Yoga Kemética no Brasil

Em agosto de 2019, o Mestre Yirser Ra Hotep veio ao Brasil para ministrar os primeiros cursos, em São Paulo e Rio de Janeiro, de formação de instrutores em yoga com base africana do método Yoga Skills. O Mestre Yirser Ra Hotep, é o instrutor responsável pela única certificação em Kemetic Yoga reconhecida pela organização internacional Yoga Alliance.

Uma iniciativa importante na difusão de Yoga Kemética no Brasil foi a atuação de Emaye Ama Mizani, instrutora de Yoga kemética no Rio de Janeiro. 

Ela teve primeiro contato com a Yoga kemética em 2011, quando começou a praticar através de vídeos no YouTube. Emaye Ama Mizani, teve a oportunidade de conhecer  o mestre Yirser Ra Hotep, e formou-se na YogaSkills Kemetic Yoga School.

A Kemetic Yoga ou, em português, Ioga Kemética, tem sido praticado há milhares de anos como uma forma de refinar a mente, corpo e espírito do Iniciado de Espiritualidade Africana. A Yoga Kemética é uma nova maneira revolucionária de entender e praticar a Ciência Espiritual Kemética

Na Yoga Kemética, os ensinamentos espirituais do Kemet (nome Original do Egito Antigo) assumem uma luz inteiramente nova e, à medida que os ensinamentos são estudados da perspectiva do Yoga, torna-se evidente que a Filosofia Mística do Yoga foi aplicada pela primeira vez na África antiga e mais tarde surgiu na Índia, os precursores do Yoga Kemética na Índia foram os Dravidianos, e de lá se espalhou por todo mundo. Os Dravidianos Negros lançaram as bases da cultura indiana e construíram um império próspero que durou até a invasão da cultura ariana de pele mais clara do norte. Veja a série de artigos de “Introdução ao Yoga Kemética“.

Yirser Ra Hotep

O Kemetic Yoga ressurge na década de 70, nos Estados Unidos, desenvolvida pelo Dr. Asar Hapi e, posteriormente, por seu discípulo Yirser Ra Hotep, que  é o criador do Método Yoga Skills.

Yirser Ra Hotep é o instrutor mais sênior de Kemetic Yoga nos Estados Unidos, com mais de 42 anos de experiência praticando e ensinando. Yirser esteve envolvido com a pesquisa original e a documentação do Kemetic Yoga junto com o instrutor mestre Asar Hapi nos anos 70. Ele treinou e certificou milhares de instrutores de Kemetic Yoga em todo o mundo através de sua escola, a YogaSkills School of Kemetic Yoga, e realiza passeios históricos, culturais, espirituais do Egito, Etiópia, Gana, África do Sul e outras partes da diáspora africana. O mestre Yirser Ra Hotep veio especialmente ao Brasil ministrar os cursos e certificar os novos instrutores formados.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut


Veja Também:

https://membro.afrokut.com.br/2020/10/10/introducao-ao-yoga-kemetica/


A consciência negra e a profecia

“O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz[…]Tu arrebentaste as suas correntes de escravos, quebraste o bastão com que eram castigados; acabaste com o opressor que os dominava, assim como no passado acabaste com os midianitas.”(Is 9:2; 9:4)
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Isaías 9 é conhecido como o texto da profecia do caminho para a libertação, que aponta para o salvador de um povo, para o nascimento da esperança que vai libertar o povo de Deus. E é uma das profecias mais esperadas e importantes relatadas na Bíblia. Ele começa falando que existe um povo que caminhava nas trevas,um povo que vivia na terra da sombra da morte, essa profecia se direcionava a esse povo, a um povo que o medo e a morte dominava seu território, dominava sua história. Porém, esse povo viu uma grande uma Luz,essa luz era tão concreta que a visão da luz começa com o arrebentamento das correntes de escravos, a profecia dizia que esse povo viu sua libertação, ou a destruição do julgo que os oprimia. Era a grande primeira mensagem de Isaías sobre a luz que pairava sobre o povo que era escravizado e oprimido. A profecia continua dizendo que a destruição ela não é somente sobre a escravização mas também sobre a vara de castigo do opressor. Veja, a profecia de Isaías aponta para as quedas de todas as construções humanas que matavam o povo que vivia na terra da sombra da morte. Deus tira o açoite das mãos do opressor, Deus lança luz sobre o povo que estava em condição de escravização, Deus destrói todo o sistema que sustenta a opressão desse povo.

