O Natal Kwanzaa

No final de dezembro, a época de festas está a todo vapor. Os cristãos celebram o Natal, que comemora o nascimento de Jesus. Os judeus celebram o Chanucá, que celebra a recuperação de seu templo sagrado em Jerusalém. Esses feriados são celebrações cheias de alegria em que as famílias e os amigos se juntam para compartilhar comida e presentes. As pessoas de descendência africana têm sua própria celebração de dezembro, em que elas se juntam com os entes queridos para reafirmar os elos com a família e a cultura e também para compartilhar a comida e trocar presentes. Ela é chamada de Kwanzaa, e, embora seja relativamente nova se comparada com os outros feriados, ela se tornou um importante aspecto da prática da cultura africana nos outros continentes.

Neste artigo, vamos conhecer as raízes do Kwanzaa, descobrir o significado de seus símbolos e aprender sobre as tradições únicas que dão existência a essa celebração.

Kwanzaa é um feriado pan-africano, o que significa que ele foi concebido para unir as pessoas de descendência africana de todos os lugares do mundo. Ele vai de 26 de dezembro a 1º de janeiro. Diferente do Natal e do Chanucá, que são feriados religiosos, o Kwanzaa é um feriado cultural (na verdade, muitas pessoas comemoram o Kwanzaa e o Natal). Durante os sete dias, descendentes de africanos se juntam para celebrar a família, a comunidade, a cultura e os elos que os unem como povo. Eles também relembram sua herança, agradecem pelas coisas boas que têm e exultam a bondade da vida. O sete é um tema importante do Kwanzaa. O feriado dura sete dias, um dia para cada um dos sete princípios. Há sete símbolos básicos usados na cerimônia do Kwanzaa (um deles são as sete velas) e cada símbolo se une a um ou mais dos sete princípios.

Embora o Kwanzaa tenha começado há poucas décadas, suas raízes vêm das antigas celebrações africanas da colheita. O nome “Kwanzaa” vem da frase em Swahili, “matunda ya kwanza,” que significa “os primeiros frutos“. Muitas das celebrações dos primeiros frutos, como, por exemplo, o Umkhost de Zululand na África do Sul, também tinham duração de sete dias. O Kwanzaa foi uma criação do Dr. Maulana Karenga, professor e diretor do Departamento de Estudos Negros da Universidade do Estado da Califórnia (em inglês) e ex-ativista dos direitos civis. Ele apresentou o Kwanzaa em 1966, uma época em que os afro-americanos lutavam por direitos iguais, como meio de ajudá-los a se conectarem com os valores e tradições africanas. O Dr. Karenga também quis que o Kwanzaa servisse como um elo para unificar os afro-americanos como comunidade e como povo. Ele escolheu as datas de 26 de dezembro a 1º de janeiro para coincidir com os feriados judeu e cristão, que já são uma época de celebração. E escolheu um nome que vem do idioma Swahili porque ele é falado por um grande número de pessoas no leste africano.

Na época das celebrações da colheita, os africanos se juntavam para celebrar suas safras e reafirmar seus elos como comunidade. Eles ofereciam graças ao seu criador por uma colheita generosa e uma vida plena. Eles honravam seus ancestrais e reafirmavam seu compromisso com sua herança cultural e também celebravam sua cultura e sua comunidade. Os ideias da colheita inspiraram o Dr. Karenga a criar os Sete Princípios do Kwanzaa.

Os sete princípios do Kwanzaa

O Kwanzaa está centrado nos sete princípios, Nguzo Saba (En-GOO-zoh Sah-BAH), que representa os valores da família, da comunidade e da cultura para os africanos e para os descendentes de africanos. Os princípios foram desenvolvidos pelo fundador do Kwanzaa, Dr. Maulana Karenga, baseados nos ideais das colheitas dos primeiros frutos. Os princípios são:

Umoja (oo-MOE-jah): União
Estar unido como família, comunidade e raça;

Kujichagulia (koo-jee-cha-goo-LEE-ah): Auto-determinação                                                                                                                        Responsabilidade em relação a seu próprio futuro;

Ujima (oo-JEE-mah): Trabalho coletivo e responsabilidade
Construir juntos a comunidade e resolver quaisquer problemas como um grupo;

Ujamaa (oo-JAH-mah): Economia cooperativa
A construção e os ganhos da comunidade através de suas próprias atividades;

Nia (nee-AH): Propósito
O objetivo de trabalho em grupo para construir a comunidade e expandir a cultura africana;

Kuumba (koo-OOM-bah): Criatividade
Usar novas idéias para criar uma comunidade mais bonita e mais bem-sucedida;

Imani (ee-MAH-nee):
Honrar os ancestrais, as tradições e os líderes africanos e celebrar os triunfos do passado sobre as adversidades. Durante as festividades do Kwanzaa, os princípios são ilustrados por sete símbolos.

Os sete símbolos do Kwanzaa são exibidos durante a cerimônia do Kwanzaa para representar os sete princípios da cultura e da comunidade africana:

Mkeka (M-kay-cah): é a esteira (geralmente feita de palha, e que também pode ser feita de tecido ou papel) sobre a qual todos os outros símbolos do Kwanzaa são colocados. A esteira representa a base das tradições africanas e da história .

Mazao (Maah-zow): as safras, frutas e vegetais representam as celebrações da colheita africanas e mostram respeito pelas pessoas que trabalharam no cultivo.

Kinara (Kee-nah-rah): o candelabro representa a base original da qual todos os ancestrais africanos vieram e contém sete velas.

Mishumaa (Mee-shoo-maah): nas sete velas, cada uma representa um dos sete princípios. As velas são vermelhas, verdes e pretas, cores que simbolizam o povo africano e sua luta.

Muhindi (Moo-heen-dee): o milho representa as crianças africanas e a promessa de futuro para elas. Um sabugo de milho é colocado para cada criança da família. Em um família sem crianças, um sabugo de milho é colocado simbolicamente para representar as crianças da comunidade.

Kikombe cha Umoja (Kee-com-bay chah-oo-moe-jah): a Taça da União simboliza o primeiro princípio do Kwanzaa, ou seja, a união da família e do povo africano. A taça é usada para derramar a libação (água, suco ou vinho) para a família e os amigos.

Zawadi (Sah-wah-dee): os presentes representam o trabalho dos pais e a recompensa para seus filhos. Os presentes são dados para educar e enriquecer as crianças, e podem ser um livro, uma obra de arte ou um brinquedo educativo. Pelo menos um dos presentes é um símbolo da herança africana.

Os sete dias do Kwanzaa

As velas do Kwanzaa. No primeiro dia do Kwanzaa, 26 de dezembro, o líder ou ministro convida todos a se juntarem e os cumprimenta com a pergunta oficial: “Habari gani?” (O que está acontecendo?), à qual eles respondem com o nome do primeiro princípio: “umoja”. O ritual é repetido em cada dia de celebração do Kwanzaa, mas a resposta muda para refletir o princípio associado àquele dia.

No segundo dia, por exemplo, a resposta é “Kujichagulia”. Em seguida, a família diz uma prece. Depois, eles recitam um chamado de união, Harambee (Vamos nos Unir). A libação é então realizada por um dos adultos mais velhos, e uma pessoa (geralmente a mais jovem) acende uma vela do Kinara. O grupo discute o significado do princípio do dia e os participantes podem contar uma história ou cantar uma música relacionada a esse princípio. Os presentes são oferecidos um a cada dia ou podem ser todos trocados no último dia do Kwanzaa.

O banquete do Kwanzaa é no dia 31 de dezembro. Ele não inclui só comida, é também um momento de cantar, orar e celebrar a história e a cultura africana.

O dia 1º de janeiro, o último dia do Kwanzaa, é um momento de reflexão para cada um e para todo o grupo. As pessoas se perguntam: “quem sou eu?” “sou realmente quem digo que sou?” e “sou tudo o que posso ser?” A última vela do Kinara é acesa e então todas as velas são apagadas sinalizando o fim do feriado.

Nas próximas seções, vamos ver em detalhes os elementos da celebração do Kwanzaa.

Autor: Stephanie Watson – traduzido por HowStuffWorks Brasil – Via CEERT