No mês da Consciência Negra Praia Grande vai instalar o cabo submarino Firmina, do Google

O Google vai instalar cabos submarinos na costa de Praia Grande, no litoral de São Paulo. Esses cabos fazem parte do projeto chamado de Firmina, em homenagem à escritora negra Firmina dos Reis, autora de Úrsula e primeira romancista mulher do país. Em Praia Grande a previsão é que o projeto  seja concluído ainda no mês de novembro, Mês da Consciência Negra.

Este cabo fará a conexão de Myrtle Beach (EUA) à Las Toninas (Argentina).  O cabo Firmina tem dois pontos de aterragem no Brasil: Praia Grande, no litoral de São Paulo, e Fortaleza, no Ceará.

O cabo submarino Firmina do Google é uma infraestrutura de rede que está em desenvolvimento há mais de dois anos e entrará em funcionamento ainda em 2023. A instalação é realizada por seis embarcações, além dos mergulhadores, máquinas e operários em terra, na faixa de areia.

Sua finalidade é transportar dados entre a América do Norte e a América do Sul, proporcionando acesso rápido e de baixa latência aos serviços do Google, como busca, Gmail, YouTube e Google Cloud.

A homenagem a Firmina é um importante reconhecimento de sua contribuição para a cultura brasileira. Ela foi uma mulher pioneira e sua obra continua a ser relevante até hoje. O Google explicou que a homenagem a Firmina foi uma forma de reconhecer sua importância como escritora, abolicionista e defensora dos direitos das mulheres. A empresa também disse que espera que a homenagem inspire outras pessoas a aprender sobre a história e a obra de Firmina.

Maria Firmina dos Reis foi uma escritora, professora, abolicionista e defensora dos direitos das mulheres brasileira. Ela nasceu em São Luís, no Maranhão, em 1822, e morreu em 1917. Firmina foi a primeira mulher a publicar um romance no Brasil, Úrsula, em 1859. O romance conta a história de uma jovem negra que é escravizada e depois se liberta. Úrsula é um importante documento histórico da escravidão no Brasil e também é considerado uma obra literária significativa.

Além de Úrsula, Firmina também escreveu outros romances, contos, poemas e peças de teatro. Ela também foi uma importante educadora e lutou pelos direitos das mulheres.

O cabo submarino Firmina é uma importante infraestrutura de comunicação que deve beneficiar a população do Brasil e da América Latina. Ele deve ajudar a promover o desenvolvimento econômico e social da região.

Aqui estão alguns dos benefícios específicos que o cabo Firmina deve trazer para o Brasil:

● Melhoria da qualidade da internet: o cabo Firmina deve aumentar a capacidade de tráfego de dados, o que deve melhorar a qualidade da internet no Brasil. Isso significa que os usuários devem experimentar velocidades de conexão mais rápidas e tempos de resposta mais curtos.

● Redução da latência: o cabo Firmina deve reduzir a latência, o tempo de resposta da internet. Isso significa que os usuários devem experimentar uma conexão mais responsiva, o que é importante para atividades que exigem tempo real, como jogos online e videoconferências.

● Maior acesso à internet: o cabo Firmina deve ajudar a aumentar o acesso à internet no Brasil. Isso é importante para o desenvolvimento econômico e social do país, pois a internet é uma ferramenta essencial para a educação, a saúde e a comunicação.

● Crescimento do mercado de tecnologia: o cabo Firmina deve ajudar a impulsionar o
crescimento do mercado de tecnologia no Brasil. Isso é importante para a criação de
empregos e o desenvolvimento econômico do país.

Em geral, o cabo submarino  Firmina é uma importante infraestrutura que deve trazer diversos  benefícios.  Para Praia Grande, além desses benefícios, trás uma importante celebração na conclusão do projeto Firmina no Mês da Consciência Negra.

Por Hernani Francisco da Silva
Do Afrokut

Negritude

Perto do fim de sua vida, Aimé Césaire declarou que a pergunta que ele e seu amigo Léopold Sédar Senghor começaram a levantar depois de se conhecerem foi: “Quem sou eu? Quem somos nós? O que somos nós neste mundo branco? ” E ele comentou: “Isso é um grande problema” (Césaire 2005, 23). “Quem sou eu?” é uma questão que Descartes colocou, e um leitor do filósofo francês naturalmente entende tal questão como universal, e o sujeito que diz “eu” aqui para representar qualquer ser humano. Mas quando “quem sou eu?” deve ser traduzido como “quem somos nós ?” tudo muda principalmente quando o “nós” tem que se definir contra um mundo que não deixa espaço para quem e o que são, porque são negros em um mundo onde “universal” parece significar naturalmente “branco”.

Negritude”, ou a autoafirmação dos povos negros, ou a afirmação dos valores da civilização de algo definido como “o mundo negro” como resposta à pergunta “o que somos nós neste mundo branco?” é de fato “um grande problema“: ele levanta muitas questões que serão examinadas aqui através dos seguintes títulos:


Fonte:

Diagne, Souleymane Bachir, “Négritude“, The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Summer 2018 Edition), Edward N. Zalta (ed.), URL = <https://plato.stanford.edu/archives/sum2018/entries/negritude/ >.


