualidade e muito real em nossas vidas, mas só funciona nos reinos físicos e mentais, e não no reino espiritual onde tudo é um. O que propomos aqui é: Levanta-se acima da lei da Polaridade, o presente (Afropresentismo) em cima e passado (Afropassadismo) e futuro (Afrofuturismo) em baixo, nesta perspectiva, você (Aqui e Agora) se eleva acima da lei da Polaridade. Isto é o que é dito nos antigos Ensinamentos Keméticos chamados de arte da Polarização.
Por Hernani Francisco da Silva, do Afrokut.
Neema Githere é curadora do Quênia (Maasai-Kikuyu) e educadora de guerrilhas / artista performático. Você pode acompanhar o trabalho de Neema no [email protected] e também em www.presentism2020.com