Immortel Cheikh Anta Diop

Tributo da dupla Les Nubians em homenagem a Cheikh Anta Diop.

Les Nubians é uma dupla musical francesa, composta pelas irmãs Hélène e Célia Faussart de Paris , França. Em 1985, as irmãs se mudaram com os pais para o Chade . Sete anos depois, eles retornaram a Bordeaux , na França, e começaram a cantar uma capela, produzindo poesia em Bordeaux e Paris e cantando vocais de fundo para vários artistas em todo o mundo. O álbum de estréia da dupla, Princesses Nubiennes, foi lançado pela Virgin Records , França, em 1998.

Elas se tornaram um dos grupos musicais franceses de maior sucesso nos EUA, mais conhecidos por seu single “Makeda” da Billboard R&B do seu álbum indicado ao Grammy, Princesses Nubiennes .


Letra e tradução da musica: Immortel Cheikh Anta Diop

Não diga que ele morreu porque permanece imortal Cheikh Anta Diop
Ne dites pas qu?il est mort car il demeure immortel Cheikh Anta Diop

Não diga que ele morreu porque os ancestrais aos quais se juntou
Ne dites pas qu?il est mort car les ancêtres il a rejoins

Não chore porque no grande trono ele agora está sentado
Ne fondez pas en larmes car sur le grand trône désormais il siège

O trono dos faraós dos faraós eternos
Le trône des pharaons des pharaons éternels

Olha, olha como ele nos chama de povos da África
Regardez plutôt regardez comme il nous interpelle peuples d?Afrique
Você dá o seu melhor
De vous même donnez le meilleur

E salve a humanidade toda a humanidade.
Et sauvez l?humanité l?humanité entière.

Não diga que ele morreu Cheikh Anta Diop
Ne dites pas qu?il est mort Cheikh Anta Diop

Você que é o melhor de si na África
Toi qui le meilleur de toi-même à l?Afrique

Deu ao mundo das trevas, à humanidade
As donné au monde noir, à l?humanité

Como você paga a homenagem que você merece?
Comment te rendre l?hommage mérité?
A floresta entrelaçada com videiras espinhosas que você podou
La forêt entrelacée de lianes épineuses tu as élaguée

Traçando os caminhos da ciência
Traçant les sentiers de la science

Pântanos infestados de monstros carnívoros
Les marécages infestés de monstres carnivores

Falsificadores da história que você cruzou
Faussaires de l?histoire tu as traversés

Procurando os fósseis da verdade, a noite da tinta e da fria solidão
Recherchant les fossiles de la vérité, la nuit d?encre et froide de solitude
Geração sacrificada que somos você disse
Génération sacrifiée que nous sommes disais-tu

Sacrificado, sim você estava, sim vê?
Sacrifié, oui tu l?as été, oui see?est bien cela

Você se jogou na batalha, se esgotou
Tu t?es jeté dans la bataille, tu t?es exténué

Contanto que possamos andar orgulhosamente com a cabeça erguida
Pourvu que nous puissions marcher fiers, la tête haute
É verdade que você morreu Cheikh?
Est-ce vrai que tu es mort Cheikh?

Que você não é mais um Cheik?
Que tu n?es plus Cheikh?

Você que por alguns momentos ainda me pediu para redobrar meu ardor
Toi qui quelques instants encore m?exhortais à redoubler d?ardeur

Enfrentar os golpes de uma África que se procura
A braver les coups bas d?une Afrique qui se cherche

Você que me convidou a reunir boas vontades para um futuro glorioso
Toi qui m?invitais à rassembler les bonnes volontés pour un avenir glorieux

É você quem não é mais, Cheikh Anta Diop?
Est-ce toi qui n?es plus, Cheikh Anta Diop?
Nós, os povos da África, imploramos por ele e
Nous, peuples d?Afrique, plaidons pour lui et

Digamos isso por todo o bem que ele fez à humanidade
Le disons pour tout le bien qu?il a fait à l?humanité

Seja louvado, oh Deus, veja o Cheik Anta Diop vem até você
Soyez loué, ô dieu, voyez Cheikh Anta Diop vient à vous

Sem pecado, sem dano
Sans péché, sans mal

Ele dava pão aos famintos, água aos sedentos
Il a donné do pain à l?affamé, de l?eau à qui avait soif
Roupas a quem estavam nus, uma caixa a quem não tinha barco
Des vêtements à qui était nu, un bac à qui n?avait pas de bateau

Ele fez oferendas aos deuses
Il a fait des offrandes aux Dieux

E presentes funerários para os mortos abençoados
Et des dons funéraires aux morts bienheureux

