A filosofia Ubuntu no filme Rei Leão

No filme Rei Leão, nos deparamos com a filosofia Ubuntu. Como é de se imaginar, todo o filme se passa no continente africano. Mesmo lugar do nascimento da filosofia Ubuntu. Além da filosofia, o filme Rei Leão é repleto de elementos da cultura de toda a África.

No inicio do filme a filosofia Ubuntu  é mostrada no discurso de Mufasa. O pai, quando decide mostrar o reino para o filho, escolhe cuidadosamente as palavras para exemplificar o ciclo da vida e, acima de tudo, como um rei deve respeitar esse equilíbrio.

Mufasa: Tudo o que você vê existe num delicado equilíbrio. Como rei, você precisa compreender esse equilíbrio e respeitar todas as criaturas, desde a formiga rastejante ao antílope que salta.

Simba: Mas pai, não comemos os antílopes?

Mufasa: Sim, Simba, mas me deixe explicar. Quando morremos, os nossos corpos se tornam grama e os antílopes comem a grama. E assim estamos todos conectados no Grande Ciclo da Vida.”

Uma coisa muito curiosa no filme Rei Leão é a relação da espiritualidade com o personagem Rafiki. O mesmo é quem nos apresenta esse lado mágico e espiritual do universo do filme. Assim, descobrimos que a natureza se comunica de alguma forma com ele sempre que algo relevante precisa ou está prestes a acontecer.

Além disso, Rafiki nos ensina que os animais acreditam e conseguem se comunicar com os seus reis do passado. Um conceito espiritual e religioso muito interessante e semelhante ao que podemos ver em Pantera Negra, da Marvel.

Mas o que isso tem a ver com Ubuntu? Bem, como estamos vendo, Ubuntu se relaciona com o equilíbrio, com garantir que tudo corra bem para todos e entender que ninguém pode nada sozinho. É basicamente isso que Rafiki procura fazer, garantindo que o ciclo da vida continue de forma harmônica. Sempre que algo está prestes a atrapalhar isso, ele aparece.

Seja para lembrar a importância de se governar corretamente, como para nos mostrar que devemos aprender com os erros do passado e garantir um presente e futuro melhor para todos. Isso é Ubuntu! Parte do artigo  “A filosofia Ubuntu no filme Rei Leão” – Mochila & Prosa

Afrokut

Imagem: Aprendendo o Ubuntu desde criancinha.
Fonte: Brand South Africa.


https://afrokut.com.br/blog/o-que-e-ubuntu/

Wakanda: O maravilhoso reino afrofuturista do Pantera Negra

O filme Pantera Negra é um acontecimento muito especial e ousado da Marvel, o que torna Pantera Negra um filme especialmente fascinante é a introdução da terra natal do Pantera Negra: o reino de Wakanda, uma maravilhosa terra repleta de tecnologias e com uma forte cultura rica que prospera nos tempos modernos no coração da África, simulando uma versão da África que foi permitida prosperar sem a imposição de cultura e colonização.

No filme, o Pantera Negra, cuja identidade secreta é a de T’Challa, também príncipe de Wakanda, volta para sua terra natal depois que seu pai é assassinado, tornando-se assim, o rei. Wakanda é um reino africano que prosperou graças à extração de um mineral raro e com diversas propriedades chamado vibranium, o metal mais raro e precioso do universo. O vibranium foi usado nas roupas e garras do Pantera Negra (é o material fundamental no escudo do Capitão América). Principalmente pela abundância do mineral, Wakanda é considerado um dos países mais ricos e cientificamente avançados nesta ficção da Marvel.

Devido ao isolacionismo intencional do país, Wakanda está à frente dos países vizinhos em avanços tecnológicos, criando sistemas informáticos impermeáveis à ataques externos. Também é reconhecida por sua medicina avançada e cura, como um subproduto de uma forte ordem religiosa. As práticas religiosas de Wakanda estão interligadas com a monarquia da nação, mantendo os antigos valores religiosos e culturais. Por isso, brilha como um reino construído em tecnologia e magia, sem deixar vestígios de pobreza ou doença, sendo verdadeiramente um reflexo de um afrofuturismo que pode ser encontrado nas histórias do Pantera Negra desde sua criação.