 A gênese do conceito de Negritude

10 sites com conteúdos antirracistas

O desmantelamento do racismo deve ser um processo regular e intencional que ocorre ao longo de nossas vidas. Desaprender o racismo e se tornar anti-racista é um processo contínuo e vitalício. Para apoiá-lo neste trabalho, separamos 10 sites com conteúdos antirracistas:

 CEERT

Criado em 1990, o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e DesigualdadesCEERT é uma organização não-governamental que produz conhecimento, desenvolve e executa projetos voltados para a promoção da igualdade de raça e de gênero.

Desenvolve projetos nas áreas de acesso da população negra à Justiça, ao direito de igualdade racial, à liberdade de crença, de implementação de políticas públicas, de educação, saúde e relações de trabalho. Saiba mais

Alma Preta

A Alma Preta é uma agência de jornalismo especializada na temática racial. Com objetivo de construir um novo formato de gestão de processos, pessoas e recursos através do jornalismo qualificado e independente.

No site você encontra reportagens, análises, coberturas de eventos, artigos opinativos e demais conteúdos jornalísticos em formato textual e audiovisual.
Saiba mais

Resistência Afroliterária

O Resistência Afroliterária nasceu com o intuito de ser um espaço de divulgação e exposição de arte negra. No site você encontra análises, resenhas, divulgações, indicações, reflexões e notícias sobre literatura e cultura feita por e para pessoas negras. Saiba mais.

Portal Geledés

O Portal Geledés é a plataforma virtual do Instituto da Mulher Negra – Geledés. Uma organização da sociedade civil, fundada em 30 de abril de 1988, que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigente na sociedade brasileira.

É uma das maiores ONGs de feminismo negro do Brasil com várias campanhas e ações significativas contra o racismo. Seu nome deriva do conceito de gelede, sociedades secretas femininas na cultura Iorubá. Saiba mais

Notícia Preta

O Notícia Preta é um jornal antirracista que acredita na comunicação como uma ferramenta de não reprodução de preconceitos e estereótipos, estigmatizantes ou pejorativos em relação à população negra e periférica na imprensa.

Um jornal antirracista e uma plataforma educativa pois, através da informação, trabalha na mudança de termos e formas comunicacionais historicamente preconceituosas e, que muitas vezes, já estão enraizadas em nossa sociedade. Saiba mais

Coletivo Pico Preto

A Pico Preto, antes chamada de Coletivo Ponto Art, nasceu em 2016 com o propósito de desenvolver ações artísticas afirmativas e evidenciar o protagonismo negro nas produções artístico-cultural da cidade. 

O Coletivo Pico Preto organiza uma série de outros projetos importantes, como a Revista Pico Preto, espetáculos de teatro e encontros de cultura. Saiba mais.

Site Negrê

O Site Negrê tem como princípio um jornalismo ancestral, antirracista e descolonizador. Como primeiro portal de notícias e mídia negra nordestina no Brasil, o Negrê tem como lema unir modos de ver, ser, sentir e escrever sobre questões raciais.

O portal de notícias e mídia preta nordestina amplifica vozes negras e seus múltiplos olhares. Saiba mais.

Revista Afirmativa

A Revista Afirmativa é um veículo multimídia de mídia negra, que rompe com o discurso de pretensa imparcialidade pregado pela grande mídia, tradicionalmente racista, machista e heteronormativa.

A Afirmativa é feita pela Juventude Negra Voz Ativa, construindo mais um horizonte afirmativo para o jornalismo da diversidade e do direito à informação.  Saiba mais

Mundo Negro

O Mundo Negro é um portal de notícias voltado para comunidade negra brasileira e demais etnias que se interessem pelos assuntos relacionados à cultura e ao cotidiano dos negros no Brasil e no mundo.

O Mundo Negro traz notícias recentes, dicas de entretenimento voltadas para o universo negro e matérias sobre arte, cultura e estilo. O site ainda possui uma agenda cultural, dicas sobre carreira e negócios, entre outras editorias. Saiba mais

Portal Correio Nagô

Portal Correio Nagô, um veículo de comunicação do Instituto Mídia Étnica criado em 2008. Uma plataforma digital que tem como objetivo divulgar as ações comunidade negra do Brasil e da diáspora. 

O Correio Nagô é uma das maiores plataformas de conteúdo sobre a comunidade negra brasileira do Brasil, possuindo correspondentes em diversos estados do Brasil e do mundo. Saiba mais

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

Zumbi

Tudo começou com um Brás Rocha que atacou Palmares em 1655 e carregou, entre presas adultas, um recém-nascido. Brás o entregou, honestamente, como era do contrato, ao chefe de uma coluna, e este decidiu fazer um presente ao cura de Porto Calvo. Padre Melo achou que devia chamá-lo de Francisco.

Não podia, naquele momento, está visto, adivinhar que se afeiçoaria ao pretinho.

