O filme Pantera Negra é um acontecimento muito especial e ousado da Marvel, o que torna Pantera Negra um filme especialmente fascinante é a introdução da terra natal do Pantera Negra: o reino de Wakanda, uma maravilhosa terra repleta de tecnologias e com uma forte cultura rica que prospera nos tempos modernos no coração da África, simulando uma versão da África que foi permitida prosperar sem a imposição de cultura e colonização.
No filme, o Pantera Negra, cuja identidade secreta é a de T’Challa, também príncipe de Wakanda, volta para sua terra natal depois que seu pai é assassinado, tornando-se assim, o rei. Wakanda é um reino africano que prosperou graças à extração de um mineral raro e com diversas propriedades chamado vibranium, o metal mais raro e precioso do universo. O vibranium foi usado nas roupas e garras do Pantera Negra (é o material fundamental no escudo do Capitão América). Principalmente pela abundância do mineral, Wakanda é considerado um dos países mais ricos e cientificamente avançados nesta ficção da Marvel.
Devido ao isolacionismo intencional do país, Wakanda está à frente dos países vizinhos em avanços tecnológicos, criando sistemas informáticos impermeáveis à ataques externos. Também é reconhecida por sua medicina avançada e cura, como um subproduto de uma forte ordem religiosa. As práticas religiosas de Wakanda estão interligadas com a monarquia da nação, mantendo os antigos valores religiosos e culturais. Por isso, brilha como um reino construído em tecnologia e magia, sem deixar vestígios de pobreza ou doença, sendo verdadeiramente um reflexo de um afrofuturismo que pode ser encontrado nas histórias do Pantera Negra desde sua criação.
O que torna o filme Pantera Negra tão inovador, foi estabelecer Wakanda longe dos estereótipos “primitivos” e “selvagens” habituais associados à África, como se vê em filmes como Tarzan e muitos outros. Diferente disso, mostra-se um poderoso poder em Wakanda que nunca sentiu os efeitos do colonialismo ou imperialismo branco. Os criadores do Pantera Negra parecem determinados a corrigir as coisas, recorrendo a viagens de pesquisa para a África, recursos históricos e referências culturais específicas. Além do elenco de atores africanos e afro-americanos e a língua nacional de Wakanda sendo o idioma africano, Xhosa.
Pantera Negra não é apenas um filme de super-heróis que agrada e busca audiência, é uma história sobre reis e reinos, também é uma história sobre pais, linhagens e conflitos geracionais. Mesmo parecendo uma história contada em muitos enredos de filmes, o Pantera Negra está dizendo isso de uma maneira nova (Isso sem mencionar a representatividade, o que significa a identidade desses heróis negros e todo o reino mostrados de forma tão poderosa para meninos e meninas negras, heróis negros sendo representados com maior profundidade no Universo Cinematográfico Marvel.) É um momento vital na história do cinema e uma exploração sincera e reflexiva das cicatrizes do colonialismo e da esperança de cura. No Pantera Negra existe empoderamento e orgulho. Um filme com a finura preternatural da “magia negra” no cinema, o que poderia ser uma visualização daquela utopia negra que os pan-africanistas já sonharam.
Por Hernani Francisco da Silva – Ativista Quântico Negro – Do Afrokut