Isaías conclui dizendo que tudo isso vai se tornar realidade “porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado”, a profecia ela se cumpre porque é a manifestação da encarnação de Deus, onde Jesus nasce a vara do castigo do opressor é destruída,quando Jesus nasce o povo que vive no vale da sombra da morte, é escutado, o sangue dos que morrem nos morros, nas favelas chega até os olhos do Eterno. A consciência negra ela é instrumento do cumprimento da profecia, ela é um apontamento para a integralidade da missão do evangelho. A consciência negra, é a prova de que parte da humanidade não deixou a profecia cair. Que sejamos profetas e que destruamos todas as ferramentas de opressão que o homem construiu.

Por Jackson Augusto –  Coordenador do Movimento Negro Evangélico do Estado de Pernambuco. Estuda Ciência da computação em Universidade Federal Rural de Pernambuco (Ufrpe Oficial).

Foto: @saulonicolai

Projeto: @favelagrafia

Texto: @afrocrente

O que é Ubuntu?

Ubuntu é uma filosofia africana que vem sendo usada desde a origem da humanidade na África. É uma palavra originária do tronco linguístico banto, não tem tradução literal para o português, trata-se de um conceito amplo sobre a essência do ser humano, como palavra mais próxima tenho usado Humanitude.

Assim Ubuntu/Humanitude é:

humanidade, bondade, compaixão, partilha, humildade, respeito mútuo e responsabilidade, interconexão, harmonia – um vínculo universal que liga toda a humanidade.

Ô Ubuntu também é Quântico. A mecânica quântica ecoa o antigo conhecimento do Ubuntu e do Kemet (Egito Negro) e outras culturas antigas em todo o mundo como:

 “a crença em um vínculo universal de partilha que liga toda a humanidade”.

Ubuntu está bem descrito em ensinamentos antigos que são analisados na ciência moderna, incluindo a noção de totalidade e similaridade, postulada no campo de física quântica por David Bohm.

A Filosofia Africana do Ubuntu afirma que estamos todos conectados e a Física Quântica está constantemente apontando para a conexão como o caminho do Universo da mesma forma que as tradições espirituais defendidas pelos antigos Africanos.

Por Hernani Francisco da Silva

O que é Kwanzaa?

Celebração criada nos anos 1960 nos Estados Unidos resgata vínculo entre comunidades da diáspora africana e suas origens.

Na agenda das festividades de fim de ano, destaca-se uma celebração que tem início no dia 26 de dezembro e só termina no primeiro dia do ano seguinte: a Kwanzaa.

Ao longo de uma semana, descendentes de países africanos se reúnem, principalmente nos Estados Unidos, para celebrar a cultura ancestral e discutir princípios como a união, o trabalho coletivo e a fé. Fazem refeições conjuntas, há danças e músicas africanas, trocas de presentes e uma cerimônia de velas.

A festa é baseada em tradições pré-coloniais de países como Egito e Etiópia, em especial associadas à colheita. Ela propõe uma recriação do vínculo entre as comunidades da diáspora africana e suas raízes. O nome Kwanzaa vem de “matunda ya kwanza”, que significa “primeiros frutos” em suaíli, língua falada por 50 milhões de pessoas no mundo.

No dia 26 de dezembro de 2017, o presidente norte-americano Donald Trump emitiu um comunicado oficial celebrando o início da festa. No mesmo ano, o Google fez a contagem das velas virtualmente, assim como fez com a festa judaica de Chanuká (lê-se “rá-nu-cá”).

Nos EUA, onde foi criada, a Kwanzaa foi bastante popular nas décadas de 1980 e 1990, com respaldo da mídia e do comércio norte-americano, onde eram facilmente encontrados cartões e objetos comemorativos. A canção “Happy Kwanzaa”, do cantor de soul Teddy Pendergrass, é um registro desse período. Ela faz parte do álbum “This Christmas I’d Rather Have Love”, de 1998.

Junto com Natal e o Chanuká, a Kwanzaa compunha a tríade dos feriados mais populares de fim de ano, embora não tenha nenhuma orientação religiosa específica. Há muitas famílias que celebram tanto os sete dias da Kwanzaa como outros eventos religiosos.

Recentemente, o número de participantes da Kwanzaa diminuiu nos Estados Unidos. Em entrevista à NPR (rádio pública americana) em 2012, o professor da Universidade Duke Mark Anthony Neal mencionou uma pesquisa que mostra que 2% dos norte-americanos afirmam celebrar a data. Ainda assim, o país é o lugar onde mais se comemora a festa, que foi difundida para outros lugares da diáspora africana, como Caribe, Colômbia e Brasil.

Por Laura Capelhuchnik – Via NEXO

Imagem: SOULCHRISTMAS

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Um Natal Ubuntu

A palavra Africana Ubuntu está enraizada na espiritualidade. Sua tradução em português é Humanitude. Talvez Nós, no natal, vivemos um pequeno momento onde compartilhamos uma comunhão recheada de comidas, bebidas, presentes, e vivemos uma comunidade interligada e Interdependente, mas apenas para aqueles momentos natalinos. Acabando as festividades do natal nos separamos e vamos para nossas casas e o natal acaba. Mas, o Natal Ubuntu é muito maior do que estes gestos,  é a chamada a tornar-se família em torno da grande mesa de Deus. 

Todo dia é Natal no Ubuntu, neste espírito poderemos viver o verdadeiro significado do Natal diariamente e durante o ano inteiro. O Natal é uma época para lembrar o incrível dom de Jesus e de reconhecer a humildade e Humanitude do Messias, o Emanuel: Deus conosco. O Ubuntu é o espírito natalino de amor, misericórdia e compaixão é um estilo de vida para aqueles que vivem  a conexão e Interdependência com todos e todas. Ao tentar encontrar palavras para explicar o que exatamente este “espírito de Natal”  percebe-se que é resumido em Ubuntu, a Filosofia Africana que diz: “Eu sou porque nós somos”, reconhecendo a incrível conexão e Interdependência da Humanitude  e a própria vida com outra pessoa. 

Nosso sentimento de conexão e reconhecimento de Humanitude compartilhada são especialmente prevalentes durante o período natalino, é quando a nossa compaixão e empatia chega no pico. A época de Natal é provavelmente o mais próximo que muitos de nós chegamos da grandeza do Ubuntu. 

A capacidade de fechar os olhos para os pobres, doentes e oprimidos que é infelizmente comum em nossa sociedade não é possível neste Natal Ubuntu. A chamada para alimentar os famintos, vestir os nus, os sem-teto e viver em plena Humanitude nos 365 dias do ano é o espírito natalino do Ubuntu. Mantemos os nossos olhos bem abertos para ver a injustiça e a desigualdade do mundo ao nosso redor, e responder com a mesma compaixão que temos durante o Natal.  

Eu me pergunto o que aconteceria “se o Natal Ubuntu e não o natal do consumismo ou materialismo ou tradicionalismo fosse o nosso Natal?“. De fato teríamos mais paz, compaixão e amor durante todo o ano para com todos e todas. Como Gálatas 5.22 e 23 nos lembram: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio”. 

Natal Ubuntu nos convida para esse fruto do Espírito, onde nossos atos altruístas e o amor que muitas vezes nos acompanham na época de natal não seja apenas reservado para o mês de dezembro. O Natal do Menino Deus chegou!  Que possamos abraçar Ubuntu e deixá-lo guiar nossas vidas para além desta época do Natal e dizer nesses 365 dias de Natal “Eu sou porque nós somos“. 

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut


https://afrokut.com.br/blog/o-que-e-ubuntu/

O Natal em África

A Africa é um continente vasto composto de 54 países e grande diversidade étnica, o natal em África, com toda a sua riqueza e tradição, é marcado por inúmeras celebrações. Neste texto apenas segue celebrações de natal em alguns lugares em África.

Congo

No Congo na África, um grupo é designado apenas para preparar o desfile anual de Natal. Na manhã de Natal, as pessoas caminham ao redor da aldeia e cantam músicas natalinas. Nas suas casas vestem roupas de festa e levam oferendas para o serviço especial que é realizado na casa de culto, onde é celebrada o aniversário de Jesus. Após o serviço, as pessoas convidam amigos para a ceia de Natal organizadas na frente de suas casas.

África do Sul

No Natal na África do Sul é verão, com sol e flores a desabrochar com a graça do Natal. É tempo de férias de verão nas escolas. Nos grandes centros, há exibição especial de shows natalinos. As pessoas usam ramos de pinheiro para decoração de Natal em suas casas como arvores de natal com presentes para as crianças.

Gana

Em Gana, na costa oeste da África, igrejas e casas são decoradas quatro semanas antes do Natal. Época do Natal é o tempo para a colheita de cacau e, portanto, as pessoas estão prósperas e com dinheiro de sobra. Todo mundo volta para casa na véspera de Natal incluindo os agricultores e mineiros. As crianças cantam canções de Natal e marchar pelas ruas gritando: “Cristo está chegando!”. Em casa se vestem com trajes indígenas ou ocidentais e vão para igreja. À noite, um serviço especial é realizado nas igrejas, que estão decoradas com árvores verdes e de palma e velas acesas. Celebrações de Natal são realizadas e as pessoas cantam canções de Natal. No 26 de dezembro é feriado um dia para relaxar.

Libéria

Na Libéria a festa de Natal tradicional consiste em arroz, carnes, mingau, sopa ou guisado de quiabo e cole inhame chamado fufu. Famílias e amigos próximos se reúnem na festa e compartilham presentes. Uma arvore de palma decorada com sinos é utilizado como a árvore de Natal na Libéria. Na manhã de Natal, eles acordam com canções e compartilhar itens de utilidade, como sabonetes e lápis como presentes de Natal. O jantar de Natal na Libéria é organizada ao ar livre e os pratos tradicionais são compostos de carne, arroz e biscoitos. Jogos tradicionais de Natal servem como passatempo na parte da tarde, enquanto os adventos de Cristo são celebrados na noite com fogos de artifício.

Etiópia

A Etiópia é um dos mais antigos países da África e um dos poucos onde o antigo calendário Juliano, de acordo com a Igreja Copta, ainda é seguida. Isso significa que aqui, o Natal é comemorado em 7 de janeiro, em vez de 25 de dezembro e a festas de Natal se refere como “Ye Ganna Bal“, que significa “Nascimento de Cristo“. Neste dia, freqüentar a igreja é uma estrita observância religiosa, em vez de ser apenas uma formalidade festiva. O Natal na Etiópia é uma festividade muito colorida e às vezes pode durar dias. Familiares e amigos se reúnem para saborear uma boa comida, celebrar cultos e jogos tradicionais. A Etiópia é um país vasto composto de mais de oitenta línguas e culturas, sem dúvida, então, que as tradições são muito diversas. Natal etíope é um amálgama de muitos costumes diferentes.

Se você conhece alguma celebração de Natal em África compartilhe conosco, e acrescente na lista. Muita Paz!

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

O Natal Kwanzaa

No final de dezembro, a época de festas está a todo vapor. Os cristãos celebram o Natal, que comemora o nascimento de Jesus. Os judeus celebram o Chanucá, que celebra a recuperação de seu templo sagrado em Jerusalém. Esses feriados são celebrações cheias de alegria em que as famílias e os amigos se juntam para compartilhar comida e presentes. As pessoas de descendência africana têm sua própria celebração de dezembro, em que elas se juntam com os entes queridos para reafirmar os elos com a família e a cultura e também para compartilhar a comida e trocar presentes. Ela é chamada de Kwanzaa, e, embora seja relativamente nova se comparada com os outros feriados, ela se tornou um importante aspecto da prática da cultura africana nos outros continentes.

Neste artigo, vamos conhecer as raízes do Kwanzaa, descobrir o significado de seus símbolos e aprender sobre as tradições únicas que dão existência a essa celebração.

Kwanzaa é um feriado pan-africano, o que significa que ele foi concebido para unir as pessoas de descendência africana de todos os lugares do mundo. Ele vai de 26 de dezembro a 1º de janeiro. Diferente do Natal e do Chanucá, que são feriados religiosos, o Kwanzaa é um feriado cultural (na verdade, muitas pessoas comemoram o Kwanzaa e o Natal). Durante os sete dias, descendentes de africanos se juntam para celebrar a família, a comunidade, a cultura e os elos que os unem como povo. Eles também relembram sua herança, agradecem pelas coisas boas que têm e exultam a bondade da vida. O sete é um tema importante do Kwanzaa. O feriado dura sete dias, um dia para cada um dos sete princípios. Há sete símbolos básicos usados na cerimônia do Kwanzaa (um deles são as sete velas) e cada símbolo se une a um ou mais dos sete princípios.