Se pode imaginar que não foi das piores a infância de Francisco. O padre talvez lhe batesse, como mandava a época, mas não lhe faltou alimento e médico. “Quem dá os beijos, dá os peidos”, dizia o povo. Padre Melo achava Francisco inteligentíssimo: resolveu desasná-lo em português, latim e religião. Talvez olhasse com orgulho o moleque passar com o turíbulo, repetir os salmos.

Francisco apreciava, certamente, histórias da Bíblia. Havia esta, por exemplo: Um sacerdote por nome Eli, velho e piedoso, aceitou na sua casa um menino chamado Samuel. Samuel era obediente e esperto. Certa noite, recolhidos os dois, Samuel ouviu que lhe chamavam: “Samuel! Samuel!” Isso foi antes que a lâmpada de Deus se apagasse no templo do Senhor: ali dormia a Arca de Jeová. Samuel foi até o quarto de Eli: “O senhor me chamou? Estou aqui…” “Não te chamei, filho – respondeu o velho. – Torna a te deitar.” Aconteceu uma segunda vez: alguém, de dentro da noite, chamava o garoto. “Não chamei, meu filho. Torna a te deitar.” Na terceira vez, Eli compreendeu de quem era a voz: “Vai te deitar, e quando te chamarem de novo responde: Fala, porque o teu servo ouve.” Assim fez, e a Voz queria que ele a seguisse; e deixou um recado para o sacerdote: que julgaria a sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia, porque fazendo-se os seus filhos execráveis, não os repreendeu.

Francisco se chamava agora Zumbi.

Onde encontrou esse nome? No Congo e em Camarões, o deus principal se chamava Nzambi; em Angola, diziam ser zombi o defunto, e zumbis, no Caribe, são mortos-e-vivos, criaturas sem descanso, mesmo no Além. Mais uma vez, dependeremos dos papéis históricos para algum dia decifrar o mistério do rebatismo de Francisco: do passado distante, ele zomba de nós.

É mais fácil responder a esta pergunta: por que escravos fugidos mudavam de nome?

Para os povos ágrafos, como eram a maioria dos africanos trazidos para cá, e os indígenas, naturais daqui, o nome é uma coisa absolutamente vital. Na Senegâmbia, uma criança só era gente depois que seu pai lhe gritava ao ouvido, no meio do mato, o nome que lhe queria dar. […]

Era, pois, uma violência extra o que faziam os traficantes europeus ao comprarem um negro: lhe davam um nome cristão. Não o faziam por maldade: precisavam esvaziar o africano de sua cultura. […]

O tráfico separava, para sempre, as famílias. […] funcionando como liga entre pessoas desenraizadas tão violentamente. As autoridades proibiam ajuntamentos de pretos da mesma terra; fazendeiros não compravam mais de dois pretos da mesma “raça”: pavor de que voltassem a ser gente.

Numa noite de 1670, ao completar quinze anos, Francisco fugiu.

Francisco, retornando a Palmares, com quinze anos, passou a se chamar Zumbi. E constituiu, livremente, sua família – um pai, irmãos, tias e tios. O principal destes se chamava Ganga Zumba.

Ganga Zumba, que chegou a Palmares no tempo da invasão holandesa, era, ao contrário de Zumbi, um africano alto e musculoso. Tinha, provavelmente, temperamento suave e habilidades artísticas – como, em geral, os nativos de Allada, nação fundada pelo povo ewe na Costa dos Escravos.

Em 1670, quando Zumbi voltou, Palmares eram dezenas de povoados, cobrindo mais de seis mil quilômetros quadrados. Trezentos anos depois, nomes sonoros saltam dos papéis históricos: Macaco, na Serra da Barriga (oito mil moradores); Amaro, perto de Serinhaém (cinco mil moradores); Subupira, nas fraldas da Serra da Juçara; Osenga, próximo do Macaco; aquele que mais tarde se chamou Zumbi, nas cercanias de Porto Calvo; Aqualtene, idem; Acotirene, ao norte de Zumbi (parece ter havido dois Acotirenes); Tabocas; Dambrabanga; Andalaquituche, na Serra do Cafuxi; Alto Magano e Curiva, cerca da atual cidade pernambucana de Garanhuns. Gongoro, Cucaú, Pedro Capacaça, Guiloange, Una, Catingas, Engana-Colomim… Quase trinta mil viventes, no total.

Trechos da biografia de Zumbi dos Palmares – por Joel Rufino dos Santos, escritor, historiador e professor de pós-graduação da Faculdade de Letras da UFRJ e diretor de Comunicação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em seus livros para crianças e adolescentes, mais do que contar histórias, coloca questões pertinentes, para uma releitura crítica da nossa cultura popular, especialmente a negra e ameríndia. Em Zumbi, o autor narra de forma comovente e analítica a biografia do líder negro, a criação, a resistência e a destruição do quilombo de Palmares.

