A Igreja do Divino Mestre, era original, com elementos de uma reforma religiosa, diferentes das igrejas europeias e americanas. Era uma Igreja Negra no sentido de reunião de pessoas “negras” e também no sentido teológico: tinha uma Teologia Negra; uma revolução como objetivo; abominava a escravidão. Era também uma igreja que estudava a Bíblia, e dava destaque às passagens que mencionam a liberdade dos cativos e expectativa da redenção. O Mestre Agostinho ensinava a não crença em imagens de santos, ensinava a prática da leitura da Bíblia, pregava um Jesus Cristo Negro, enfatizava passagens que falavam da libertação do cativeiro fazendo da bíblia um instrumento de resistência contra a ordem escravocrata.
Os membros da Igreja do Divino Mestre, sua maioria eram mulheres, diziam aprender sem mestre. Um dos seus discípulos o africano Joaquim José Marques afirmava que, embora tenha visto Agostinho praticar, aprendeu a lei por si mesmo; uma mulher negra falava que havia sido ensinada pelas Escrituras; a esposa de Agostinho – respondia que não era mestra de nenhuma daquelas mulheres que ali se encontravam com ela, posto que todas elas sabiam ler.
Segundo um de seus seguidores interrogados, teria aproximadamente trezentos seguidores todos negros forros e negras libertas, que aprenderam a ler e escrever com o mesmo.(DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 29/09/1846)
Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut