O que é Afropresentismo?

O Afropresentismo é o Afrofuturismo em movimento. É uma maneira de encarar o presente e as realidades alternativas através de uma lente cultural negra. O Afropresentismo é personificação do que está acontecendo no aqui e agora, nossa realidade atual. Embora o termo seja novo a palavra foi cunhada por Neema Githere, uma estudante de Estudos Africanos da Universidade de Yale, que lidera uma pesquisa sobre a cultura afrodiaspórica na era digital. Ela cunhou o termo depois de uma conversa que teve com a curadora ganense Nana Osei-Kwadwo em Accra em 2017, na qual ela disse: “África não é o futuro, é o Presente”.

“Nós estávamos lá juntos, como parte de uma viagem à Tastemakers África para o Chale Wote – a maior feira de arte de rua da África Ocidental – imersa na inconfundível energia afropresentista daquele encontro. A definição mais antiga que montei para o afro-presentismo foi um arquivamento de gênero, documentário e artes plásticas nas e através das novas mídias, na expressão de uma realidade vivida por afrofuturistas.

Nos anos desde então, minha conceituação do afro-presentismo evoluiu para algo mais amorfo – mais criptografado se poderia dizer. É um conceito que é ao mesmo tempo uma estética e um verbo. É texturizado, vibrante, sem desculpas, efêmero e simultaneamente atemporal.

No Afropresentismo, você está canalizando seus ancestrais através de todas as tecnologias à sua disposição – meditação, conversação, amor, Web – e transformando absolutamente tudo em um portal que o leva exatamente onde você precisa estar, neste momento, para o próximo. Até que finalmente, o espaço entre o sonho e a memória desmorona e se torna realidade – agora.” Neema Githere sobre Afropresentismo.

Ainda na visão da curadora Neema Githere, o Afrofuturismo é nave-mãe da qual nasceu o Afropresentismo e são diferentes.

“Penso no afrofuturismo como a visão da nave-mãe da qual nasceu o afropresentismo. É o gênero de ensino que tornou o futuro possível para nós hoje. E, ao mesmo tempo, sinto que o afropresentismo é distinto, pois não situa o futuro como um lugar de utopia escapista; ao contrário, pretende reivindicar espaço de forma corajosa e sem desculpas no Presente.

O afrofuturismo foi evocado para se referir longamente à infusão de avanços tecnológicos e experimentações na produção cultural negra. Apresento o Afropresentismo como um gênero distintivo, menos sobre o que poderia ter acontecido ou poderia acontecer; e, em vez disso, uma personificação do que aconteceu, do que está acontecendo.

O Afropresentismo diz – Agora somos o povo diaspórico africano que vive no futuro de nossos ancestrais. O que estamos fazendo com isso? Como estamos alquimizando nosso deslocamento? Como estamos ativando o passado, para colocar o presente em movimento, em direção ao futuro? Como um modo de SER no mundo, neste momento.” Neema Githere.

No Brasil, o movimento Afropresentismo teve como precursor o artista plástico recifense Samuel d’Saboia, que usa de uma estética contemporânea para redefinir a representação do negro na arte. Aqui no Brasil o afropresentismo surgiu como um contraste com o Afrofuturismo, que idealiza o negro no futuro, o Afropresentismo quer pensar o negro no Aqui e Agora.

“Nós Afro Transcendemos entramos no Afropresentismo, uma era sem limite cronológico. Gilberto Gil disse em sua música “Aqui e Agora” no álbum Refavela, em 1977, que: “O melhor lugar do mundo é aqui, / E agora / Agora onde está indefinido / Agora é quase quando”. E é isso. Se fazemos parte do presente e isso é um fato além da nossa vontade, não temos o poder de nos teletransportar para o futuro ou reviver o passado em nossos ancestrais, apenas o Afro Transcendemos a dor do passado colonial de nosso povo em energia criativa para construir o futuro que é, na realidade, o nosso presente.” Tirado do artigo Afro Transcendemos e Estamos Chegando ao Presentismo, do Culture Lime.

Para entender o Afropresentismo precisamos olhar na Ciência Espiritual Kemética. Ela nos ensina que o passado, presente e futuro são todos um. Assim, como o passado, presente e futuro estão dentro do tempo cíclico e são um. O Afropassadismo, que entendemos aqui como Sankofa, o Afropresentismo e o Afrofuturismo também são um. Mas, cada um tem seu papel em nossas vidas e são distintos.

Na visão ocidental de tempo, um evento é um componente do tempo – esse tempo existe como uma entidade em si e se move. O movimento do tempo é linear, vindo de trás de nós. Conforme o tempo passa, se você não usá-lo, ele se foi. A filosofia Kemética centrada na África opõe-se à ideia eurocêntrica de progressão linear direta no tempo, do começo ao fim.

Na visão Kemética do tempo, o movimento é cíclico e espiral, o tempo flui para trás: ele flui em sua direção a partir do futuro, e quanto mais rápida a atividade, mais rápido o tempo flui. O tempo é criado, em certo sentido. O tempo é um componente da vida e é recuperável. Se na visão Kemética o que chamamos de passado, presente e futuro são todos um, um evento no passado ou no futuro pode alterar o que chamamos de presente:  mudar algo que ocorreu no seu passado, que criou o seu futuro – que agora é o presente. O Afropresentismo não vê o tempo como linear. Assim, como no  Afrofuturismo, o tempo é cíclico, pode se mover em todas as direções e trata do passado, presente e futuro como uma experiência ditada pelas infinitas possibilidades da realidade a partir do Observador: o Eu Presente controlando o passado e o futuro. 

Na perspectiva do Afrokut, o Afropresentismo é o Ciclo Sankofa, que está inserido na dimensão do tempo, que olha para o Passado (Afropassadismo), ressignifica o presente (Afropresentismo) e cria o futuro desejado (Afrofuturismo). Entrelaçamos aqui o Princípio do Ciclo com o Conceito SankofaSan (voltar, retornar), Ko (ir), Fa (olhar, buscar, pegar). Nesta perspectiva, o tempo opera através do Ciclo e da Sankofa que reforça a importância de olharmos para o Presente sem nunca esquecermos nossas raízes. O Ciclo Sankofa  está inserido na dimensão do tempo e navega no passado ( Afropassadismo), no presente (Afropresentismo) e no futuro (Afrofuturismo).

Enfim, penso que o Afropresentismo veio para completar o Afrofuturismo e isso é bom e Kemético. Quem vive Maat e observa os Princípios Keméticos Universais: Leis Quântica do Kemet entenderá a importância de trazer o Afropresentismo para o Afrofuturismo. Principalmente se olharmos A Lei da Polaridade, a quarta das sete leis universais que diz:

Tudo é duplo; tudo tem dois extremos; semelhantes e diferentes têm o mesmo significado; os pólos opostos têm uma natureza idêntica, mas graus diferentes; os extremos se tocam; Todas as verdades são apenas meias verdades; Todos os paradoxos podem ser reconciliados.“

Isso significa que há dois lados para tudo. As coisas que aparecem como opostas são, na verdade, dois extremos da mesma coisa. Por exemplo, calor e frio podem parecer opostos à primeira vista, mas, na verdade, eles são simplesmente graus da mesma coisa variável. O mesmo vale para o passado e o futuro ou o Afropassadismo e o Afrofuturismo.

Este princípio da dualidade e muito real em nossas vidas, mas só funciona nos reinos físicos e mentais, e não no reino espiritual onde tudo é um. O que propomos aqui é: Levanta-se acima da lei da Polaridade, o presente (Afropresentismo) em cima e passado (Afropassadismo) e futuro (Afrofuturismo) em baixo, nesta perspectiva, você (Aqui e Agora) se eleva acima da lei da Polaridade. Isto é o que é dito nos antigos Ensinamentos Keméticos chamados de arte da Polarização.

Por Hernani Francisco da Silva, do Afrokut.

Neema Githere é curadora do Quênia (Maasai-Kikuyu) e educadora de guerrilhas / artista performático. Você pode acompanhar o trabalho de Neema no [email protected] e também em www.presentism2020.com

A consciência de “ser africano no mundo”

Racismo e modernidade a partir da ideia de realidade simulada: física quântica e psicologia negra Sakhu Sheti

Um ensaio sobre a compreensão do racismo a partir da ideia de realidade simulada – Por José Evaristo S. Netto

O escravizamento histórico e a exploração contemporânea do povo africano só poderiam ter sucesso se os significados africanos de ser humano fossem apagados e/ou redefinidos. Apenas quando o centro de sua consciência for afastado dos significados africanos do que é ser humano, ou esses significados forem removidos da sua consciência, o africano pode ser permanentemente escravizado — eis um preceito central da afrocentricidade. Esse processo de descentramento e desafricanização constitui a problemática psicológica chave na compreensão da experiência dos africanos em toda a diáspora.

Afrofuturismo— Fabio Kabral

Retornando a uma parte da perspectiva ioruba de “ser no mundo” que Wade W. Nobles nos traz, e que foi descrita acima:

Como pessoa, o individuo também possui a cabeça interior, ou ori inu. Oludumaré (o ser supremo) dá essa cabeça diretamente. Ela constitui o “espírito” particular da pessoa. Ori inu é o guardião do eu; carrega o nosso destino e influencia a personalidade. Além de emi (essência divina) e ori inu (essência pessoal), a pessoa tem okan. Essa palavra significa coração, mas, como aspecto constituinte da pessoa, representa o elemento imaterial (essência) que é a sede da inteligência, do pensamento e da ação. Assim, por vezes é chamado de “alma-coração” da pessoa. Acredita-se que a okan exista antes mesmo de a pessoa nascer. É a okan dos ancestrais que reencarna no recém-nascido.

A violência da escravização, a colonialidade e o racismo, resumem o maafa que foi a nossa tragédia enquanto povo, o descarrilhamento do nosso caminho de desenvolvimento a partir da nossa centralidade, do significado original de “ser e existir no mundo” sendo uma pessoa negra, africana, não ocidentalizada. Precarizou o nosso espírito particular, nosso Ori inu, enfraqueceu a nossa essência divina, nossa Emi e o contato com as memórias e arquétipos imateriais, os corpos sutis dos nossos ancestrais e antepassados, nosso Okan. Uma vez que não conseguimos mais localizar a nossa essência divina, perdendo também as nossas referências sobre o nosso próprio espírito particular, sobre aquilo que nos é particular, que nos torna únicos, somados ao enfraquecimento dos nossos laços com a nossa história e ancestralidade, fica mais fácil entender como somos dominados por uma realidade simulada que manipula os nossos sentidos e diz o que significa existir no mundo. Hoje, consumimos para existir, talvez porque perdemos estas estruturas e recursos de ser no mundo que eram os trilhos do percurso de desenvolvimento dos nossos povos.

Acredito que somente quando pudermos refletir profundamente sobre a realidade, reelaborando-a baseando na circunscrição da nossa experiência no mundo — e dos nossos ancestrais, conseguiremos produzir um desenvolvimento que fortaleça nossa humanidade, ao invés de nos precarizar.

Podemos construir a própria realidade a partir de uma mudança radical da consciência do que é “ser e existir no mundo”?

Para não perder o foco:

  1. é importante o resgate de que este texto trata de simulação da realidade e do racismo, e em como uma perspectiva ou leitura de realidade considerando as contribuições da física teórica podem auxiliar à um existir no mundo que supere a experiência da colonialidade e do racismo.
  2. retorno a África como forma de reaprendizagem das habilidades ancestrais para acessar arquétipos supre mentais que possibilitassem a nós, nos reconstruirmos sem os viesses da colonialidade e do racismo. Sankofa — se você esquecer, não é proibido voltar atrás e reconstituir.
  3. a história como uma mentira, uma simulação, realidade falseada que cria infraestrutura para a construção da modernidade, onde os povos africanos são inferiores. Este é um exemplo de realidade simulada, que se faz presente hoje de forma hologramática em nossos mecanismos de dialogicidade e construção (reforço) da realidade.