9 negros que dão nome a ruas e avenidas de São Paulo

Preparamos uma lista com 9 negros que dão nome a ruas e avenidas de São Paulo, são brasileiros negros, que marcaram a historia do país. Sabemos que existem outras personalidades negras que dão nome a ruas,  avenidas e monumentos,  essa pequena lista que elaboramos é para ficarmos atentos a nossa historia:

1 – Torres Homem

Filho do padre Apolinário e da negra Maria Patrícia, conhecida como Maria “Você me Mata”, neta da escravizada Eva da Serra de Taubaté, Torres Homem, retratado como um macaco em caricaturas da época. É considerado o negro que conseguiu maior destaque durante o Império. Ele era contra a escravidão, mas escondia seu cabelo com perucas e usava pó de arroz para clarear a pele. Dava muita importância à aparência. Segundo ele, é “preciso não deixar os medíocres e tolos sequer essa superioridade: trajarem bem. As exterioridades têm inquestionável importância.” (Campos, 1954, p.19). Fez parte de sociedades secretas republicanas e mais de uma vez desrespeitou o Império. Apesar disso, recebeu o título de Visconde do Imperador em 1871. Foi deputado geral, presidente do Banco do Brasil, ministro da Fazenda, conselheiro de Estado e senador do Império do Brasil de 1868 a 1869.

2 – Lima Barreto

Afonso Henriques de Lima Barreto, nasceu no Rio de Janeiro, mais conhecido como Lima Barreto, foi um jornalista e escritor que publicou romances, sátiras, contos, crônicas e uma vasta  obra em periódicos, principalmente em revistas populares ilustradas e periódicos anarquistas do início do século XX. A maior parte de sua obra foi redescoberta e publicada em livro após sua morte por meio do esforço de Francisco de Assis Barbosa e outros pesquisadores, levando-o a ser considerado um dos mais importantes escritores brasileiros.

3 – Teodoro Sampaio

Nasceu no Engenho Canabrava, pertencente ao visconde de Aramaré, hoje localizado no município baiano de Teodoro Sampaio. Era filho da escravizada Domingas da Paixão do Carmo e do padre Manuel Fernandes Sampaio. Ainda em Santo Amaro estuda as primeiras letras no colégio do professor José Joaquim Passos. É levado pelo pai, em 1864 para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde estuda no Colégio São Salvador e, em seguida, ingressa no curso de Engenharia do Colégio Central. Ao tempo em que estuda leciona nos Colégios São Salvador e Abílio, do também baiano Abílio César Borges (Barão de Macaúbas), sendo ainda contratado como desenhista do Museu Nacional.

Formou-se em 1877, quando finalmente volta a Santo Amaro, na Bahia, onde nasceu. Ali, revê a mãe e os irmãos, e comprando, no ano seguinte, a carta de alforria de seu irmão Martinho, gesto que repete com os irmãos Ezequiel (1882) e Matias (em 1884). Sampaio nunca foi um escravizado. Em 1879 integra a “Comissão Hidráulica”, nomeada pelo imperador Dom Pedro II, sendo o único engenheiro brasileiro entre estadunidenses.

4 – José do Patrocínio

José Carlos do Patrocínio, nasceu em Campos dos Goytacazes, foi um farmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político brasileiro. Destacou-se como uma das figuras mais importantes dos movimentos Abolicionista e Republicano no país. Foi também idealizador da Guarda Negra, que era formada por negros e ex-escravizados. Filho de João Carlos Monteiro, vigário da paróquia de Campos dos Goytacazes e orador sacro de reputação na Capela Imperial, com Justina do Espírito Santo, uma jovem escravizada Mina de quinze anos, cedida ao serviço do cônego por D. Emerenciana Ribeiro do Espírito Santo, proprietária da região.

5 – Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis, nasceu no Rio de Janeiro, foi um enxadrista e escritor brasileiro, amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, e crítico literário. Testemunhou a mudança política no país quando a República substituiu o Império e foi um grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época.

Nascido no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou universidade. Os biógrafos notam que, interessado pela boemia e pela corte, lutou para subir socialmente abastecendo-se de superioridade intelectual. Para isso, assumiu diversos cargos públicos, passando pelo Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas, e conseguindo precoce notoriedade em jornais onde publicava suas primeiras poesias e crônicas. Em sua maturidade, reunido a colegas próximos, fundou e foi o primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de Letras.

6 – Luiz Gama

Luís Gonzaga Pinto da Gama, nasceu em Salvador, foi um rábula, orador, jornalista e escritor brasileiro. Nascido de mãe negra livre e pai branco, foi contudo escravizado aos 10, e permaneceu analfabeto até os 17 anos de idade. Conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos cativos, sendo já aos 29 anos autor consagrado e considerado “o maior abolicionista do Brasil”.

Teve uma vida tão ímpar que é difícil encontrar, entre seus biógrafos, algum que não se torne passional ao retratá-lo — sendo ele próprio também carregado de paixão, emotivo e ainda cativante. A despeito disto o historiador Boris Fausto declarou que era dono de uma “biografia de novela”. Autodidata e o único a ter passado pela experiência do cativeiro; pautou sua vida na defesa da liberdade e da república, ativo opositor da monarquia, veio a morrer seis anos antes de ver seus sonhos concretizados.