O que torna o filme Pantera Negra tão inovador, foi estabelecer Wakanda longe dos estereótipos “primitivos” e “selvagens” habituais associados à África, como se vê em filmes como Tarzan e muitos outros. Diferente disso, mostra-se um poderoso poder em Wakanda que nunca sentiu os efeitos do colonialismo ou imperialismo branco. Os criadores do Pantera Negra parecem determinados a corrigir as coisas, recorrendo a viagens de pesquisa para a África, recursos históricos e referências culturais específicas. Além do elenco de atores africanos e afro-americanos e a língua nacional de Wakanda sendo o idioma africano, Xhosa.

Pantera Negra não é apenas um filme de super-heróis que agrada e busca audiência, é uma história sobre reis e reinos, também é uma história sobre pais, linhagens e conflitos geracionais. Mesmo parecendo uma história contada em muitos enredos de filmes, o Pantera Negra está dizendo isso de uma maneira nova (Isso sem mencionar a representatividade, o que significa a identidade desses heróis negros e todo o reino mostrados de forma tão poderosa para meninos e meninas negras, heróis negros sendo representados com maior profundidade no Universo Cinematográfico Marvel.) É um momento vital na história do cinema e uma exploração sincera e reflexiva das cicatrizes do colonialismo e da esperança de cura. No Pantera Negra existe empoderamento e orgulho. Um filme com a finura preternatural da “magia negra” no cinema, o que poderia ser uma visualização daquela utopia negra que os pan-africanistas já sonharam.

Por Hernani Francisco da Silva – Ativista Quântico Negro – Do Afrokut

A África é aqui!

Igreja, a negra e o negro que está dentro do seu templo, no seu bairro, na sua cidade, no seu estado e no seu país é a sua África. E defender os seus direitos, segundo o Evangelho, essa é a sua grande missão!

“O Brasil é o segundo país mais negro do mundo. Só perde para a Nigéria, nação mais populosa da África”.

Uma igreja que diz ter o chamado missionário para pregar o reino de Deus em África, mas que não se preocupa com as questões étnico-raciais do seu próprio país, onde as negras e os negros são mais da metade da população e nem tão pouco se envolve no combate as injustiças raciais que os oprime, a saber, o racismo, o preconceito, a discriminação, as desigualdades e genocídio da juventude negra, essa igreja certamente está equivocada quanto ao seu chamado e do lado errado da justiça.

Não faz nenhum sentido, uma igreja dizer que ama a África, mas não se preocupa com milhares de jovens negros que estão morrendo ao lado do seu templo. Não faz nenhum sentido uma igreja que diz que ama a África, mas discrimina as mulheres negras dentro do seu templo.

Não faz nenhum sentido, uma igreja que diz amar a África, mas que não ama os africanos e os chamam de um povo amaldiçoado. Não faz nenhum sentido, alguém dizer que ama a África, mas não ama o seu povo, antes o trata com intolerância, não respeita a sua religião, demoniza a sua cultura, as suas vestes e os seus cabelos.

Não faz nenhum sentido, uma igreja que diz amar a África, mas que não estende a mão aos imigrantes haitianos e africanos que sofrem o racismo e a xenofobia, em nosso país.

Eu desconfio de uma igreja que quer fazer missão em África, quando ela não se importa com a dor sofrida pelos filhos da África, a saber, as negras e os negros, com os quais ela convive no seu dia a dia.

A quem esta igreja representa? Qual seu objetivo em ir para a África, quando não assiste as filhas e os filhos dela que estão aqui? Porque o reino de Deus é JUSTIÇA, PAZ e ALEGRIA no Espírito Santo. A justiça sempre foi parte integrante do evangelho do nosso Mestre e não apenas uma metáfora ou um conceito moderno. Essa igreja precisa urgente rever a sua teologia, assim como, as suas motivações e suas práticas.

Por Luiz de Jesus