Morre a Bailarina Michaela Mabinty DePrince

Descanse no poder: Bailarina Michaela Mabinty DePrince

Com dor no coração, compartilhamos a perda da bailarina estrela Michaela Mabinty DePrince, cuja arte tocou inúmeros corações e cujo espírito inspirou muitos, deixando uma marca indelével no mundo do ballet, e além.

A vida dela foi definida pela graça, propósito e força. Seu compromisso inabalável com sua arte, seus esforços humanitários e sua coragem em superar desafios inimagináveis irão nos inspirar para sempre. Ela permaneceu como um farol de esperança para muitos, mostrando que não importa os obstáculos, a beleza e a grandeza podem surgir dos lugares mais escuros.

Embora o tempo dela connosco tenha sido demasiado breve, o seu brilho e legado continuarão a brilhar nos corações de todos os que foram tocados pela sua história, nas gerações futuras. Amor e orações vão para a família escolhida, amigos e aqueles que a amavam.

Sinceramente,
Equipe MDP

Michaela Mabinty DePrince fez história como a mais jovem dançarina principal no Teatro de Dança do Harlem, antes de se mudar para a Holanda para dançar com o Ballet Nacional Holandês. Sua carreira progrediu no Boston Ballet após seu retorno aos Estados Unidos, onde ela continuou cativando o público com suas performances.

Através de suas memórias, Taking Flight: From War Orphan to Star Bailarina, DePrince compartilhou sua inspiradora jornada de resiliência e triunfo, que foi traduzida para vários idiomas e publicada em doze países. Seu livro de acompanhamento, Ballet Dreams, solidificou ainda mais seu impacto, estendendo sua influência muito além do palco.

DePrince também era um humanitário dedicado, defendendo as crianças afetadas por conflitos e violência. Ela serviu como Embaixadora da War Child Holland e organizou a sua gala, Dare to Dream, dedicada a promover o bem-estar e a saúde mental das crianças que vivem em zonas de guerra.

Afrokut

Imagem: Wikkie Hermkens

Nota Pública de Esclarecimento: Página Doutora Brinquedos do Facebook

Nota de Esclarecimento

A página do Facebook  denominada “Doutora Brinquedos“, tinha sido HACKEADA, com postagens inadequadas e fora da temática, a página foi invadida. 

Comunicamos que já recuperamos a página e que ela voltou a normalidade.

Agradecemos a compreensão e pedimos  desculpas pelo ocorrido. 

Rede Afrokut. 

Movimento Negro Evangélico de Pernambuco repudia o ato de racismo religioso sofrido pelo Terreiro das Salinas

O Movimento Negro Evangélico de Pernambuco vem através desta nota repudiar de maneira veemente o ataque contra o Ilê Axé Ayabá Omi, entendendo que é necessária uma resposta urgente do poder público garantindo a liberdade e diversidade religiosa que são direitos humanos e básicos.

Sabemos que o incêndio criminoso que ocorreu no Terreiro das Salinas no dia 01 de janeiro de 2022, é fruto do racismo religioso que constitui esse país. O deus dos fundamentalistas cristãos é um deus que queima terreiros, um deus morto, que nada tem a ver com o Deus que confessamos. Por isso é nosso dever dizer que o único motivo para as violências sofridas pelas religiões de matriz afro-brasileiras e indígenas, é o racismo. Essa lógica que nos desumaniza, que demoniza as nossas crenças e como olhamos para o mundo. Acompanhamos a um tempo o trabalho do Terreiro de Salinas, seu compromisso com a comunidade local no enfrentamento à fome e também no reforço escolar que é oferecido no local.

Nos comprometemos a acompanhar todo o processo de reconstrução do terreiro e também de dialogar de maneira profunda com as nossas irmãs e irmãos vítimas de um ato tão violento, que é o de ter seu sagrado violado.

