14 personalidades negras que receberam o Prêmio Direitos Humanos do Governo Brasileiro

Conheça catorze personalidades negras que receberam o Prêmio Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil.

O Prêmio Direitos Humanos é a mais alta condecoração do Governo Brasileiro a pessoas e entidades que se destacam na defesa, na promoção e no enfrentamento às violações dos Direitos Humanos. Esses agraciados, negros e negras, são pessoas com destacada atuação na luta antirracista, direitos do povo negro, e na promoção dos Direitos Humanos no Brasil.

O prêmio é uma honraria concedida pelo Governo Federal, desde 1995, a cerimônia de entrega do Prêmio acontece tradicionalmente em dezembro, em homenagem às comemorações da promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Conheça os negros e negras agraciados do Prêmio Direitos Humanos:

1 – Eunice Aparecida de Jesus Prudente

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos em 2018, na categoria Igualdade Racial.

Eunice Prudente é advogada, com graduação, mestrado e doutorado pela USP. É autora do livro “Preconceito Racial e Igualdade Jurídica”, publicado em 1988 – obra pioneira no Brasil, com a tese pela criminalização da discriminação racial. Foi Secretária da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo (2007).

2 – Sonia Aparecida Dos Santos

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos em 2016, na categoria Igualdade Racial.

Ativista na luta contra o racismo, a militante integra o Movimento Negro UnificadoMNU, atuando na garantia dos direitos dos afro-brasileiros. Entre as ações desenvolvidas por ela, constam o enfrentamento ao genocídio da juventude negra, condições dignas à população da periferia e defesa das mulheres negras.

3 – Silvana do Amaral Verissimo

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos em 2015, na categoria Igualdade Racial.

Silvana atua em prol da mulher negra e do combate ao racismo, hoje ocupa várias atividades e posições nesse contexto, é membro do Comitê de Articulação e Monitoramento do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres – PNPM; do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, representando a mulher negra; e do Fórum Nacional de Mulheres Negras.

4 – Mário Lucio Duarte Costa

Goleiro Aranha; Vencedor do Prêmio Direitos Humanos em 2014, na categoria Igualdade Racial.

O Aranha, atuava como goleiro no Santos, foi um dos homenagedos em 2014. Ele foi premiado na categoria Igualdade Racial, por ter protagonizado uma forte cena de racismo. Em um jogo no Rio Grande do Sul, ele foi xingado por uma torcedora do Grêmio de macaco.

5 – Creuza Maria Oliveira

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos na categoria Igualdade Racial em 2011.

Em 1983, Creuza  ingressou na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas. Participou da fundação da Associação Profissional das Domésticas, em 1986, e foi umas das criadoras do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia, em 1990. Atualmente, exerce a função de presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, além de ser membro do Conselho Nacional da Promoção da Igualdade.

6 – Beatriz Moreira CostaMãe Beata

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos na categoria Igualdade Racial em 2010.

Mãe Beata foi escolhida para receber o Prêmio de Direitos Humanos 2010 do Programa Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República na Categoria Igualdade Racial.  A cerimônia de entrega do Prêmio aconteceu no dia 13 de Dezembro de 2010 em Brasília e contou com a presença do então presidente Lula. 

Mãe Beata de Iemanjá,  foi uma mãe-de-santo, escritora e artesã brasileira, que desenvolveu trabalhos relacionados à defesa e preservação do meio ambiente, aos direitos humanos, à educação, saúde, combate ao sexismo e ao racismo.

7 – Abdias Nascimento

Vencedor do Prêmio Direitos Humanos em 2009, na categoria Igualdade Racial.

Abdias do Nascimento foi ator, poeta, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, político e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras brasileiras.

Considerado um dos maiores expoentes da cultura negra e dos direitos humanos no Brasil e no mundo. Fundou entidades pioneiras como o Teatro Experimental do Negro (TEN), o Museu da Arte Negra (MAN) e o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO). Foi um idealizador do Memorial Zumbi e do Movimento Negro Unificado (MNU) e atuou em movimentos nacionais e internacionais como a Frente Negra Brasileira, a Negritude e o Pan-Africanismo.

8 – Aurelielza Nascimento Santos

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos na categoria Igualdade Racial em 2008.

Licenciada em Geografia pela Universidade do Estado da Bahia no Departamento de Ciências HumanasCampus-V.  Foi Coordenadora da Executiva Baiana dos Estudantes de Geografia (CEBEGEO), Coordenadora do Centro Acadêmico de Geografia (CAGEO) da UNEB-Campus V e Diretora de Promoção da Igualdade Racial no município de Amélia Rodrigues – BA. Especialista em Educação à Distância pela UNEB e mestranda em Educação e Contemporaneidade pela UNEB – Campus I.

9 – Milton Santos (post mortem)

Vencedor do Prêmio Direitos Humanos em 2007, na categoria Igualdade Racial.

O geógrafo, doutor e autor de 40 livros, recebeu homenagem póstuma. Milton Santos, foi um dos grandes nomes da renovação da geografia no Brasil ocorrida na década de 1970. Também se destacou por seus trabalhos sobre a globalização nos anos 1990. A obra de Milton Santos caracterizou-se por apresentar um posicionamento crítico ao sistema capitalista, e seus pressupostos teóricos dominantes na geografia de seu tempo.  Ele também ganhou o Prêmio Vautrin Lud, em 1994, o de maior prestígio na área da geografia. O prêmio é considerado “o Nobel da Geografia”.

 

10 – Mãe Hilda Jitolu

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos na categoria Personalidades em 2005.

Liderança de um dos terreiros mais tradicionais da cidade de Salvador, Mãe Hilda Jitolu foi um símbolo de resistência das religiões de matriz africana, que têm sofrido agressões vitais nos últimos anos no Brasil. 

Hilda Dias dos Santos, mais conhecida como Mãe Hilda Jitolú ou simplesmente Mãe Hilda, foi uma Ialorixá do candomblé Jeje, que tinha por ori a Obaluaiê, e ainda educadora e defensora da identidade afro-descendente, uma das mentoras do Ilê Aiyê.

11 – Maria José de Jesus Alves Cordeiro

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos na categoria Ações Afirmativas em 2004.

A Professora Maria José de Jesus Alves Cordeiro, líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero, Raça e Etnia (GEPEGRE/CNPq/UEMS); coordenadora do Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Gênero, Raça e Etnia (CEPEGRE/UEMS); e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas Políticas de Educação Superior/Mariluce Bittar  (GEPPES/MB). Coordenadora de subprojeto PIBID/Pedagogia. Membro do Coletivo de Mulheres Negras ‘Raimunda Luzia de Brito’ (CMNEGRAS/MS). Pesquisadora filiada a Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN).Integrante do GT 21- Educação e Relações Étnico-Racias da ANPED e pesquisadora da Rede Universitas/Br.

12 – Ivete Alves do Sacramento

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos na categoria Ações Afirmativas em 2003.

Ivete Sacramento foi reitora da UNEB, no período de 1998 a 2006. Em 2002 ela surpreendeu o país a implantar as cotas para estudantes negros na universidade, dando início a uma polêmica e disputas juridicas em todo o país, que perdurou até este ano, com a constitucionalidade das cotas reconhecida por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A atuação da ex-reitora em defesa da democratrização do ensino superior foi reconhecido no Brasil e no exterior. São mais de 30 prêmios e condecorações, como o Prêmio Cláudia 2007, na categoria políticas públicas; a Medalha 2 de Julho, concedida pelo Governo da Bahia, a Medalha Tomé de Souza, da Câmara de Salvador e o Prêmio Direitos Humanos 2003, da Presidência da República.

13 – Maria da Fé da Silva Viana

Vencedora do Prêmio Direitos Humanos na categoria Livre em 2001.

Maria da Fé da Silva Viana (Fezinha), teóloga de formação, educadora, ativista do movimento negro, coordenadora da Pastoral de Combate ao Racismo da Igreja Metodista e do Fórum Permanente de Mulheres Negras Cristãs. Vice-presidente do COMIRA (Conselho Municipal pela Igualdade Racial). Empenhada na busca de uma sociedade mais justa e fraterna.  Membro da Igreja Metodista de Fonte Carioca.

14 – Hernani Francisco da Silva

Vencedor do Prêmio Direitos Humanos em 2000, na categoria Livre.

Hernani recebeu o prêmio na categoria livre, pelo movimento, criado em 1988, para engajar jovens na luta contra o racismo; em 1991, fundou a Sociedade Cultural Missões Quilombo para modificar a visão equivocada e preconceituosa que as igrejas evangélicas têm da cultura negra

Hernani é fundador e editor da Rede Afrokut, uma plataforma voltada para a produção de conteúdo, com uma nova abordagem na superação do racismo, focada em uma mudança interior (autoconhecimento), com uma visão holística.

Do Afrokut


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Manifesto de apoio à Yalorixá e ativista pelos direitos humanos Mãe Beth de O’xum

O Movimento Negro Evangélico em Pernambuco, manifesta apoio à Yalorixá e ativista pelos direitos humanos Mãe Beth de O’xum, mulher íntegra, comprometida com a promoção da justiça social para a população negra.

No último dia 17 de Novembro, após expressar sua indignação (que para nós não é apenas individual, mas coletiva), diante das sistemáticas práticas racistas perpetradas contra o povo de terreiro, e protagonizada por alguns pastores evangélicos, Mãe Beth de O’xum está sendo processada por membro (ou membros) da banca evangélica estadual que alega se sentir ofendido com as palavras da sacerdotisa.

Reconhecemos na manifestação da Mãe Beth de O’xum uma expressão da condição de injustiça social em perseguição e intolerância religiosa sofrida pelos povos de religiões matrizes afro-brasileiras. Pois sabemos que, segundo dados do Dique 100 (2018), as religiões de matrizes africanas, umbanda e candomblé são as principais vítimas do racismo religioso habitualmente cometido por pessoas ou grupos ditos cristãos no Brasil. Diante disso, e até o presente momento, desconhecemos projetos e ações propostas ou criadas pelos acusadores de Mãe Beth, e das bancadas evangélicas de modo geral, para eliminar esse tipo prática criminosa que é recorrente no segmento de seus adeptos religiosos.

Sublinhamos ainda, que defendemos o princípio de laicidade do Estado Democrático, a liberdade de expressão, o respeito à diversidade religiosa em todas as suas manifestações e expressões, e o combate veemente a qualquer prática racista e sexista, seja ela originada de um único líder religioso ou de um grupo deles. Nós do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco somos população negra, respeitamos a trajetória da religiosidade e fé de matriz afro-brasileira para a resistência e sobrevivência do povo negro até os dias atuais e na construção de sociedade brasileira.

Recife, 23 de Novembro de 2019.
Colegiado do Movimento Negro Evangélico em Pernambuco.

Morre o professor Carlos Nobre

Carlos Nobre Cruz, 66 anos, morreu na manhã desta terça-feira, 15 de outubro, dia do professor – categoria profissional a qual tão bem representou junto a seus alunos. Ele sofreu três paradas cardíacas, duas das quais revertidas durante a madrugada, em decorrência dos problemas com a diabetes. O enterro será nesta quarta-feira, às 13h no cemitério de Irajá. Não haverá velório.

Carlos Nobre foi um jornalista comprometido com a defesa dos Direitos Humanos e a igualdade racial. Um pesquisador e professor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio. Formado em Jornalismo, mestre em Ciências Penais pela Universidade Cândido Mendes, pesquisador Nirema (Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente) do Departamento de História da PUC-Rio.

Nobre, com currículo tão rico, nunca deixou de ser repórter. Sempre atento, apurando e investigando fatos, que seriam objetos de matérias jornalísticas, livros, seriados ou cursos voltados para releituras das ligações históricas entre o continente africano e o Brasil. Autor de oito livros sobre discriminação racial, segurança pública e cultura afrobrasileira. Foi autor e coordenador da Coleção de Livros Personalidades Negras da Editora Garamond(RJ).

Descansa em Paz Irmão!

Rede Afrokut