 

Este é um ensaio. Pretendo fazer uma discussão destes assuntos com mais profundidade, articulando-os com as Teorias de Autodeterminação que explicam a motivação humana, e com as Teorias Sócio Cognitivas que explicam conceitos como Agência Pessoal. O próximo texto será a continuação desta discussão, e pretendo trabalhar com alguns conceitos chave da Afrocentricidade. Estou aberto a discussões e ponderações criticas.

 

Por José Evaristo S. Netto – Educador, dedicado aos estudos sobre corporeidade, cultura, identidades, sociocognição, racismo e colonialidade. Mestre em Educação Física.

O que é Afrofuturismo

Na perspectiva do Afrokut, o Afrofuturismo é uma nova tecnologia de cura, memória e justiça, que desestabiliza noções de tempo linear ocidental. O tempo, no mundo do afrofuturismo, é cíclico, pode se mover em todas as direções e trata do passado, presente e futuro como uma experiência ditada pelo ponto de consciência. O Afrofuturismo proposto aqui vai muito além das limitações da ficção científica. Mas como uma lente para entender melhor nossas vidas e suas possibilidades além das circunstâncias atuais. Também reimaginar a ciência e o futuro a partir de uma perspectiva negra.

A Ciclo Sankofa é a nossa nave Afrofuturista onde podemos viajar no tempo e espaço, e coletar percepções no momento dos acontecimentos, disponíveis pela não-localidade quântica, quebrando os conceitos clássicos de tempo e espaço.

A nossa visão é apenas uma face do Afrofuturismo, segundo a Wikipedia o Afrofuturismo é amplo e abrangente, e engloba música, quadrinhos, cinema, moda, artes plásticas e literatura.  É uma estética cultural, filosofia da ciência e filosofia da história que combina elementos de ficção científica, ficção histórica, fantasia,  afrocentrismo e realismo mágico com cosmologias não-ocidentais para criticar não só os dilemas atuais dos negros, mas também para revisar, interrogar e reexaminar os eventos históricos do passado. Cunhado por por Mark Dery em 1993 e explorado no final da década de 1990 através de conversas lideradas pela estudiosa Alondra Nelson. O afrofuturismo aborda temas e preocupações da diáspora africana através de uma lente de tecnocultura e ficção científica, abrangendo uma variedade de meios de comunicação e artistas com um interesse compartilhado em imaginar futuros negros que decorrem de experiências afrodiasporicas. Os trabalhos semi-afrofuturísticos incluem as romances de Samuel Delany e Octavia Butler; as telas de Jean-Michel Basquiat e Angelbert Metoyer, e a fotografia de Renée Cox; os mitos explicitamente extraterrestre dos músicos do coletivo Parliament-FunkadelicJonzun CrewWarp 9Deltron 3030 e Sun Ra; e os quadrinhos do super-herói Pantera Negra da Marvel Comics.

afrofuturismo pode ser identificado nas práticas artísticas, científicas e espirituais em toda a diáspora africana. Apesar de o Afrofuturismo ter sido cunhado em 1993, os estudiosos tendem a concordar que a música, a arte e o texto afrofuturísticos tornaram-se mais comuns e difundidos no final da década de 1950. Lisa Yazsek, professora da Escola de Literatura, Mídia e Comunicação da Georgia Institute of Technology, argumenta que o romance Invisible Man de Ralph Ellison, publicado em 1952, deve ser pensado como um antecessor da literatura afrofuturistaYaszek ilustra que Ellison se baseia em ideias afrofuturistas que ainda não haviam prevalecido na literatura afro-americana. Ellison critica as previsões tradicionais para o futuro dos negros nos Estados Unidos, mas também não oferece aos leitores um futuro diferente para se imaginar. Invisible Man pode não ser afrofuturista, no sentido de que não oferece um futuro melhor – ou mesmo nenhum – para os negros nos Estados Unidos, mas pode ser pensado como um chamado para que as pessoas comecem a pensar e a criar arte com uma mentalidade afrofuturista. Nesse sentido, Yaszek conclui que o romance de Ellison é um cânone na literatura afrofuturista, servindo de “esse tipo de futuro – arte histórica” ​​para aqueles que o sucedem.

A prática contemporânea identifica e documenta retroativamente instâncias históricas da prática afrofuturista e as integra no cânone. Exemplos são as antologias Dark Matter, que apresentam ficção científica negra contemporânea, mas também incluem obras mais antigas de W. E. B. Du BoisCharles W. Chesnutt e George S. Schuyler. Desde que o termo foi introduzido em 1994, a prática afrofuturista auto-identificada tornou-se cada vez mais onipresente.

A abordagem afrofuturista na música foi proposta por Sun Ra. Nascido no Alabama, a música de Sun Ra surgiu em Chicago em meados da década de 1950, quando, junto com The Arkestra, começou a gravar canções baseadas no hard bop e fontes e modais, mas criou uma nova síntese, que também usava títulos afrocêntricos e temáticos, refletindo o vínculo de Ra com a cultura africana antiga, especificamente o Egito, e a vanguarda da era espacial. Durante muitos anos, Ra e seus companheiros de banda viveram, trabalharam e se apresentaram na Filadélfia enquanto faziam turnês em festivais de jazz e música progressiva em todo o mundo. A partir de 2016, a banda ainda está compondo e atuando, sob a liderança de Marshall Allen. O filme de Ra, Space Is the Place mostra The Arkestra em Oakland, em meados da década de 1970, em regalia de espaço completo, repleta de imagens de ficção científica, bem como outros materiais cômicos e musicais.

As ideias do afrofuturista foram retomadas em 1975 por George Clinton e suas bandas Parliament e Funkadelic com o álbum Mothership Connection como sua obra-prima e os subsequentes The Clones of Dr. FunkensteinP-Funk Earth TourFunkentelechy Vsthe Placebo Syndrome, e Motor Booty Affair. Nos fundamentos temáticos da mitologia P-Funk (“puro funk clonado”), Clinton em seu alter ego Starchild falou sobre “Afronauats certificados, capazes de funkitizar galáxias“.

Outros músicos normalmente considerados como trabalhando ou influenciados pela tradição afrofuturista incluem os produtores de reggae Lee “Scratch” Perry e Scientist, os artistas de hip hop Afrika Bambaataa e Tricky, a banda brasileira de manguebeat Nação Zumbi,[ os músicos eletrônicos Larry Heard, A Guy Called GeraldJuan AtkinsJeff MillsNewcleus e Lotti Golden e Richard Scher, produtores de eletro hip hop Warp 9, compuseram de “Light Years Away“, um relato de ficção científica de visitação alienígena antiga, descrito como uma “pedra angular do beatbox afrofuturista dos anos 80″.

No início da década de 1990, uma série de críticos culturais, notadamente Mark Dery em seu ensaio de 1994 “Black to the Future“, começaram a escrever sobre as características que eles pareciam comuns na ficção científica, música e arte afro-americanas. Dery apelidou desse fenômeno “Afrofuturism“. Segundo o crítico cultural Kodwo Eshun, o jornalista britânico Mark Sinker teorizava uma forma de afrofuturismo nas páginas de The Wire, uma revista de música britânica, no início em 1992.

As ideias afrofuturistas foram expandidas por estudiosos como Alondra NelsonGreg Tate, Tricia Rose, Kodwo Eshun e outros. Em uma entrevista, Alondra Nelson explicou o afrofuturismo como uma forma de olhar para a posição da pessoa negra que abrange temas de alienação e aspirações para um futuro utópico. A ideia de “alien” ou “outro” é um tema que muitas vezes é explorado. Além disso, Nelson observa que as discussões em torno da raça, acesso e tecnologia muitas vezes reforçam afirmações acríticas sobre a chamada “divisão digital“. A divisão digital insiste demais na associação da desigualdade racial e econômica com o acesso limitado à tecnologia. Esta associação então começa a construir a escuridão “como sempre oposição às cronologias de progresso tecnicamente conduzidas”. Como uma crítica ao argumento neo crítico de que as identidades históricas do futuro acabarão com o estigma pesado, o afrofuturismo sustenta que a história deve continuar sendo uma parte da identidade, particularmente em termos de raça.

Uma nova geração de músicos abraçou o afrofuturismo em sua música e moda, incluindo Solange KnowlesRihanna e Beyoncé. Esta tradição continua em trabalhos de artistas como Erykah BaduMissy ElliottJanelle Monáe e Ellen Oléria que incorporaram temas ciborgísticos e metálicos em seu  estilo. Outros músicos do século XXI que tenham sido caracterizados como Afrofuturistasincluem a cantorFKA Twigs, duo musical Ibeyi, e DJ/produtor Ras G.

Janelle Monáe fez um esforço consciente para restaurar a cosmologia afrofuturista na vanguarda do urban contemporary. Seus trabalhos notáveis ​​incluem os videos musicais “Prime Time” e “Many Moons“, que exploram os domínios da escravidão e da liberdade através do mundo dos ciborgues e da indústria da moda. Ela é credenciada com o proliferante Afrofuturist funk em um novo Neo-Afrofuturism pelo uso de seu alter-ego inspirado em MetropolisCindi Mayweather, que incita uma rebelião contra a Grande Divisão, uma sociedade secreta, para libertar cidadãos que caíram sob sua opressão. Este papel ArchAndroid reflete as figuras afrofuturísticas anteriores, Sun Ra e George Clinton, que criaram seus próprios visuais como seres extraterrestres que resgatam afro-americanos das naturezas opressivas da Terra. Suas influências incluem MetropolisBlade Runner e Star Wars. A Sociedade Coletiva de Artes Negras de Wondaland, da qual Monáe é fundadora, declarou: “Nós acreditamos que as canções são naves espaciaisNós acreditamos que a música é a arma do futuroNós acreditamos que os livros são as estrelas“. Outros artistas musicais que emergiram desde a virada do milênio considerado afrofuturista incluem dBridgeSBTRKTShabazz PalacesHeavyweight DubChampion, e “pioneiros tecnológicos” Drexciya (com Gerald Donald).

Uma série de autores contemporâneos de ficção científica/ficção especulativa também foram caracterizados como afrofuturistas ou empregando temas afrofuturístas. Nnedi Okorafor tem sido rotulado desta forma, tanto para sua novela Bindi, vencedora de um Prêmio Hugo, e para o seu romance Who FearsDeathSteven Barnes foi chamado de autor de afrofuturista por seus romances de história alternativa Lion’s Blood e Zulu HeartNK JemisinNalo Hopkinson e Colson Whitehead também foram referidos como autores afrofuturistas.

Chicago é o lar de uma vibrante comunidade de artistas que exploram o afrofuturismoNick Cave, conhecida pelo seu projeto Soundsuits, ajudou a desenvolver talentos mais jovens como diretor do programa de moda graduada da Escola de Arte do Instituto de Chicago. Outros artistas incluem artistas visuais Hebru Brantley, bem como o artista contemporâneo Rashid Johnson, um nativo de Chicago atualmente com sede em Nova York. Em 2013, a residente de Chicago Ytasha L. Womack escreveu o estudo AfrofuturismThe World of Black Science Fiction and Fantasy e William Hayashi publicaram os três volumes de sua Trilogia de Darkside, que conta a história do que acontece na América, quando o país descobre que os afro-americanos vivem secretamente na parte de trás da lua desde antes da chegada de Neil Armstrong, uma visão extrema de segregação imposta pelos negros tecnologicamente avançados.

O movimento cresceu globalmente nas artes. A Sociedade Afrofuturista foi fundada pelo curador Gia Hamilton em Nova Orleans. Artistas como DemetriusOliver de Nova York, Cyrus Kabiru de Nairobi, Lina Iris Viktor da Libéria e Wanuri Kahiu, do Quênia, mergulharam seu trabalho no cosmos ou na ficção científica.

Com informações do Afrokut e Wikipedia


O que é Afropresentismo?