Por último, queremos dizer que o ministério de Jesus de Nazaré encarna nos perseguidos da história, nos que são demonizados e excluídos. Nos que são assassinados e empobrecidos todos os dias no Brasil. Se existe algo diabólico no contexto religioso brasileiro, se chama racismo religioso. Isso sim que é obra do mal, dos que tentam matar, roubar e destruir quem somos como comunidade negra. Por este motivo, também, não toleraremos qualquer associação das religiões de Matriz Africana com o inferno. Nossas irmãs e irmãos de terreiro merecem respeito, humanidade e liberdade para viverem plenamente a sua fé.

Colegiado do Movimento Negro Evangélico de Pernambuco

Nota de solidariedade à pastora Odja e sua família e de repúdio às ameaças de morte sofridas

Nota de solidariedade à pastora Odja Barros e sua família e de repúdio às ameaças de morte sofridas.

A Rede Afrokut enfatiza seu repúdio contra ameaças de morte sofridas pela pastora Odja Barros, da Igreja Batista do Pinheiro, Maceió em Alagoas. As ameaças contra a vida da pastora e teóloga Odja Barros e sua família ocorreram após a religiosa ter celebrado no dia 11 de dezembro de 2021 um casamento homoafetivo entre duas mulheres. O casamento ocorreu em um salão de festas de Maceió e foi uma das primeiras cerimônias realizadas no país entre pessoas do mesmo sexo por pastores batistas — a primeira que se tem notícias celebrada por uma mulher, que em muitas igrejas batistas sequer podem exercer a função de pastora.

Conforme o site g1, o pastor Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro e esposo de Odja Barros, a família toda está assustada com as ameaças.

Desde 2016 nós somos criticados pelo nosso trabalho junto às minorias, até campanha pessoal contra nós foi realizada. Mas quando isso toma essa proporção, de alguém ameaçar dar cinco tiros na cabeça da minha esposa, e cita que está monitorando minha família, nos dá a certeza que estamos vivendo uma barbárie. O debate deve acontecer no campo das ideias, quando as discordâncias viram ameaças de morte, é sinal disso”, relatou o pastor.

A Igreja Batista do Pinheiro é uma igreja acolhedora para todas as pessoas, pratica o cristianismo com respeito e apoio a todos os setores excluídos e oprimidos na sociedade, somando com os movimentos sociais na defesa dos direitos humanos. A Igreja Batista do Pinheiro tem sido um foco de resistência contra várias formas de injustiças, um exemplo notável foi a criação da Pastoral da Negritude, fundada por um grupo de pessoas comprometidas em despertar a comunidade evangélica para uma consciência negra, com a proposta de fazer uma releitura da bíblia na ótica étnico racial, resgatando a presença e a cultura africana na história bíblica. Também contribuir na inclusão social dos(as) afrodescendentes, na luta contra a discriminação racial, preconceitos, e xenofobia.

Portanto, manifestamos nossa incondicional solidariedade à pastora Odja Barros e a toda comunidade do Pinheiro e cobramos as autoridades do estado de Alagoas a identificação e punição dos covardes agressores, que se escondem com o vergonhoso véu do anonimato, respondam pelos seus atos.

Rede Afrokut

Imagem: arquivo pessoal

Morre o reverendo Antonio Olímpio de Sant’Ana

Morreu ontem (16/07/2021) em Piracicaba (SP), aos 84 anos, o reverendo Antonio Olímpio de Sant’Ana, da Igreja Metodista do Brasil, ativista de direitos humanos e pioneiro na luta antirracista nas igrejas protestantes no Brasil. Ele estava em cuidados paliativos devido a um câncer no estômago. O reverendo Sant’Ana deixa esposa e filhas.

O reverendo “Antonio Olímpio de Sant’Ana” deixa um grande legado

“Minha religião é Metodista, mas a minha espiritualidade é negra. Antes de ser metodista e cristão, sou negro.” Reverendo Sant’Ana

Sant’Ana se transformou num dos mais ativos militantes religiosos na luta contra o racismo. Uma militância que extrapolou as fronteiras brasileiras. Seu quilométrico currículo inclui publicações nacionais e internacionais e participação na elaboração do documento oficial brasileiro para a Conferência da ONU contra o Racismo, em Durban, África do Sul, em 2001. Foi membro do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), do Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI) e do Conselho de Igrejas Evangélicas Metodistas da América Latina (Ciemal).