Embora o Kwanzaa tenha começado há poucas décadas, suas raízes vêm das antigas celebrações africanas da colheita. O nome “Kwanzaa” vem da frase em Swahili, “matunda ya kwanza,” que significa “os primeiros frutos“. Muitas das celebrações dos primeiros frutos, como, por exemplo, o Umkhost de Zululand na África do Sul, também tinham duração de sete dias. O Kwanzaa foi uma criação do Dr. Maulana Karenga, professor e diretor do Departamento de Estudos Negros da Universidade do Estado da Califórnia (em inglês) e ex-ativista dos direitos civis. Ele apresentou o Kwanzaa em 1966, uma época em que os afro-americanos lutavam por direitos iguais, como meio de ajudá-los a se conectarem com os valores e tradições africanas. O Dr. Karenga também quis que o Kwanzaa servisse como um elo para unificar os afro-americanos como comunidade e como povo. Ele escolheu as datas de 26 de dezembro a 1º de janeiro para coincidir com os feriados judeu e cristão, que já são uma época de celebração. E escolheu um nome que vem do idioma Swahili porque ele é falado por um grande número de pessoas no leste africano.

Na época das celebrações da colheita, os africanos se juntavam para celebrar suas safras e reafirmar seus elos como comunidade. Eles ofereciam graças ao seu criador por uma colheita generosa e uma vida plena. Eles honravam seus ancestrais e reafirmavam seu compromisso com sua herança cultural e também celebravam sua cultura e sua comunidade. Os ideias da colheita inspiraram o Dr. Karenga a criar os Sete Princípios do Kwanzaa.

Os sete princípios do Kwanzaa

O Kwanzaa está centrado nos sete princípios, Nguzo Saba (En-GOO-zoh Sah-BAH), que representa os valores da família, da comunidade e da cultura para os africanos e para os descendentes de africanos. Os princípios foram desenvolvidos pelo fundador do Kwanzaa, Dr. Maulana Karenga, baseados nos ideais das colheitas dos primeiros frutos. Os princípios são:

Umoja (oo-MOE-jah): União
Estar unido como família, comunidade e raça;

Kujichagulia (koo-jee-cha-goo-LEE-ah): Auto-determinação                                                                                                                        Responsabilidade em relação a seu próprio futuro;

Ujima (oo-JEE-mah): Trabalho coletivo e responsabilidade
Construir juntos a comunidade e resolver quaisquer problemas como um grupo;

Ujamaa (oo-JAH-mah): Economia cooperativa
A construção e os ganhos da comunidade através de suas próprias atividades;

Nia (nee-AH): Propósito
O objetivo de trabalho em grupo para construir a comunidade e expandir a cultura africana;

Kuumba (koo-OOM-bah): Criatividade
Usar novas idéias para criar uma comunidade mais bonita e mais bem-sucedida;

Imani (ee-MAH-nee):
Honrar os ancestrais, as tradições e os líderes africanos e celebrar os triunfos do passado sobre as adversidades. Durante as festividades do Kwanzaa, os princípios são ilustrados por sete símbolos.

Os sete símbolos do Kwanzaa são exibidos durante a cerimônia do Kwanzaa para representar os sete princípios da cultura e da comunidade africana:

Mkeka (M-kay-cah): é a esteira (geralmente feita de palha, e que também pode ser feita de tecido ou papel) sobre a qual todos os outros símbolos do Kwanzaa são colocados. A esteira representa a base das tradições africanas e da história .

Mazao (Maah-zow): as safras, frutas e vegetais representam as celebrações da colheita africanas e mostram respeito pelas pessoas que trabalharam no cultivo.

Kinara (Kee-nah-rah): o candelabro representa a base original da qual todos os ancestrais africanos vieram e contém sete velas.

Mishumaa (Mee-shoo-maah): nas sete velas, cada uma representa um dos sete princípios. As velas são vermelhas, verdes e pretas, cores que simbolizam o povo africano e sua luta.

Muhindi (Moo-heen-dee): o milho representa as crianças africanas e a promessa de futuro para elas. Um sabugo de milho é colocado para cada criança da família. Em um família sem crianças, um sabugo de milho é colocado simbolicamente para representar as crianças da comunidade.

Kikombe cha Umoja (Kee-com-bay chah-oo-moe-jah): a Taça da União simboliza o primeiro princípio do Kwanzaa, ou seja, a união da família e do povo africano. A taça é usada para derramar a libação (água, suco ou vinho) para a família e os amigos.

Zawadi (Sah-wah-dee): os presentes representam o trabalho dos pais e a recompensa para seus filhos. Os presentes são dados para educar e enriquecer as crianças, e podem ser um livro, uma obra de arte ou um brinquedo educativo. Pelo menos um dos presentes é um símbolo da herança africana.

Os sete dias do Kwanzaa

As velas do Kwanzaa. No primeiro dia do Kwanzaa, 26 de dezembro, o líder ou ministro convida todos a se juntarem e os cumprimenta com a pergunta oficial: “Habari gani?” (O que está acontecendo?), à qual eles respondem com o nome do primeiro princípio: “umoja”. O ritual é repetido em cada dia de celebração do Kwanzaa, mas a resposta muda para refletir o princípio associado àquele dia.

No segundo dia, por exemplo, a resposta é “Kujichagulia”. Em seguida, a família diz uma prece. Depois, eles recitam um chamado de união, Harambee (Vamos nos Unir). A libação é então realizada por um dos adultos mais velhos, e uma pessoa (geralmente a mais jovem) acende uma vela do Kinara. O grupo discute o significado do princípio do dia e os participantes podem contar uma história ou cantar uma música relacionada a esse princípio. Os presentes são oferecidos um a cada dia ou podem ser todos trocados no último dia do Kwanzaa.

O banquete do Kwanzaa é no dia 31 de dezembro. Ele não inclui só comida, é também um momento de cantar, orar e celebrar a história e a cultura africana.

O dia 1º de janeiro, o último dia do Kwanzaa, é um momento de reflexão para cada um e para todo o grupo. As pessoas se perguntam: “quem sou eu?” “sou realmente quem digo que sou?” e “sou tudo o que posso ser?” A última vela do Kinara é acesa e então todas as velas são apagadas sinalizando o fim do feriado.

Nas próximas seções, vamos ver em detalhes os elementos da celebração do Kwanzaa.

Autor: Stephanie Watson – traduzido por HowStuffWorks Brasil – Via CEERT

Manifesto de apoio à Yalorixá e ativista pelos direitos humanos Mãe Beth de O’xum

O Movimento Negro Evangélico em Pernambuco, manifesta apoio à Yalorixá e ativista pelos direitos humanos Mãe Beth de O’xum, mulher íntegra, comprometida com a promoção da justiça social para a população negra.

No último dia 17 de Novembro, após expressar sua indignação (que para nós não é apenas individual, mas coletiva), diante das sistemáticas práticas racistas perpetradas contra o povo de terreiro, e protagonizada por alguns pastores evangélicos, Mãe Beth de O’xum está sendo processada por membro (ou membros) da banca evangélica estadual que alega se sentir ofendido com as palavras da sacerdotisa.

Reconhecemos na manifestação da Mãe Beth de O’xum uma expressão da condição de injustiça social em perseguição e intolerância religiosa sofrida pelos povos de religiões matrizes afro-brasileiras. Pois sabemos que, segundo dados do Dique 100 (2018), as religiões de matrizes africanas, umbanda e candomblé são as principais vítimas do racismo religioso habitualmente cometido por pessoas ou grupos ditos cristãos no Brasil. Diante disso, e até o presente momento, desconhecemos projetos e ações propostas ou criadas pelos acusadores de Mãe Beth, e das bancadas evangélicas de modo geral, para eliminar esse tipo prática criminosa que é recorrente no segmento de seus adeptos religiosos.

Sublinhamos ainda, que defendemos o princípio de laicidade do Estado Democrático, a liberdade de expressão, o respeito à diversidade religiosa em todas as suas manifestações e expressões, e o combate veemente a qualquer prática racista e sexista, seja ela originada de um único líder religioso ou de um grupo deles. Nós do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco somos população negra, respeitamos a trajetória da religiosidade e fé de matriz afro-brasileira para a resistência e sobrevivência do povo negro até os dias atuais e na construção de sociedade brasileira.

Recife, 23 de Novembro de 2019.
Colegiado do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco.

Eu fico com a Revolução Protestante

 

Reforma protestante, movimento europeu, pensado a partir da política, do estado e da religião. Movimento que começa com Lutero inspirado em parte na igreja da Etiópia, porém a partir de um pensamento supremacista, onde existia só uma verdade. A reforma começou com uma inconformidade da igreja estar junto ao poder do império, da igreja fazer política a partir dos opressores, da igreja ser instrumento que impedia o pobre, o órfão a viúva e o estrangeiro de ter acesso a teologia, de produzir teologia ou até de falar com legitimidade da sua experiência com Deus.

Dentro da reforma existia os movimentos mais radicais, porém esses movimentos mais populares formado por camponeses, pobres e gente da periferia europeia foi silenciado, foi colocado como “Quase reformados”. A reforma se conformou, por isso para muitos ela começou com Lutero e terminou em Calvino. Pois a reforma, e aqui não falo mais do momento histórico e restritamente europeu, coloco aqui a reforma como um processo na verdade revolucionário dos seguidores de cristo na história, processo que rompe com os supremacistas, com os acumuladores, com o poder religioso que matou e silenciou os que subvertiam a ideia de poder, o poder da partilha, o poder concreto de amor, que nos leva a sermos vistos como perigosos para o império. O poder da denúncia diante de um Estado que violenta o povo em nome de Deus.

A igreja de Cristo não pode reformar uma construção humana que em suas bases de fé não estão todos os povos e nações, não podemos “dar um jeitinho”, pois sabemos o motivo pelo qual os Negros não contribuíram na reforma protestante e muito menos na contra reforma católica romana, sabemos que uma torre de babel foi construída na história da igreja, querendo que todos tivessem um só rosto, uma só cultura, e essa cultura que foi escolhida ela é dita como civilizada ou como cultura santa e de Deus, existe um corpo que foi construído nessa torre e esse corpo que é mais santo, ele tem um cabelo que não é a aparência do mal e que é aceito por Deus, não podemos cantar em Iorubá, pois se não estaremos invocando demônios, pois nessa torre que foi construída existem idiomas “cultos” e ricos. Essa é a construção da torre de babel não podemos continuar essa construção ou simplesmente reformá-la.

Eu recuso a reforma protestante, eu a recuso não por ignorar a sua importância diante da história da igreja, eu não a recuso por não me achar produto do protestantismo, mas a recusa é porque na história da igreja de Cristo e da relação com Deus. A diversidade ela é a única que nos traz harmonia, ela é fruto do pentecostes, ela é fruto do mover do Espírito. Eu fico com a revolução protestante, ela não começa com Lutero e muito menos depende do calvinismo, pois na revolução Deus derruba a torre de babel. O Deus da trindade, que é um mas também são três, que são diversos, que são equivalentes, esse Deus ele se levanta contra a uniformidade, ele se levanta contra a supremacia, o seu Espírito derrama sobre nós o sentido da diversidade, ele nos incentiva a descentralizar nossos poderes, a partilhar nossas experiências e a partir disso termos uma unidade. Eu recuso a reforma protestante, porque nela as vozes femininas, LGBTs, Pobres e Negras não tiveram vez. Eu não me reconheço nessa história, porém Martin Luther King, James Cone, Jacquelyn Grant, Rosa Parks, Nelson Mandela, Desmond Tutu, Agostinho José Pereira, William Seymour e tantas outras vozes ecoaram revoluções de protestos contra essa hegemonia, contra essa torre de babel, contra as construções humanas de supremacia dentro da fé cristã. Pois existe só uma tradição, a nossa tradição está em Cristo, na encarnação de sua missão, de sua caminhada e de seus valores.

Somente a justiça! Somente a liberdade!

Somente o amor! Somente a equidade! Somente a diversidade!

Por Jackson Augusto –  Coordenador do Movimento Negro Evangélico do Estado de Pernambuco. Estuda Ciência da computação em Universidade Federal Rural de Pernambuco (Ufrpe Oficial).

Veja a série de artigos sobre a Reforma Protestante Negra 

Reforma Protestante Negra

O movimento religioso liderado por Agostinho José Pereira foi diferente de todos os movimentos ligados ao protestantismo europeu e norte americano. O pastor negro Agostinho não tinha nenhum vinculo com  missionários ou grupos protestantes. As pregações do mesmo tinham muitas diferenças com relação as pregações oficiais das denominações estrangeiras no Brasil.

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