7 – Mário de Andrade

Mario Raul Moraes de Andrade, nasceu em São Paulo, foi um poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista, ensaísta brasileiro. Ele foi um dos pioneiros da poesia moderna brasileira com a publicação de seu livro Pauliceia Desvairada em 1922. Andrade exerceu uma grande influência na literatura moderna brasileira e, como ensaísta e estudioso—foi um pioneiro do campo da etnomusicologia—sua influência transcendeu as fronteiras do Brasil.

Andrade foi a figura central do movimento de vanguarda de São Paulo por vinte anos. Músico treinado e mais conhecido como poeta e romancista, Andrade esteve pessoalmente envolvido em praticamente todas as disciplinas que estiveram relacionadas com o modernismo em São Paulo, tornando-se o polímata nacional do Brasil.

8 – Cruz e Souza

João da Cruz e Sousa, nasceu em Nossa Senhora do Desterro, foi um poeta brasileiro. Com a alcunha de Dante Negro ou Cisne Negro, foi um dos precursores do simbolismo no Brasil. Segundo Antonio Candido, Cruz e Sousa foi o “único escritor eminente de pura raça negra na literatura brasileira, onde são numerosos os mestiços”. Filho dos escravizados alforriados Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição, João da Cruz desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o marechal Guilherme Xavier de Sousa – de quem adotou o nome de família, Sousa. A esposa de Guilherme Xavier de Sousa, Dona Clarinda Fagundes Xavier de Sousa, não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da educação de João. Aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais. Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna por ser negro.

Em 1885, lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com diversos jornais. Em fevereiro de 1893, publicou Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente por tuberculose, levando-a à loucura.

9 – André Rebouças

André Rebouças, nasceu em Cachoeira, foi um engenheiro, inventor e abolicionista brasileiro. Ele passou seus últimos 6 anos trabalhando pelo desenvolvimento de alguns países africanos. André Rebouças era filho de Antônio Pereira Rebouças e de Carolina Pinto Rebouças. Seu pai, filho de uma escravizada alforriada e de um alfaiate português, era advogado autodidata, deputado e conselheiro de D. Pedro II (1840 – 1889). Dois dos seus seis irmãos, Antônio Pereira Rebouças Filho e José Rebouças, também eram engenheiros. André ganhou fama no Rio de Janeiro, então Capital do Império, ao solucionar o problema de abastecimento de água, trazendo-a de mananciais fora da cidade. Servindo como engenheiro militar na guerra do Paraguai, André Rebouças desenvolveu um torpedo, utilizado com sucesso.

Em 1871, André e seu irmão Antônio, também engenheiro, apresentaram ao Imperador D. Pedro II o projeto da estrada de ferro ligando a cidade de Curitiba ao litoral do Paraná, na cidade de Antonina. Quando da execução do projeto, o trajeto foi alterado para o porto de Paranaguá. Até hoje, essa obra ferroviária se destaca pela ousadia de sua concepção. Ao lado de Machado de Assis, Cruz e Souza, José do Patrocínio, André Rebouças foi um dos representantes da pequena classe média negra em ascensão no Segundo Reinado e uma das vozes mais importantes em prol da abolição da escravatura. Ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, ao lado de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e outros. Participou também da Confederação Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora.

Em 2015, no mês da Consciencia Negra, o coletivo João Silva, grupo formado por publicitários, fez alguns adesivos, que foram colados junto a diversas placas de negros que dão nome a ruas e avenidas, com um pequeno perfil dos homenageados.

Do Afrokut

Minhas palavras no Dia da Consciência Negra!

Por Dirceu Lima Jr.

Um adorável cão foi morto no Carrefour, gerou comoção nacional, revolta, protestos, o Facebook recebeu uma enxurrada de fotos, textões e lamentações, Agataha uma menina preta morta pela policia, passou batido.

Miguel, um garotinho preto caiu de um prédio após deixado sozinho no elevador pela patroa de sua mãe que a obrigou a trabalhar em plena quarentena, não deu em nada.

Um músico preto, foi fuzilado com 80 tiros de fuzil dentro do seu carro, diante da família, por um soldado do Estado financiado pelos seus impostos para protegê-lo. O tribunal Militar absolveu assassino, o Brasil se calou!

Ontem um homem negro foi espancado até a morte dentro do Carrefour, e agora? Até quando?

O Genocídio Negro, que virou um livro do saudoso e ilustre Abdias Nascimento agora é uma rotina midiática, que gera audiência na sociedade do espetáculo seguida de um silêncio ensurdecedor!

Se o racismo aumenta no Brasil, a culpa é de nós pretos!
Enquanto a Djamila aciona o Negrômetro contra a Letícia Parks, enquanto porteiros de Wakanda atacam mestiços em grupos de Facebook sobre quem é mais preto ou quem tem mais lugar de fala, enquanto pretos só pensam em azaração em páginas de beleza preta, enquanto pretos se mimetizam para serem integrados a sociedade branca, grupos de supremacistas, neo nazistas e todo tipo de violência racial crescem no Brasil!

Nessa tragédia de país, somos a maioria, nossos ancestrais levantaram os alicerces do Brasil com sangue, suor e suas vidas, humilhados, torturados, estuprados e assassinados, e o que lhes devolvemos?

Discursos Identitários resumidos a notas de repúdio em contraste com as revoltas nas Senzalas, nenhuma cobrança do judiciário para a execução da Lei 10.639, o Movimento Negro lutando para preto aparecer na mídia enquanto os mesmos desaparecem nas comunidades, exterminados pela polícia.

O Movimento Negro no Brasil se resume a intelectuais, burocratas, acadêmicos mais preocupados com lacração, aparecer na TV, ganhar likes e dinheiro no YouTube do que com o enfrentamento direto ao racismo, enquanto o Capitão do Mato de estimação do Bolsonaro, Sergio Camargo, samba na nossa cara e destrói a Fundação Palmares!

Eis a razão pela qual me afastei de coletivos e grupos de intelectualidade preta, muita fala muito ego inflamado e nenhuma ação concreta, mesmo tendo as redes sociais a disposição.

Somos 55% da população brasileira, nos EUA, os pretos são uma pequena minoria de 13% que jamais abaixou a cabeça para o racismo, pelo contrário, partem para o enfrentamento como o ocorrido em Los Angeles em 1992 após o júri absolver 3 policiais brancos e um hispânico pelo linchamento de um motorista preto, Rodney King abordado por exceder a velocidade, o povo foi para as ruas!

Em Maio deste ano , após George Floyd ser morto por asfixia por um policial branco, a população preta tomou as ruas lançado base para o Movimento Black Lives Matter, que gerou protestos na Inglaterra, Alemanha e demais países da Europa.

No Brasil, o segundo país mais preto depois da Nigéria não houve nada de concreto a não ser lacração dos pavões midiáticos! Afinal aqui o presidente da República comparou os pretos a animais que pesam arrobas num evento na Hebraica, que pertence a um grupo de pessoas que foi quase exterminado pelos nazistas, o que o Movimento Negro fez? NADA! Ele foi absolvido pelo STF, o que o Movimento Negro fez? NADA!

Em contraste com isso, nos EUA, foi fundado o NFAC, um grupo paramilitar de pretos que hoje preenche o vácuo deixado pelos Panteras Negras, que marcham até os redutos de supremacistas da Ku Kux Klan.

Aqui no Brasil, os pretos só saem as ruas para o Carnaval , só se unem em Escolas de Samba e só protestam em alegorias enquanto no cotidiano da vida real os racistas sambam em nossas caras, matam nossos irmãos e a reação vem apenas com nota de repúdio!

Racismo se previne com educação nas escolas e se combate com o confrontamento físico, com racistas não há diálogo e nem debate, há embate, e não se trata de violência, mas de auto defesa, como pregava Malcolm X.

O Dia da Consciência Negra vai além da reflexão sobre papel e a inserção do preto na Sociedade Brasileira, significa a conscientização de que temos que irmos para as ruas, nos organizar, reagir, defender os nossos, afinal Zumbi dos Palmares não recebia os escravocratas com Flores, mas com o combate mesmo isso tendo lhe custado a própria vida!

Autor: Dirceu Lima Junior

A consciência negra e a profecia

“O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz[…]Tu arrebentaste as suas correntes de escravos, quebraste o bastão com que eram castigados; acabaste com o opressor que os dominava, assim como no passado acabaste com os midianitas.”(Is 9:2; 9:4)
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Isaías 9 é conhecido como o texto da profecia do caminho para a libertação, que aponta para o salvador de um povo, para o nascimento da esperança que vai libertar o povo de Deus. E é uma das profecias mais esperadas e importantes relatadas na Bíblia. Ele começa falando que existe um povo que caminhava nas trevas,um povo que vivia na terra da sombra da morte, essa profecia se direcionava a esse povo, a um povo que o medo e a morte dominava seu território, dominava sua história. Porém, esse povo viu uma grande uma Luz,essa luz era tão concreta que a visão da luz começa com o arrebentamento das correntes de escravos, a profecia dizia que esse povo viu sua libertação, ou a destruição do julgo que os oprimia. Era a grande primeira mensagem de Isaías sobre a luz que pairava sobre o povo que era escravizado e oprimido. A profecia continua dizendo que a destruição ela não é somente sobre a escravização mas também sobre a vara de castigo do opressor. Veja, a profecia de Isaías aponta para as quedas de todas as construções humanas que matavam o povo que vivia na terra da sombra da morte. Deus tira o açoite das mãos do opressor, Deus lança luz sobre o povo que estava em condição de escravização, Deus destrói todo o sistema que sustenta a opressão desse povo.

Isaías conclui dizendo que tudo isso vai se tornar realidade “porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado”, a profecia ela se cumpre porque é a manifestação da encarnação de Deus, onde Jesus nasce a vara do castigo do opressor é destruída,quando Jesus nasce o povo que vive no vale da sombra da morte, é escutado, o sangue dos que morrem nos morros, nas favelas chega até os olhos do Eterno. A consciência negra ela é instrumento do cumprimento da profecia, ela é um apontamento para a integralidade da missão do evangelho. A consciência negra, é a prova de que parte da humanidade não deixou a profecia cair. Que sejamos profetas e que destruamos todas as ferramentas de opressão que o homem construiu.

