
A história original do centésimo macaco é um fascinante estudo de comportamento animal que ocorreu na década de 1950. Cientistas japoneses observavam macacos na ilha de Kojima e notaram um comportamento intrigante. Uma jovem fêmea, chamada Imo, começou a lavar batatas-doces na água do mar para remover a areia antes de comê-las. Este comportamento foi gradualmente adotado por outros macacos na ilha, inicialmente por seus parentes próximos e, em seguida, por outros jovens macacos, que também ensinaram aos mais velhos, invertendo o padrão usual de aprendizado. O que tornou a história particularmente interessante foi a alegação de que, uma vez que um número crítico de macacos – o “centésimo macaco” – adotou esse comportamento de lavar as batatas, ele se espalhou repentinamente e inexplicavelmente para colônias de macacos em outras ilhas e no continente, apesar de não haver contato físico direto entre eles.
Essa história foi posteriormente popularizada por Lyall Watson em seu livro “Lifetide“, onde ele sugeriu que havia ocorrido um tipo de transmissão telepática de informações. O fenômeno do centésimo macaco sugere que, quando um número crítico de indivíduos em uma população adota um novo comportamento, esse conhecimento é misteriosamente transferido para membros distantes da espécie. Essa ideia foi abraçada por Rupert Sheldrake, um biólogo e bioquímico inglês, que a usou como base para desenvolver sua teoria dos campos mórficos. Sheldrake, conhecido por suas ideias inovadoras e muitas vezes controversas, propõe que existe um campo que conecta membros de uma mesma espécie em um nível que transcende o espaço e o tempo. Segundo ele, os campos mórficos são estruturas que moldam não apenas o comportamento, mas também a forma e a evolução dos sistemas vivos. Esses campos seriam responsáveis pela “ressonância mórfica“, um processo pelo qual informações são compartilhadas entre indivíduos, levando a mudanças comportamentais espontâneas e simultâneas em toda a espécie.
A teoria de Sheldrake desafia a visão tradicional da biologia, que enfatiza a transmissão de informações geneticamente e através do aprendizado social. Ele sugere que há um aspecto mais sutil e profundo na maneira como os seres vivos se comunicam e evoluem. A ideia de que há um tipo de “memória coletiva” que pode influenciar indivíduos separados por grandes distâncias é fascinante e tem implicações profundas para a compreensão da consciência e da aprendizagem. A história do centésimo macaco continua a ser um exemplo clássico citado em discussões sobre consciência coletiva e aprendizado social, apesar de sua interpretação mística ter sido desacreditada por parte da comunidade científica.
Do Afrokut