As fontes da Teologia Negra

Em relação às fontes para a elaboração de uma teologia negra, James Cone não nega as Escrituras e a tradição cristã (ocidental), mas não limita se a elas, além de contextualizá las. Para ele, as fontes da teologia negra devem incluir a história e a cultura dos oprimidos, que, no contexto norte americano, são os negros, indígenas, mestiços e asiáticos. Significativo notar que James Cone não faz menção às mulheres, cuja experiência e condição histórica particular, mais tarde, daria lugar a uma hermenêutica teológica própria, legitimada pelas mesmas premissas, mas desde o corpo e perspectiva da mulher negra.

Ao negar a universalidade da teologia tradicional euro norte americana, como vimos acima, James Cone defende a necessidade de buscar no evangelho respostas a perguntas da realidade concreta em um contexto/comunidade sociopolítico específico. Para isso, as fontes da teologia, necessariamente, deveriam privilegiar a experiência de vida, a história e a cultura dos negros, incluindo a apropriação criativa da tradição cristã nas comunidades negras. A “autoridade orgânica” destas fontes, em relação à realidade para a qual o evangelho era anunciado, as tornam indispensáveis para a TNdL.

Com isso, torna se necessário para o teólogo negro compreender como a comunidade negra relaciona a sua história e a sua cultura com a fé em Jesus Cristo. Para Cone, obviamente, essa relação se dá em uma perspectiva distinta da dos europeus e dos brancos norte americanos. Por isso, a tradição teológica clássica é insuficiente para compreender a religiosidade cristã negra. Cone defende que os métodos de análises devem ser originados a partir das próprias fontes para fazer jus ao pensamento negro. Já notamos aqui que as fontes, imbricadas na história e cultura negra, geram a necessidade de uma epistemologia na perspectiva do negro.

As fontes que James Cone destaca são: os sermões, as orações, cânticos, e elementos da experiência do negro para além da igreja como os contos, músic as seculares e os blues e os relatos pessoais.

1 –  Sermão

Ao tratar sobre o sermão, enquanto um evento litúrgico da Igreja Negra, James Cone alerta para uma distinção entre palavras do texto e a Palavra revelada no texto. “A Palavra é mais do que palavras sobre Deus. A Palavra de Deus é um acontecimento poético, evocação de uma realidade indescritível na vida do povo” (CONE, 1985, p. 27 28). A Palavra é mais sentida do que racionalizada em bases teóricas brancas e acadêmicas acerca do evangelho. O evangelho é correlacionado
com a busca da comunidade negra por liberdade. Portanto, “Se o evangelho significa liberdade, então a liberdade revelada nesse evangelho deve também ser revelada no evento da proclamação” (CONE, 1985, p. 28). Desse modo, a Palavra expressa se no ritmo e nas emoções da linguagem. Para Cone, quando o povo sente e confirma a veracidade da Palavra proclamada no sermão, é um sinal da presença do Espírito no meio do povo, que responde com ressonantes “améns”. O sermão está intimamente ligado com as condições de existência da comunidade negra, “O sermão negro resulta da totalidade da existência do povo sua dor e alegria, aflição e êxtase” (CONE, 1985, p. 28).

2 – Oração

Para James Cone, as orações dos negros não são iguais às dos brancos. Afirma que mesmo em situação de escravidão, sendo obrigado pelo senhor a cultuar o cristianismo, “o escravo transcendia as limitações da servidão e afirmava um sistema de valores religiosos que diferia do de seu senhor” (CONE, 1985, p. 29). Essa distinção evidenciava a afirmação da identidade negra na oração, o que leva James Cone a propor que o teólogo negro deve refletir sobre a Palavra da oração como revelada na afirmação da identidade dos negros. Em uma situação de opressão, a oração do negro revela a afirmação da identidade negra em busca da liberdade de ser o que se é: “Deus é o Espírito de Jesus que guia e move o povo negro em sua luta para ser aquilo que deve ser por criação” (CONE, 1985, p. 30).

3  – Cântico (spirituals e cânticos do evangelho)

Cone aponta que, assim como o sermão e a oração, os spirituals e cânticos do evangelho revelam que a verdade da religião dos negros não se limita à literalidade das palavras. A verdade se revela no modo como a linguagem é expressada, entusiasticamente, apaixonada, com gritos, gemidos, nas cantorias, na entonação e qualidade tonal corretas, onde ambiguamente expressam a dor e a alegria, a existência trágica dos negros e a sua resistência em não aceitar essa trágica condição.

Alguns dos exemplos sugerido s por James Cone aos teólogos negros para terem acesso a essas fontes são: livros que se dedicaram a estudar e compilar sermões, orações e cânticos; o cântico negro na própria igreja negra (o que seria um estudo empírico); gravações de artistas como Mahali a Jackson, James Cleveland, Clara Ward e Paul Robeson, e o álbum (na época recente) “ Amazing Grace ” de Aretha Franklin.

A música “ Amazing Grace ”, cantada por artistas como Aretha Franklin e Mahalia Jackson, é um exemplo de que o que importava para James Cone não era necessariamente a autoria dos cânticos, mas o modo como os negros se apropriavam deles. A citada canção foi originalmente composta por um ex comerciante de escravos. Porém, James Cone percebe a apropriação e ressignificação que os negros dão à canção quando cantada em um contexto de opressão social, política e cultural, fazendo referência à presença de Deus para a superação dessa situação:

(…) quando os filhos e filhas de escravos negros o cantavam, “Maravilhosa Graça” recebia a infusão da fo rça e do significado negros. Para os negros de Bearden, os “perigos, lutas e armadilhas” se referiam à sua luta diária pela sobrevivência, aos altos e baixos da existência negra, e à tentativa de tomar posse de uma melodia de liberdade numa situação extrem a de opressão. “Maravilhosa Graça” foi o milagre da sobrevivência, porque é difícil explicar como nós fizemos, através da escravidão, a reconstrução e a luta contra a opressão no século XX. Os negros de Bearden diziam: “Deve ter sido a graça de Deus!” (CON E, 1985, p. 13).

4 –  A experiência “secular”

Embora já tenhamos citado o sermão, a oração e o cântico como fontes da teologia negra propostas por James Cone, o referido autor não limita as fontes à experiência ligada à Igreja Negra. Cone propõe que as fontes da teologia negra também incluam a experiência negra dita secular. Porém, Cone faz questão de esclarecer que o que em sua teologia negra se entende por secular não significa a distinção ocidental entre o sagrado e o profano, pois, embora essa experiência negra não esteja ligada à Igreja, ao cristianismo e nem se refira a Deus, ela não é necessariamente antirreligiosa ou não religiosa.

Esse lado da experiência dos negros é secular, apenas enquanto é terreno e raramente usa Deus ou o cristianismo como os principais símbolos de suas esperanças e sonhos. É sagrado, porque é formado da mesma comunidade histórica como a experiência da igreja, e representa assim a tentativa do povo de formar a vida e vivê la de acordo com seus sonhos e aspirações (CONE, 1985, p.

Como exemplos dessa experiência “secular”, Cone cita os contos, músicas seculares e os blues e os relatos pessoais, identificando nessas expressões culturais o mesmo tema da sobrevivência e libertação que é encontrada no sermão, oração e cântico, expressando por um lado a libertação de Deus dos injustiçados e por outro lado a transcendência sobre as negações históricas. O autor ainda destaca a literatura negra, particularmente a poesia ligada à Renascença do Harlem (das décadas de 20 e 30) e seus sucessores, destacando poemas de Claude McKay McKay e Amiri Baraka Baraka.

Autores:  Joe Marçal Gonçalves dos Santos Charlisson Silva de Andrade.

Texto extraido do artigo (breve estudo): A TEOLOGIA NEGRA DA LIBERTAÇÃO EM JAMES CONE: ASPECTOS DE SUA HERMENÊUTICA CONTEXTUAL A PARTIR DE “O DEUS DOS OPRIMIDOS” (1975)

3 fatores que contribuiram para o surgimento da teologia negra

Conforme Prof. Cone, houve três fatores principais que são responsáveis pelo surgimento da teologia negra:

  • (1) o movimento dos direitos civis,
  • (2) a publicação do livro de Joseph Washington, Black Religion [A Religião Negra] em 1964 e,
  • (3) o nascimento do movimento “poder negro.”

Agora, vamos considerar estes fatores.

A. O Movimento dos Direitos Civis (nas décadas dos 50 e 60)

 

Este foi um movimento popular dos próprios negros que visou conseguir para si, exclusivamente por meio de métodos não violentos, os plenos direitos do cidadão. A organização principal do movimento foi a “Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor,” que desafiou com êxito muitas das leis que permitiram a discriminação racial. O líder principal foi o pastor negro batista Martin Luther King, Jr., que se tornou o profeta carismático do movimento e a consciência ética da nação no que tange às questões sociais, até que ele foi assassinado em 1968. Todas as pessoas envolvidas no surgimento da teologia negra participaram nas manifestações lideradas por Dr. King. Portanto, diferentemente de virtualmente todos os outros movimentos teológicos na América do Norte e na Europa, este não começou numa faculdade teológica, mas, sim, na rua quando os oprimidos protestavam contra a injustiça racial.

B. O Livro “Religião Negra” de Joseph Washington (1964)

 

O estudioso negro Washington argumentou, no seu livro, que há uma religião negra nos EUA que se distingue do Prostestantismo branco e de todas as outras expressões do Cristianismo. Mas visto que, na opinião dele, esta religião busca somente a liberdade e igualdade neste mundo, Washington concluiu que as congregações negras não são igrejas genuinas, mas meras sociedades religiosas sem teologias cristãs. Ele criticou as “verdadeiras” igrejas brancas por terem excluido estas sociedades negras do verdadeiro Protestantismo. Ora, nenhum teólogo negro podia ignorar esta investida contra a Igreja Negra e a teologia negra foi criada, em parte, para responder a este livro. Os líderes negros queriam corrigir dois mal-entendidos: (1) que a religião negra é não cristã e, por isso, não tem nenhuma teologia cristã, e (2) que o Evangelho Cristão não tem nada a ver com a luta pela justiça na sociedade.

C. O Movimento “Poder Negro”

Na década dos 60, muitos dos líderes negros mais jovens ficaram desiludidos com o “movimento dos direitos civis,” chefiado por Dr. King, concluindo que era impossível mudar a atitude do homem branco. Usando a divisa “poder negro,” ativistas como Stokely Carmichael abandonaram tanto o ideal da integração com os brancos e suas instituições quanto o compromisso de Dr. King com a não-violência. Além do mais, esta nova geração de ativistas desafiaram seus irmãos negros a ganharem o controle político e econômico de suas próprias comunidades e estabelecerem seus próprios valores, tal como a afirmação que “negro é bonito.”

Para a grande surpresa dos cristãos brancos, em 1966 o Comitê Nacional do Clero Negro publicou no New York Times uma declaração, entitulada “O Poder Negro,” em que os pastores negros apoiaram o conceito do “poder negro” como ele foi definido pelos ativistas políticos. O Prof. Cone afirma que este foi “o princípio do desenvolvimento consciente de uma teologia negra em que os ministros negros conscientemente distinguiram seu próprio entendimento do Evangelho de Jesus do Cristianismo branco e o identificaram com as lutas dos pobres negros para a justiça. . . O clero negro denunciou o racismo branco como o anticristo e foi inexorável no seu ataque contra sua presença demoníaca nas denominações eclesiásticas brancas. Foi neste contexto que surgiu a expressão ‘teologia negra.”

Por Filipe Dunaway

Extraido do texto da palestra: “A TEOLOGIA NEGRA: UMA INTRODUÇÃO“. A fonte principal desta palestra é o artigo do teólogo negro norte americano James Cone, “Black Theology,” em The Westminster Dicionary of Christian Theology.

8 pressupostos para construir um corpo de conhecimentos afrocentrados

A compreensão desse paradigma se dá por meio da centralidade e reconhecimento da experiência africana, a fim de reorientar cultural, social e politicamente os africanos e os intelectuais afrocentristas para trabalharem a partir dos seguintes postulados:

1. A humanidade começou na África e todos os subgrupos ou variedades humanas contemporâneos, isto é “raças”, são ramificações da árvore genealógica na África […].

2. Dada a premissa acima, os caucasianos são os descendentes de africanos que migraram para a Europa há cerca de cinquenta mil anos e, com a renovação da Idade do Gelo há quarenta mil anos sofreram alterações fenotípicas que os fizeram perder o pigmento e embranquecer. 

3. A cultura humana, como a própria humanidade, começa na África e atinge seu mais alto estágio, isto é, civilização, primeiro na África.

4. A civilização moderna se origina no nordeste da África, nas terras chamadas Ta-Seti e Kemet, mais tarde denominadas Núbia e Egito, entre aproximadamente seis mil e treze mil anos atrás.

5. O judaísmo e o cristianismo são, ambos, correntes de religiosidade humana que emanam do vale do rio Nilo nos sentidos conceitual, simbólico, de doutrina e de organização.

6. A civilização greco-romana foi um entre muitos subprodutos da civilização do vale do rio Nilo, isto é, do Egito e da Etiópia.

7. A ciência e a tecnologia ocidentais, assim como a religião originaram-se na África.

8. Houve uma série de viagens pré-colombianas da África até as Américas que se iniciaram aproximadamente em 1200 a.C. e continuaram até ao menos 1400.d.C. (FINCH III, 2009, p. 174-75).

Os pensadores afrocêntricos partem dos pressupostos apresentados acima para entender que é perfeitamente possível, e necessário, aos africanos se perceberem como agentes de sua história e a partir de então agir em função de seus próprios interesses, pois está evidente que a história e cultura do continente africano não são dependentes da história da Europa e de sua avaliação sobre a África. O resplandecer do legado africano será efetivo quando formos capazes de construir um corpo de conhecimentos que articule nossas experiências presentes com as das clássicas civilizações do continente.

Texto extraído da dissertação de mestrado de Katiúscia Ribeiro Pontes, intitulada: 

Kemetescolas e arcádeas: a importância da filosofia africana no combate ao racismo epistêmico e a lei 10639/03

Imagem: Afrokut
Título do texto adaptado

Símbolo Ankh

O símbolo Ankh (☥) é um “Metu Neter” (Hieróglifo) Kemético para “vida” ou “sopro da vida”.

Criado por africanos há muito tempo, o Ankh é considerado a primeira, ou original, cruz.  Os ankhs eram tradicionalmente colocados em sarcófagos para garantir a vida após a morte.

Ankh freqüentemente aparece nas obras artísticas do Kemet (Egito Antigo), onde os Neteru e os Netert são retratados com esse Ankh na mão, e muitas vezes em direção às narinas do faraó.

Os Kemitas (egípcios antigos) acreditavam que a jornada terrestre de alguém era apenas parte de uma vida eterna, o Ankh simboliza tanto a existência mortal quanto a vida após a morte.

O Ankh além de lindo traz consigo um significado incrível.

O que é Africologia?

Africologia ou estudos africanos, estudos negros, é o estudo multidisciplinar das histórias, políticas e culturas dos povos africanos e diáspora negra. Seu foco combina a África e a diáspora africana em um conceito de uma “experiência africana” com uma perspectiva pan-africana. Em essência, os estudos africanos e os estudos negros são termos intercambiáveis ​​que enfatizam os estudos negros em um sentido global e comparativo, enquanto os estudos afro-americanos enfatizam a experiência afro-americana. 

Definição de Africologia:

Uma disciplina acadêmica interdisciplinar que estuda a história e a cultura dos povos africanos em todo o mundo.

O impacto da Africologia na Afrocentricidade:

“O impacto mais importante da Afrocentricidade tem sido no campo da Africologia. Como o estudo afrocêntrico de fenômenos africanos, a Africologia assume o papel de uma disciplina para estudos referidos como AfroAmericanos, Africana, ou Estudos Negros. O que a disciplina capta é o fato de que os oprimidos devem resistir a todas as formas de escravização, e os fundadores do Movimento dos Estudos Negros nos anos 1960 foram claros de que o “Establishment” não estava prestes a abandonar sua posição de domínio sem luta, neste caso, uma luta intelectual. Aceitar a definição de africanos como marginais e marginalizados nos processos históricos do mundo, incluindo o mundo africano, é abandonar toda a esperança de reverter a degradação dos oprimidos.” Molefi Kete Asante.

Origem da Africologia:

Os departamentos de estudos africanos (Africana) em muitas das principais universidades surgiram dos programas e departamentos de estudos negros formados no final dos anos 1960 no contexto do Movimento dos Direitos Civis dos Estados Unidos, conforme os programas de estudos negros foram reformados e renomeados como “estudos africanos“, com o objetivo de abranger o continente africano e toda a diáspora africana usando terminologia enraizada na geografia e na história ao invés de raça. O primeiro departamento de estudos “Africana” foi formado após a aquisição de Willard Straight Hall na Cornell University, uma universidade da Ivy League localizada em Ithaca, Nova York .

Objetivo da Africologia:

Africologia examinam pessoas de ascendência africana onde quer que possam ser encontradas – por exemplo, na América Central e do Sul, na Ásia e nas Ilhas do Pacífico. Seus principais meios de organização são raciais e culturais. Muitos dos temas dos estudos de Africana são derivados do posição histórica dos povos africanos em relação às sociedades ocidentais e na dinâmica da escravidão, opressão, colonização, imperialismo, emancipação, autodeterminação, libertação e desenvolvimento socioeconômico e político. 

O objetivo deste campo de estudo interdisciplinar é ajudar os alunos a ampliar seu conhecimento da experiência humana em todo o mundo, apresentando um aspecto dessa experiência – a Experiência Negra – que tem sido tradicionalmente negligenciada ou distorcida por instituições educacionais. Além disso, a Africologia se esforça para apresentar uma perspectiva afro-centrada, incluindo fenômenos relacionados à cultura. 

Do Afrokut

Kemetic Yoga PDF

Kemetic Yoga em PDF, é uma prévia do livro Introdução ao Yoga Kemética, que é parte da “Coleção de Ensinamentos da Sabedoria do Antigo Kemet“. Uma série que reúne diversas instruções e ensinamentos da Ciência Espiritual Kemética, uma filosofia real baseada em princípios organizados, sistemáticos, consistentes e coerentes que estavam por toda a África. O antigo Kemet aprendeu o conhecimento que lhes foi transferido do interior da África e foi porta-voz de toda a espiritualidade africana.

BAIXE O ARQUIVO E FAÇA UMA BOA LEITURA:

Ebook em PDF – Coleção de Ensinamentos da Sabedoria do Antigo Kemet


O ativista da teologia negra Jackson Augusto fala sobre a representação dos evangélicos na imprensa

Como parte dos projetos especiais dos 100 anos da Folha de São Paulo, o articulador social e ativista da teologia negra, Jackson Augusto, fala sobre a representação dos evangélicos na imprensaJackson é criador do perfil @afrocrente, além de integrar a coordenação nacional do Movimento Negro Evangélico.

Nasci numa favela do Recife e a minha iniciação como cidadão foi na igreja. A primeira vez que vi alguém que passou no vestibular foi na igreja. O único lugar em que tive acesso a uma iniciação musical foi na igreja, então comecei a existir na igreja — apesar de ser um lugar atravessado pela questão racial, por preconceitos e tudo o mais.


Minha mãe é sindicalista, e cresci indo para o culto e para as assembleias gerais no sindicato. Não era algo contraditório para mim, ir para a greve e ir para o culto — reivindicar meus direitos e reivindicar minha fé. Minha fé me move para a justiça, a equidade, para desafiar ciclos de violência.


A teologia negra é uma ferramenta política, que nasce para denunciar algo. Preciso falar para outros jovens negros que existem metodologias e pensamentos a partir da fé cristã que nos ajudam a respeitar os direitos humanos, contribuir com a luta antirracista e se posicionar contra o conservadorismo.

Assista ao vídeo, com recursos de acessibilidade, logo abaixo:

Acesse a entrevista completa pelo link: https://www1.folha.uol.com.br/folha-100-anos/2021/02/imprensa-ignora-abismos-de-diferencas-entre-evangelicos-diz-ativista.shtml

Afrokut

4 Poses exclusivamente de Yoga Kemética

Posturas e movimentos que são exclusivamente de kemetic Yoga

A Yoga Kemética realiza muitos dos movimentos e posturas, ou asanas, encontradas no Hatha Yoga convencional, porque muitos são vistos nos registros do antigo Kemet e também estão representados entre as práticas das sociedades africanas tradicionais.