Por Jackson Augusto –  Coordenador do Movimento Negro Evangélico do Estado de Pernambuco. Estuda Ciência da computação em Universidade Federal Rural de Pernambuco (Ufrpe Oficial).

Foto: @saulonicolai

Projeto: @favelagrafia

Texto: @afrocrente

Manifesto de apoio à Yalorixá e ativista pelos direitos humanos Mãe Beth de O’xum

O Movimento Negro Evangélico em Pernambuco, manifesta apoio à Yalorixá e ativista pelos direitos humanos Mãe Beth de O’xum, mulher íntegra, comprometida com a promoção da justiça social para a população negra.

No último dia 17 de Novembro, após expressar sua indignação (que para nós não é apenas individual, mas coletiva), diante das sistemáticas práticas racistas perpetradas contra o povo de terreiro, e protagonizada por alguns pastores evangélicos, Mãe Beth de O’xum está sendo processada por membro (ou membros) da banca evangélica estadual que alega se sentir ofendido com as palavras da sacerdotisa.

Reconhecemos na manifestação da Mãe Beth de O’xum uma expressão da condição de injustiça social em perseguição e intolerância religiosa sofrida pelos povos de religiões matrizes afro-brasileiras. Pois sabemos que, segundo dados do Dique 100 (2018), as religiões de matrizes africanas, umbanda e candomblé são as principais vítimas do racismo religioso habitualmente cometido por pessoas ou grupos ditos cristãos no Brasil. Diante disso, e até o presente momento, desconhecemos projetos e ações propostas ou criadas pelos acusadores de Mãe Beth, e das bancadas evangélicas de modo geral, para eliminar esse tipo prática criminosa que é recorrente no segmento de seus adeptos religiosos.

Sublinhamos ainda, que defendemos o princípio de laicidade do Estado Democrático, a liberdade de expressão, o respeito à diversidade religiosa em todas as suas manifestações e expressões, e o combate veemente a qualquer prática racista e sexista, seja ela originada de um único líder religioso ou de um grupo deles. Nós do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco somos população negra, respeitamos a trajetória da religiosidade e fé de matriz afro-brasileira para a resistência e sobrevivência do povo negro até os dias atuais e na construção de sociedade brasileira.

Recife, 23 de Novembro de 2019.
Colegiado do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco.

Cinco pensamentos de Lélia Gonzalez

A professora Angela Davis, ex-Pantera Negra e reconhecida militante da luta contra o racismo em todo o mundo, ressaltou os feminismos negros do Brasil, e citou nomes como Marielle Franco, Luiza Bairros, Lélia Gonzalez e Carolina Maria de Jesus. Angela ressaltou que ela não precisa ser a referência do feminismo negro brasileiro, pois aprendeu muito com as feministas negras do país.

“Eu me sinto estranha quando sinto que estou sendo escolhida para representar o feminismo negro. E por que aqui no Brasil vocês precisam buscar essa referência nos Estados Unidos? Eu acho que aprendo mais com Lélia Gonzales do que vocês poderiam aprender comigo”, argumentou Davis.

Lélia sempre acreditou que uma sociedade solidária e fraterna é possível. Para isso, compreendia como necessário que, além do engajamento na luta política mais ampla, os grupos não dominantes, excluídos do poder, deviam produzir seu próprio conhecimento.

Segue 5 pensamentos de Lélia Gonzalez: 

1 – Construção da identidade

O importante é procurar estar atento aos processos que estão ocorrendo dentro dessa sociedade, não só em relação ao negro, ou em relação à mulher. Você tem que estar atento a esse processo global e atuar no interior dele para poder efetivamente desenvolver estratégias de luta. …só na prática é que se vai percebendo e construindo a identidade, porque o que está colocado em questão, também, é justamente uma identidade a ser construída, reconstruída, desconstruída, num processo dialético realmente muito rico.

2 – Frente Negra Brasileira /e/ a consciência racial no centro urbano:

O primeiro grande movimento ideológico pós-abolição, a Frente Negra Brasileira (1931-1938), buscou sintetizar ambas as práticas (assimilacionismo e prática cultural), na medida em que atraiu os dois tipos de entidade para o seu seio. Por aí, dá para entender também o sucesso de sua mobilização. Afinal, ela conseguiu trazer milhares de negros para os seus quadros. Precedida pelo trabalho de uma imprensa negra cada vez mais militante, a FNB surgiu exatamente no grande centro econômico do país que era, e é, São Paulo…. Com isso estamos querendo ressaltar o seu caráter eminentemente urbano, uma vez que é o negro da cidade que, mais exposto às pressões do sistema dominante, aprofunda sua consciência racial.

3 – As Escolas de Samba:

O golpe de 1964 implicaria na desarticulação das elites intelectuais negras, de um lado, e no processo de integração das entidades de massa numa perspectiva capitalista, de outro. As escolas de samba, por exemplo, cada vez mais, vão se transformando em empresas da indústria turística. Os antigos mestres de um artesanato negro, que antes dirigiam as atividades nos barracões das escolas, foram sendo substituídos por artistas plásticos, cenógrafos, figurinistas etc. e tal… Os “nêgo véio” da Comissão de Frente foram substituídos por mulatas rebolativas e tesudas. Os desfiles transformaram-se em espetáculos tipo teatro de revista, sob a direção de uma nova figura: o carnavalesco.

4 – A responsabilidade na militância /e/ Candeia:

Papo vai, papo vem, ele (Candeia) nos presenteou com o folheto do enredo para o próximo carnaval: Noventa Anos de Abolição [para a Escola de Samba Quilombo, fundada por ele, junto com Lélia e outros/as, em 1975]. Fora escrito por ele, Candeia, “baseado nas publicações de Edson Carneiro, Lélia Gonzalez, Nina Rodrigues, Arthur Ramos (…), Alípio Goulart”… Surpresa e emocionada, disse-lhe que ainda não tinha um trabalho publicado digno de ter meu nome ao lado daqueles “cobras” (afinal, um artiguinho aqui, outro acolá, e de tempos em tempos, não significava nada). Ele retrucou, dizendo que sabia muito bem do trabalho que eu vinha realizando “por aí” e que isso era tão importante quanto os livros dos “cobras’. E foi aí, então, que me incumbiu de representar o Quilombo no Ato Público (contra o racismo): “Não importa o que você diga, que eu assino embaixo”. Pela primeira vez, para mim, alguém me fazia refletir sobre a responsabilidade que se tem quando se começa um trabalho “por aí”.

5 – O aparecimento do Movimento de Mulheres Negras:

Em, 1975, quando as feministas ocidentais se reuniam na Associação Brasileira de Imprensa para comemorar o Ano Internacional da Mulher, elas ali compareceram, apresentando um documento onde caracterizavam a situação de opressão da mulher negra. Todavia, dados os caminhos seguidos por diferentes tendências que se constituíram a partir do “Grupão”, esse grupo pioneiro acabou por se desfazer e suas componentes continuaram a atuar, então, nas diferentes organizações que se criaram.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

Artigo publicado originalmente em 2012 no Afrokut, atualizado em 22/10/2019


Referências:

Entrevista concedida à revista SEAF.

Lugar de Negro, p. 23

Lugar de Negro, p. 28

Em São Paulo, 07 de julho de 1976, com o objetivo de “protestar contra os últimos acontecimentos discriminatórios contra negros, amplamente divulgados pela imprensa.”

Lugar de Negro, p. 45-46.

Artigo Lélia Gonzalez: Mulher Negra na História do Brasil – Ana Maria Felippe

O Doodle da Abolicionista, negra e feminista: Maria Firmina dos Reis

Doodle 194º aniversário de Maria Firmina dos Reis

O Doodle de hoje celebra a vida e o trabalho de uma mulher negra que ousadamente se manifestou contra a escravidão em um momento em que poucos ousariam.

Maria Firmina dos Reis nasceu na Ilha de São Luís, no Maranhão, em 11 de março de 1822, mas foi registrada somente em 21 de dezembro de 1825, como filha de João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos Reis. Era prima do escritor maranhense Francisco Sotero dos Reis por parte da mãe. Em 1830, mudou-se com a família para a vila de São José de Guimarães, no continente. Viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna mais bem situada economicamente. Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução Primária nessa localidade e, sendo aprovada, ali mesmo exerceu a profissão, como professora de primeiras letras, de 1847 a 1881.

“É horrível lembrar que as criaturas humanas tratam seus semelhantes assim”, escreveu a escritora e educadora brasileira Maria Firmina dos Reis em seu romance abolicionista de 1859, Úrsula.

Maria publicou poesia, ensaios, histórias e quebra-cabeças em jornais e revistas locais, além de compor canções abolicionistas. Publicada sob o nome Uma Maranhense (“uma mulher maranhense”), Úrsula retratava os escravizados como seres humanos desejando liberdade e expunha os males daqueles que lucravam com o tráfico de escravos. Agora reconhecido como o primeiro romance afro-brasileiro, o trabalho pseudônimo caiu na obscuridade antes de ser revivido na década de 1960. Úrsula foi reimpressa, desde então, inspirando uma nova apreciação para essa pensadora e ativista pioneira.

Maria Firmina dos Reis, é a única mulher dentre os bustos da Praça do Pantheon, que homenageiam importantes escritores maranhenses, em São Luís.

Google não tem consciência Negra!

O Google não fez o Doodle da Consciência Negra

Desde 2008 o Afrokut, vem acompanhando os doodles do Google, tem questionado a não homenagem com um Doodle no Dia Nacional da Consciência Negra.

Em 2008 na data 20 de novembro, dia da Consciência Negra, o Google preferiu homenagear René Magritte um pintor europeu e não Zumbi. Neste dia foram questionados, através de e-mails enviados, os dirigentes do Google no Brasil.

Depois disso, era esperado que em 2009 o Doodle da Consciência Negra do Google, aparecesse, mas não aconteceu. De 2010 a 2018,  no  Dia 20 de novembro, o Google permaneceu o mesmo, sem nenhum doodle da Consciência Negra. Esperamos que em 2019 aconteça o Doodle no Dia Nacional da Consciência Negra.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut