Conferência Enegrecer: Um encontro histórico em prol da Teologia Negra e da Justiça Racial

O Movimento Negro Evangélico do Brasil anuncia com grande entusiasmo a realização da Conferência Enegrecer, um evento internacional que promete marcar a história da teologia negra. Entre os dias 18 e 21 de junho de 2025, na Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo, o Brasil será palco de um encontro que reunirá pensadores, teólogos e líderes religiosos negros provenientes do Brasil, das Américas e do continente africano.

Após décadas, o Brasil volta a sediar um evento internacional dedicado à teologia negra, consolidando-se como um espaço de diálogo e reflexão sobre questões fundamentais da resistência negra na tradição protestante. A conferência busca fortalecer a produção acadêmica e pastoral a partir de perspectivas negras e periféricas, ao mesmo tempo que propõe discussões sobre os desafios do cristianismo diante das desigualdades raciais.

Durante os quatro dias de programação, os participantes terão acesso a painéis, oficinas e mesas de debate, com a presença de especialistas que se destacam globalmente por suas contribuições à teologia e à luta por justiça racial. A troca de experiências proporcionada pelo evento é uma oportunidade singular para o fortalecimento de redes de colaboração entre as comunidades evangélicas negras.

O evento contará com a presença de influentes lideranças do protestantismo negro global, entre elas:

  • Bronson Eliott e Tiffany Roberts (Estados Unidos) – líderes da Igreja Batista Ebenezer, que foi marco na trajetória de Martin Luther King Jr.
  • René August (África do Sul) – reverenda anglicana que atuou ao lado do arcebispo Desmond Tutu na luta contra o Apartheid.
  • Maricel Mena Lopez (Colômbia) – pioneira como primeira mulher negra doutora em teologia na América Latina, referência na produção acadêmica afrodescendente.

Além dessas vozes de destaque, reunirá pensadores, teólogos e líderes religiosos negros do Brasil, promovendo um diálogo que ultrapassa fronteiras geográficas e culturais. Este encontro promete ser um divisor de águas na construção de uma teologia engajada com a justiça racial e social.

De acordo com o coordenador nacional do Movimento Negro Evangélico, “Este encontro é fundamental para que a comunidade negra evangélica compreenda que a negritude também é um direito nosso. Falar contra o racismo e defender a justiça racial deve ser um compromisso radical do evangelho de Jesus e da sua igreja.”

Para além de um evento, a Conferência Enegrecer é um espaço de construção coletiva e de aprofundamento na espiritualidade libertadora, crítica e engajada que embasa a luta por igualdade e dignidade.

Inscreva-se e participe deste marco histórico.

As inscrições já estão abertas e podem ser realizadas pelo site oficial do Movimento Negro Evangélico do Brasil: CONFERÊNCIA ENEGRECER: NEGRITUDES PARA A IGREJA DO AMANHÃ

As vagas são limitadas, e garantir sua participação é uma oportunidade única de fazer parte desse momento transformador.

Junte-se ao MNE nesta jornada por uma Teologia Negra que inspire ações concretas pela justiça racial e social. Divulgue, participe e fortaleça a construção de uma fé engajada e comprometida com a transformação das estruturas de opressão.

Do Afrokut

10 fatos que mostram a paixão de Albert Einstein pela justiça racial

ALBERT EINSTEIN é reverenciado pelo seu intelecto científico, que lançou as bases para a física quântica. Suas opiniões sobre raça, política e guerra também foram incrivelmente progressivas para o seu tempo. Einstein era um anti racista apaixonado e comprometido. Esta faceta da vida de Einstein foi praticamente ignorada pela mídia, de acordo com o livro intitulado Einstein on Race and Racism de Fred Jerome e Roger Taylor, o cientista era um ativista no combate ao racismo e a segregação. Einstein estava profundamente consciente das semelhanças entre a segregação americana e o tratamento dos judeus na Alemanha. Nos últimos 20 anos de sua vida, Einstein se envolveu significativamente em atividades de promoção da justiça racial. Aqui estão 10 fatos que mostram a paixão de Albert Einstein pela justiça racial:

1. Einstein apoiou uma campanha para defender jovens negros que foram falsamente acusados;

Sua aliança com a situação dos afro-americanos começou antes mesmo de chegar ao EUA. Em 1931, Einstein enfrentava a ameaça do regime nazista na Alemanha. Ele lia uma história sobre alguns jovens nos Estados Unidos, cujas vidas também estavam em perigo. Os jovens eram os meninos de Scottsboro, um grupo de adolescentes negros que foram injustamente acusados de estuprar duas mulheres brancas. Einstein juntou-se ao polêmico comitê Theodore Dreiser para fazer campanha pela justiça para os jovens.

2. Einstein convidou uma cantora, vitima de racismo, para ficar em sua casa;

Quando o Nassau Inn de Princeton se recusou alugar um quarto para a estrela de ópera, Marian Anderson, devido à sua cor da pele, Einstein convidou a cantora para ficar em sua casa. Sua amizade durou desde 1937 até sua morte em 1955, e a estrela hospedava-se na casa de Einsteins sempre que visitava Princeton.

3. Einstein chamou o racismo de “uma doença de pessoas brancas”;

Em 1946, Einstein deu um discurso raro na Lincoln University, na Pensilvânia, uma universidade historicamente negra(foto acima), onde também aceitou um diploma honorário e louvou por sua lealdade ao movimento dos Direitos Civis. A presença foi significativa porque Einstein tinha o hábito de recusar todas as solicitações para falar nas universidades. Durante seu discurso, ele atestava que o racismo era uma doença de pessoas brancas:

“Minha viagem a esta instituição foi em favor de uma causa que vale a pena”, disse Einstein em seu discurso em Lincoln. “Há uma separação de pessoas negras de pessoas brancas nos Estados Unidos. Essa separação não é uma doença de pessoas negras. É uma doença de pessoas brancas. Eu não pretendo ficar quieto sobre isso”.

4. Einstein era um amigo e apoiante do ator e cantor afro-americano Paul Robeson;

Paul Robeson estava sendo perseguido por causa de seu trabalho em direitos civis. Os dois trabalharam juntos em 1946 em uma campanha de petição anti-linchamento. Em 1952, quando a carreira de Robeson tinha terminado por causa da perseguição, Einstein convidou Robeson para Princeton onde trabalharam juntos para defender a justiça racial.

5 – Einstein foi co-presidente de uma organização dedicado a eliminar o linchamento nos Estados Unidos;

A aliança de Einstein com a comunidade negra foi reforçada quando se juntou à NAACP e à American Crusade Against Lynching (ACAL), uma organização fundada pelo ator e cantor ativista Paul Robeson. Einstein foi especialmente apaixonado por promover legislação anti-linchamento e, eventualmente, se tornar co-presidente da ACAL.

6 – Einstein apoiou a NAACP e seu amigo Du Bois;

Durante décadas, Einstein ofereceu incentivo público à Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP) e seu fundador, WEB Du Bois. E em 1951, quando o governo federal indiciou Du Bois, de 83 anos, como “agente estrangeiro”, Einstein ofereceu-se para comparecer como testemunha durante o julgamento. A iniciativa de Einstein fez o juiz abandonar o caso.

7 – Einstein aplaudiu os esforços dos negros americanos para lutar contra injustiças raciais;

Einstein aceitou um convite do co-fundador da NAACPWEB Du Bois, para enviar um artigo à sua revista The Crisis. Em seu artigo, Einstein aplaudiu os esforços dos negros americanos para lutar contra injustiças raciais e incentivou-os a não deixar o racismo manchar sua auto-estima.

8 – Einstein ficou consternado com a segregação nos Estados Unidos;

Em 1933, Einstein fugiu da Alemanha e começou a trabalhar no recém-fundado Insitute For Advanced Study em PrincetonNova Jersey. Enquanto vivia em Princeton, Einstein ficou consternado com a segregação que dividia a cidade universitária. Como Fred Jerome e Rodger Taylor escreveram em seu livro, Einstein on Race and Racism: “Einstein percebeu que os afro-americanos em Princeton eram tratados como os judeus na Alemanha”.

9 – Einstein tinha amizades profundas com afro-americanos;

Uma das maneiras pelas quais Einstein foi capaz de ser aliado do movimento dos Direitos Civis foi formando amizades profundas com afro-americanos. Jerome e Taylor entrevistaram os antigos residentes de Princeton que recordam o quão envolvido Einstein se tornou na comunidade afro-americana. Eles se lembram de vê-lo vagando pelas ruas segregadas, conversando com seus vizinhos negros e distribuindo doces para crianças.

10 – Einstein foi criticado por outros físicos e colocado sob vigilância pelo FBI.

O trabalho de justiça racial de Einstein aprofundava sua amizade com pessoas negras, e isso incomodava muita gente. O físico Paul Ehrenfesst, amigo íntimo de Einstein, pediu-lhe que permanecesse em silêncio sobre questões fora do domínio científico; Robert Millikan, físico americano e vencedor do Prêmio Nobel, criticou Einstein pelo apoio dos jovens no caso Scottsboro; Henry Fordrepublicou vários ensaios alemães que criticava Einstein. O diretor do FBIJ Edgar Hoover, colocou Einstein sob vigilância.

Nenhum desses esforços conseguiu diminuir a paixão de Einstein pela justiça racialAlbert Einstein, o físico, continuou a usar seu status de celebridade para falar pelo que sabia que era certo até o momento de sua morte em 1955.

Por Hernani Francisco da Silva – Ativista Quântico Negro – Do Afrokut

Crédito da imagem de Albert Einstein e estudantes da Lincoln University: Coleção de fotografia de John W. Mosley, coleção afro-americana Charles L. BlocksonBibliotecas da Universidade de Temple, Filadélfia, PA.

Referências:

livro “Einstein on Race and Racism” http://www.einsteinonrace.com/preface.htm

https://www.livescience.com/50051-albert-einstein-civil-rights.html

http://thewisdomdaily.com/the-little-known-history-of-how-einstein-used-his-status-to-fight-racism/