Salve Cheikh Anta Diop, mantenha-o
Sauvez Cheikh Anta Diop, gardez-le
Cheikh Anta Diop é um homem que tem uma boca pura
Cheikh Anta Diop est un homme qui ala bouche pure

Mãos puras e bem-vindo a quem a vê
Les mains pures et à ceux qui le voient, sois le bienvenu

Nós, os povos da África, imploramos por ele e
Nous, peuples d?Afrique, plaidons pour lui et

Digamos isso por todo o bem que ele fez à humanidade
Le disons pour tout le bien qu?il a fait à l?humanité
Então esse é o nosso apelo, nós povos da África, para você, Sheikh
Voilà donc notre plaidoyer, nous peuples d?Afrique, pour toi, Cheikh

Agora você pode ir, você pode ir em paz
Maintenant, tu peux partir, tu peux partir en paix

O pacto é selado, permaneceremos fiéis a você
Le pacte est scellé, nous te resterons fidèles

África vai enfrentar o desafio, o desafio do futuro
L?Afrique elle, relèvera le défi, le défi do futur
A humanidade será salva, e para você retornaremos o que é seu
L?humanité sera sauvée, et à toi, nous rendrons ce qui te revient

Glória, glória no frontão da história
La gloire, la gloire au fronton de l?histoire

Descanse em paz, mas esteja sempre conosco, filhos da África
Repose en paix, mais toujours sois avec nous, fils d?Afrique

Cheikh, Cheikh Anta, Cheikh Anta Diop, você o imortal
Cheikh, Cheikh Anta, Cheikh Anta Diop, toi l?immortel

Não diga que ele morreu porque permanece imortal Cheikh Anta Diop
Ne dites pas qu?il est mort car il demeure immortel Cheikh Anta Diop

Compositores: Celia Faussart / Helene Faussart / Kum A’n Iii Dumbee / Mounir Belkhir
Letra de Immortel Cheikh Anta Diop © Sony/ATV Music Publishing LLC

Do Afrokut

7 chaves da egiptologia afrocentrada que provam que o Kemet era uma civilização negra

Kemet era uma civilização negra.

A egiptologia “afrocentrada” é um campo de pesquisa iniciado por Cheikh Anta Diop, onde se estuda a civilização do Kemet, antigo Egito, com base no postulado de que é uma civilização negro-africana. De acordo com Diop, a civilização Kemética seria uma civilização “negra” e seria o berço das culturas da África subsaariana.

Diop argumenta a validade de sua posição, essencialmente, por uma série de considerações relativas às analogias que ele estabeleceu entre as culturas sub-saarianas e as do antigo Egito em termos de cor da pele, religião, proximidade linguística, sistema marital, organização social, etc. Para ele, as populações da África Subsaariana teriam como ancestral direto os antigos keméticos, alguns dos quais teriam migrado para a África Ocidental em particular.

Segue 7 chaves da egiptologia afrocentrada, criada por Cheikh Anta Diop, que provam que antiga Kemet era uma civilização negra:

1 – Testes de Melanina

Segundo Cheikh Anta Diop, os procedimentos egípcios de mumificação não destruíam a epiderme a ponto de tornar impraticáveis os diferentes testes de melanina que permitem reconhecer sua pigmentação. Ao contrário, dada a confiabilidade de tais testes, Diop se surpreende com o fato de que eles não tenham sigo generalizados, em relação às múmias disponíveis. Ele pediu ao curador do Museu do Cairo para lhe permitir realizar um teste de melanina (cor de pele) para determinar a pigmentação dos antigos Keméticos e assim terminar o debate. O curador recusou-se a permitir que ele realizasse o teste.  Segundo Diop, o teste, permitiria classificar os antigos egípcios inquestionavelmente entre as “raças” negras.

Com amostragens de pele de múmia egípcia, “obtidos no laboratório de antropologia física do Museu do Homem em Paris“, Cheikh Anta Diop realizou pequenos cortes, e a observação microscópica, com luz ultravioleta, o levou a “classificar indubitavelmente os antigos egípcios entre os negros”.

2 – Medidas Osteológicas

A osteometria, na opinião de Diop é um método “menos enganador” que a craniometria, seria mais uma técnica que confirmaria os egípcios como negros. Ele relatou que, por meio de medidas osteológicas (tamanho corporal determinado por músculos e ossos) usados na antropologia física, os antigos egípcios eram um povo africano.

3 – Tipo sanguíneo do Grupo B

Quanto aos tipos sanguíneos, Diop afirma que o grupo A seria característico da “’raça’ branca antes de qualquer miscigenação”, enquanto o grupo B seria típico das populações da África Ocidental. Observa que até hoje há uma prevalência do grupo B entre os egípcios, e propõe que se realizem testes sanguíneos nas múmias egípcias para verificar-se a distribuição dos tipos sanguíneos.

Ele discutiu a conexão do tipo sanguíneo do Grupo B entre as antigas e as modernas populações egípcias e a população africana da África Ocidental.

4 – Autores da Antiguidade Greco-romana

Diop elenca dez autores da Antiguidade greco-romana que se referiam aos egípcios como negros. Entre eles, Heródoto dizia que o povo kolchus descendia dos egípcios, pois ambos os povos tinham pele negra e cabelo crespo, e, principalmente, ambos praticavam a circuncisão. Num diálogo de autoria de Luciano, escritor grego, duas personagens, Licino e Timolaus, conversam sobre um jovem egípcio; Licino descreve-o como tendo a cor preta, lábios grossos, pernas muito finas. Os cabelos trançados fazem Licino supor que se trata de um escravo, mas Timolaus observa que, no Egito, ter os cabelos trançados é um sinal das “pessoas muito bem-nascidas”. A lista segue até o décimo autor clássico como Aristóteles, Estrabão, Diodores, e outros que se referiam aos egípcios e etíopes como pessoas com peles negras.

A conclusão de Diop é que “o grau de concordância entre eles é impressionante, constituindo um fato objetivo difícil de subestimar ou ocultar. A moderna egiptologia oscila constantemente entre esses dois pólos”.

5 – Comparação das Cosmogonias

Segundo Cheikh Anta Diop, a comparação das cosmogonias egípcias com as cosmogonias africanas contemporâneas (dogon, ashanti, yoruba, etc.) mostra radical semelhança que testemunha, segundo ele, um parentesco cultural comum. Ele aponta uma semelhança do Deus-Serpente Dogon com o Deus-Serpente egípcio ou ainda do Deus-Chacal dogon incestuoso como Deus-Chacal egípcio incestuoso. O autor invoca igualmente as isomorfias Noun/Nommo, Amon/Ama e, da mesma forma, as festas da semeadura e outras práticas culturais agrárias ou cíclicas.

Ele ilustrou como as inscrições divinas de Kemet associaram os sobrenomes dos deuses com a palavra negra; daí, um reflexo do bem (preto) nas pessoas e em Deus.

6 – Evidencias Bíblicas

Segundo Diop, os egípcios se intitulavam “KMT”, “os negros”, vocábulo do qual também derivaria a palavra bíblica Kam ou Cam. Ele ilustrou como na Bíblia (onde o Egito é mencionado mais de 750 vezes) de maneira geral, toda a tradição semítica (judaica e árabe) classifica o antigo Egito entre os países dos negros.

A Bíblia nos diz: “Estes foram os descendentes de Cam: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã”. Além disso, a Bíblia afirma que Mesraim, filho de Ham, irmão de Kush e de Canaã, vieram da Mesopotâmia para se instalar, juntamente com seus filhos, nas margens do Nilo. Isto significa que o Egito (Mesraim), Etiópia (Kush), Palestina e Fenícia antes dos Judeus e Sírios (Canaã), Arábia Felix antes dos Árabes (Pout, Hevila, Saba), foram todas ocupadas por Negros que haviam criado civilizações de milhares de anos nas regiões e haviam mantido relações familiares.

7 – Vínculo Linguístico

Ele investigou o vínculo linguístico entre a antiga Kemet e outras partes da África. Assim, de acordo com Diop e Obenga, as línguas negro-africanas contemporâneas e o egípcio antigo possuem um ancestral linguístico comum, cuja matriz teórica teria sido reconstituído por Obenga, que batizou-o como “negro-egípcio”.

A língua materna de Cheikh Anta Diop era o wolof (wolof, ouolof) e ele aprendeu o egípcio antigo por ocasião de seus estudos de egiptologia o que, segundo ele, lhe permitiu constatar concretamente que havia semelhanças entre as duas línguas.

Sabemos que alem dessas sete chaves da egiptologia afrocentrada, temos muitas outras evidencias através do trabalho de Diop e outros estudiosos, que mostra uma sólida conexão de linguagem, cultura, religião, biologia e relatos de testemunhas oculares, para provar que os antigos egípcios eram um povo africano. Eles eram um povo que se viam como negros, e outros povos se referiam a eles como negros.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

Referências:

DIOP, Cheikh Anta, “Origem dos antigos egípcios”, in MOKHTAR, Gamal (Org.), História Geral da África: a África antiga, São Paulo, Ática; Unesco, 1983 [1974], pp. 39-70.

Cheikh Anta Diop – http://fr.wikipedia.org/wiki/Cheikh_Anta_Diop ».