Reverendo Sant’Anna não atuou só em entidades religiosas, mas em várias outras do Movimento Negro e da luta pelos Direitos Humanos, foi membro do Conselho do Olodum por cerca de 25 anos.

Segue um singelo recorte da vida, pensamento e luta de Antonio Olímpio de Sant’Ana, nas suas proprias palavras:

Direitos Humano versus Ditadura, tortura, assassinatos e o silêncio das igrejas

O despertar para os direitos humanos passa sempre pela dor e sofrimento do povo. Passa pela prática da injustiça geradora de tanta miséria e corrupção. E não nos esqueçamos que, entre aqueles que introduziram a discussão sobre Direitos Humanos no Brasil, estão algumas Igrejas que, por meio de seus vários grupos liderados por teólogos, sociólogos, antropólogos, educadores, pastores(as) e líderes populares, todos impulsionados pela fé, introduziram no interior das igrejas locais a discussão sobre a vinculação profunda que havia entre os direitos humanos e a pessoa humana. Muitos “irmãos e irmãs” ignoraram, mas muitos de nós nos tornamos frutos daqueles momentos de esperança, amor e potente fé que superavam os medos e covardias diante da ditadura opressora. Havia uma igreja atuante, presente na liderança e na base de nossas igrejas, e outra igreja silenciosa, negando-se ao sagrado exercício da profecia e testemunho em momentos de perseguição, sofrimentos e sacrifício. Reverendo Sant’Anna

A força e testemunho da igreja atuante

Quem não se lembra das lições da escola dominical que discutiam abertamente se o “cristão deveria ser de direita ou esquerda, das lições que nos desafiavam a agir como cidadãos e cidadãs responsáveis, homens e mulheres de boa vontade, praticantes de uma fé encarnada na realidade, das memoráveis celebrações ecumênicas da Praça da Sé organizadas por grupos sociais bem diversificados, onde participei não poucas vezes como o orador evangélico, Henry Sobel representando a comunidade judaica e o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns representando a comunidade católica. Falávamos para milhares e milhares de pessoas que se acotovelavam naquele “espaço de liberdade”. Chegávamos e saíamos os três no carro do Cardeal por razões de segurança. Era perigoso? Era. Mas foi um momento grandioso viver a pujança da nossa fé e testemunhar que Jesus Cristo é O Senhor, Aquele que derruba os muros da desigualdade e fortalece a prática da justiça. Reverendo Sant’Anna

As grandes celebrações ecumênicas

Na década de 60, 70 e 80 em Belo Horizonte, marcaram muito a minha vida e meu ministério pastoral. Formar parceria no púlpito com Dom Hélder Câmara e os padres carmelitas na Igreja Católica Romana do Carmo, Belo Horizonte, por vários anos seguidos foi uma fantástica experiência para a minha postura de fé e de missionário junto ao povo sofrido. Aprendi com Dom Hélder, grande servo do Senhor, que quando assumimos a postura profética, estamos seguindo os passos dos grandes baluartes da fé, participantes de uma “linha de esplendor sem fim” que não se matrimoniaram com o poder opressor constituído. Reverendo Sant’Anna

Direitos Humanos são Direitos Divinos: a feliz parceria com os pentecostais

O que me levou ao diálogo com os pentecostais e outros grupos religiosos não pertencentes ao diálogo ecumênico tradicional, histórico, foi a minha aproximação com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), Brasília, em meados dos anos 90. Desafios me empurravam para áreas inexploradas e algumas perguntas angustiantes sobre a ineficácia e morosidade das relações ecumênicas precisavam de respostas e estas só podiam ser conseguidas com um diálogo corajoso e respeitoso. Reverendo Sant’Anna

Comissão Nacional de Combate ao Racismo e a Cenacora

Em setembro de 1985, exercendo o cargo de Secretário Geral de Ação Social da Igreja Metodista no Brasil, devidamente autorizado pelo Conselho Geral da Igreja Metodista, e com o apoio financeiro da Junta de Mulheres Metodistas dos Estados Unidos e do Programa de Combate ao Racismo do Conselho Mundial de Igrejas, Genebra, contando ainda com a inestimável simpatia de Clai e Ciemal, convocamos o “Primeiro Encontro Nacional do Negro Metodista” no Rio de Janeiro, no Instituto Metodista Bennett. Sessenta e dois negros, sendo 42 metodistas vindos de todas as regiões eclesiásticas e 20 negros ativistas experientes convidados para compartilhar o seu saber específico para os negros metodistas. Solidarizaram-se com o nosso inédito encontro repassando a sua experiência, entre outros, Benedita da Silva, então Deputada Estadual, cineasta Joelzito (Zezito) Araújo, economista Hélio Santos, advogado Antonio Carlos Arruda, a renomada educadora negra Lélia Gonzalez, Herbert de Souza, o Betinho, que orientou-nos quanto à necessidade de se fazer uma análise de conjuntura, necessária para o estabelecimento adequado de estratégias e metodologia de trabalho na luta contra a o poder opressor, gerador de injustiça e de morte.

Ao final dos três dias do encontro é formalizada a criação da Comissão Nacional de Combate ao Racismo, na Igreja Metodista do Brasil. A decisão do negro metodista é comunicada às lideranças eclesiásticas e inicia-se a sua atuação inédita, combatendo o racismo que estava impregnado em nossa hinologia, literatura religiosa, lições da escola dominical e nos sermões. A pesquisa e análise da existência do racismo na vida e obra da Igreja Metodista alcançaram resultados positivos e logo se tornaram conhecidos da militância de outras Igrejas Nacionais, gerando ao longo destes anos o surgimento de comissões, grupos e militâncias individuais contra o racismo. Reverendo Sant’Anna

CRIAÇÃO DA CENACORA

Como Secretário Geral de Ação Social da Igreja Metodista, após articulações feitas no início de 1986, foram convidados representantes das Igrejas Nacionais, membros do CONIC- Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, objetivando a criação de uma comissão ecumênica semelhante à da Igreja Metodista. Reunidos na Chácara Flora, S.Paulo, os representantes das Igrejas membros do CONIC concordam na criação de um organismo semelhante que pudesse “representar” as Igrejas fundadoras: Episcopal do Brasil, Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, Metodista do Brasil, Presbiteriana Unida do Brasil e Católica Apostólica Romana. Mais tarde retira-se a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, agregando-se, contudo, outras duas, Igreja Católica Ortodoxa Siriana do Brasil e Igreja Evangélica Luterana do Brasil. E por decisão da Assembléia da Cenacora, foram recebidas como membros as organizações evangélicas dedicadas ao combate ao racismo: Missões Quilombo e Instituto Nacional de Debates Nelson Mandela, ambas de S.Paulo; Igreja Pentecostal “O Brasil para Cristo” e um grupo do Rio de Janeiro, de maioria Batista, Markingjr , Movimento de Ação e Reflexão Martin Luther King Jr. Reverendo Sant’Anna

Do Afrokut

Morre o antropólogo e professor John Burdick

John Burdick nasceu em Massachusetts, era professor de antropologia da Syracuse University, EUA. John viveu na Baixada Fluminense na década de 80, era conhecido entre nós no Brasil pelas suas pesquisas engajadas e tom militante. Burdick veio ao Brasil pela primeira vez em 84 influenciado pela Teologia da Libertação. Segundo a família, o professor morreu sábado (04/06), nos Estados Unidos, após uma batalha de 8 meses com um cancro extremamente agressivo. John Burdick era casado com  Judy Malkin, e deixa dois filhos:  Ben Burdick e Molly Burdick.

John Burdick foi inovador na sua pesquisa, discutindo relações entre pentecostalismo e identidade negra no Brasil. Burdick também pesquisou sobre o Movimento Negro Evangélico, levando a luta dos negros cristãos para o campo acadêmico. Atualmente John Burdick estava liderando um projeto que busca contribuir para discussões de políticas internacionais sobre moradias populares em todo  mundo. Reunindo antropólogos, um geógrafo, um arquiteto / urbanista e um defensor da habitação, no centro do Rio de Janeiro.

John Burdick deixa um grande legado na forma de muitos livros e artigos publicados, alguns inclusive já traduzidos no Brasil. Como o seu primeiro livro, “Procurando Deus no Brasil“, publicado pela editora Mauad. O público brasileiro precisa conhecer o seu pensamento,  assim, ao assimilar alguns de seus mais importantes conceitos, possa também aplicá-los na análise da nossa realidade e caminhada.

“Ele queria tanto marchar com o movimento Black Lives Matter. Ele nem conseguia andar, mas queria marchar. Eu sempre vou me orgulhar dele.” Molly Burdick, filha de John Burdick.

Por se tratar de uma pessoa dessa grandeza e com um tão importante legado, segue  uma lista de alguns dos seus livros e artigos:

Livros de autoria de John Burdick

  • A Cor do Som: Raça, Religião e Música no Brasil. Nova York: New York University Press.

  • Legados da libertação: a Igreja Católica Progressiva no Brasil no início de um novo milênio. Londres: Ashgate International

  • Abençoada Anastácia: Mulheres, Raça e Cristianismo Popular no Brasil. Nova York: Routledge.

  • Procurando Deus no Brasil: A Igreja Católica Progressiva na Arena Religiosa do Urbano Brasil. Berkeley: University of California Press. Traduzido para o português como A Procura de Deus no Brasil: Uma Igreja Católica Progressista na Arena Religiosa do Brasil Urbano. Rio de Janeiro: Editora Mauad, 1998.

Artigos de John Burdick em revistas especializadas:

  • Os cantores negros do evangelho são intelectuais orgânicos? Música, Religião e Identidade Racial em São Paulo, Brasil ”. Revista Afro-Hispânica 28.2: 211-222

  • Uma conversa entre estudiosos da resolução de conflitos e do movimento social”. Em co-autoria com Beth Roy e Louis Kriesberg, Conflict Resolution Quarterly 27/4: 347-368

  • A voz do cantor e a política racial no cenário da música evangélica brasileira“. Revista Latino-Americana de Música 30: 1: 25-55,

  • Identidade coletiva e pensamento racial na cena negra da música gospel de São Paulo”. Música e artes em ação 1: 2: 16-29

  • Classe, lugar e negrume no cenário da música gospel de São Paulo”, Estudos Étnicos e Raciais da América Latina e Caribe Volume 3, Edição 2 julho: 149 – 169

  • Por que o movimento evangélico negro está crescendo no Brasil? ” Revista de Estudos Latino-Americanos 37/2 (maio): 311-332.

  • Negra e Mestiça: significados emergentes na pastoral negra do Brasil“, Luso-Brazilian Review 39/1 (março): 95-101.

  • Tortura e Redenção “. Religião e Sociedade 20/1: 55-65.

  • A Igreja Católica Liberacionista no Brasil.” Antropólogo americano. 101 (2): 420-423.

  • Qual é a cor do Espírito Santo? Pentecostalismo e identidade negra no Brasil“. Latin American Research Review 34/2: 109-131.

  • O círculo eleitoral perdido dos movimentos de consciência negra do Brasil”, Perspectivas Latino-Americanas 98/2 (janeiro): 136-155.

  • A cura e a hegemonia: interpretação da política de uma comunidade brasileira”, Nova Antropologia: Revista de Ciências Sociais. Vol. 15, n. 50 (outubro): 91-112.

  • O espírito dos escravos rebeldes e dóceis: a versão negra da umbanda brasileira.” Journal of Latin American Lore.18: 163-187.

  • Unindo teoria e prática no estudo dos movimentos sociais: notas em direção a um realismo esperançoso“. Anthropology Dialectical 20 (1995): 361-385.

  • A Igreja Católica Progressista na América Latina: dando voz ou ouvindo vozes?” Latin American Research Review 29/1 (Primavera): 184-196.

  • Observações sobre a Campanha da Fraternidade de 1988 na Baixada Fluminense.” Comunicações do ISER 40: 42-47.

  • Fofocas e sigilo: a articulação de conflitos domésticos em três religiões do Brasil urbano”, Análise Sociológica 51/2 (verão). 153-170.

  • A Queda do Profeta Negro: O Significado Ambivalente de Raça no Pentecostalismo”. Comunicações do ISER 33: 43-63.

  • Da virtude à boa forma: a acomodação de um plantador na Virgínia pós-guerra“. Revista de História e Biografia da Virgínia 93/1 (janeiro): 14-35.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

Manifesto de apoio à Yalorixá e ativista pelos direitos humanos Mãe Beth de O’xum

O Movimento Negro Evangélico em Pernambuco, manifesta apoio à Yalorixá e ativista pelos direitos humanos Mãe Beth de O’xum, mulher íntegra, comprometida com a promoção da justiça social para a população negra.

No último dia 17 de Novembro, após expressar sua indignação (que para nós não é apenas individual, mas coletiva), diante das sistemáticas práticas racistas perpetradas contra o povo de terreiro, e protagonizada por alguns pastores evangélicos, Mãe Beth de O’xum está sendo processada por membro (ou membros) da banca evangélica estadual que alega se sentir ofendido com as palavras da sacerdotisa.

Reconhecemos na manifestação da Mãe Beth de O’xum uma expressão da condição de injustiça social em perseguição e intolerância religiosa sofrida pelos povos de religiões matrizes afro-brasileiras. Pois sabemos que, segundo dados do Dique 100 (2018), as religiões de matrizes africanas, umbanda e candomblé são as principais vítimas do racismo religioso habitualmente cometido por pessoas ou grupos ditos cristãos no Brasil. Diante disso, e até o presente momento, desconhecemos projetos e ações propostas ou criadas pelos acusadores de Mãe Beth, e das bancadas evangélicas de modo geral, para eliminar esse tipo prática criminosa que é recorrente no segmento de seus adeptos religiosos.

Sublinhamos ainda, que defendemos o princípio de laicidade do Estado Democrático, a liberdade de expressão, o respeito à diversidade religiosa em todas as suas manifestações e expressões, e o combate veemente a qualquer prática racista e sexista, seja ela originada de um único líder religioso ou de um grupo deles. Nós do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco somos população negra, respeitamos a trajetória da religiosidade e fé de matriz afro-brasileira para a resistência e sobrevivência do povo negro até os dias atuais e na construção de sociedade brasileira.

Recife, 23 de Novembro de 2019.
Colegiado do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco.

Morre o professor Carlos Nobre

Carlos Nobre Cruz, 66 anos, morreu na manhã desta terça-feira, 15 de outubro, dia do professor – categoria profissional a qual tão bem representou junto a seus alunos. Ele sofreu três paradas cardíacas, duas das quais revertidas durante a madrugada, em decorrência dos problemas com a diabetes. O enterro será nesta quarta-feira, às 13h no cemitério de Irajá. Não haverá velório.

Carlos Nobre foi um jornalista comprometido com a defesa dos Direitos Humanos e a igualdade racial. Um pesquisador e professor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio. Formado em Jornalismo, mestre em Ciências Penais pela Universidade Cândido Mendes, pesquisador Nirema (Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente) do Departamento de História da PUC-Rio.

Nobre, com currículo tão rico, nunca deixou de ser repórter. Sempre atento, apurando e investigando fatos, que seriam objetos de matérias jornalísticas, livros, seriados ou cursos voltados para releituras das ligações históricas entre o continente africano e o Brasil. Autor de oito livros sobre discriminação racial, segurança pública e cultura afrobrasileira. Foi autor e coordenador da Coleção de Livros Personalidades Negras da Editora Garamond(RJ).

Descansa em Paz Irmão!

Rede Afrokut