Abaixo veremos algumas das posturas e movimentos que são exclusivamente keméticos antigos:

A Pose da Imortalidade

Pose da Imortalidade

Essa postura é um autêntico e original movimento kemético do yoga que não apenas abre os joelhos, tornozelos, quadris e coluna, mas move a energia prânica através dos canais de energia. Com a torção da coluna, você recebe uma massagem suave para seus órgãos!

A Pose de Anpu 

A Pose de Anpu

A pose do guerreiro pacífico ajuda a aumentar a flexibilidade da força, alinha o corpo e direciona a energia para o topo de sua cabeça. Essa postura também representa a submissão ao eu superior e a dissipação dos pensamentos autolimitados.

Pose de Sesh

Pose de Sesh

Esta pose estimula os pontos de reflexologia nos pés que estão ligados ao cérebro, nos dando melhor memória, foco, criatividade e intuição. Os escribas de Kemet ficariam nesta pose durante horas para otimizar as suas habilidades mentais.

A Pose de Maat

Pose de Maat

Uma mulher sentada em uma perna dobrada, com a coluna torcida e os braços estendidos, personifica Maat. Os braços têm asas presas, o que significa a capacidade de curar e o espírito de voar ou subir metaforicamente. Maat usa uma pena na cabeça.

Movimentos Keméticos são feitos lentamente, em comparação com outras formas de yoga.

Por Henani Francisco da Silva

Imagem de ilustração: Dayse Gomis

Informações do livro: Introdução ao Yoga Kemética

 

Do Afrokut

Livro Introdução ao Yoga Kemética

O objetivo deste livro é abrir caminhos para expansão e aprofundamento da Yoga Kemética. Também deseja apresentar a ideia de que, aquilo que foi referido como “IOGA”, era prática no Kemet mais cedo do que em qualquer outro lugar na história da humanidade. Além disso, mostrar que a Yoga Kemética é uma prática de disciplinas mentais, físicas e espirituais, que levam ao autocontrole e à autodescoberta, purificando a mente, o corpo e o espírito, e deve ser considerada uma filosofia de autoconhecimento.

O livro “Introdução ao Yoga Kemética“, foi lançado recentemente pela Rede Afrokut e já se encontra à venda em formatos impresso e digital.
 
LIVRO IMPRESSO – O livro está disponível em formatos impresso, na Loja da Editora Uiclap, clique na imagem abaixo:
 

 
 
E-book ( livro digital) caso queira esse formato, disponível instantaneamente pela Amazon, clique na imagem abaixo:
 
 
 

Leia o Ebook do livro:

LIVRO IMPRESSO

Pequeno Manual Antirracista

Para encerrarmos com dicas práticas, podemos continuar batendo um papo com João, pontuando alguns dos seus ensinamentos. E também, trazermos para essa conversa algumas orientações que a filósofa negra Djamila Ribeiro registrou em seu “Pequeno Manual Antirracista”.

  • Aprenda constantemente e sempre a permanecer em Jesus. Fique nele (João 2.24);
  • Informe-se sobre o racismo (Djamila);
  •  Grave as palavras de Jesus (1 João 2.3-5);
  • Enxergue a negritude (Djamila);
  • Ande como Jesus andou (1 João 2.6);
  • Reconheça os privilégios da branquitude (Djamila);
  • Tenha confiança em Cristo e dele não se afaste (1 João 2.28);
  • Perceba o racismo internalizado em você (Djamila);
  • Ame todas as pessoas porque o amor vem de Deus e comprova que somos nascidos dele e o conhecemos (1 João 4.7);
  • (Conheça e) apoie Políticas Educacionais Afirmativas (Djamila);
  • Não ame “da boca pra fora”, mas de fato e verdade (1 João 3.18);
  • Transforme seu ambiente familiar, de estudo e entretenimento (Djamila);
  • Lembrem-se de que maior é a verdade daquele que está em nós do que a mentira do anticristo que está no mundo (1 João 4.1-6);
  • Leia autores negros (Djamila);
  • Lembre-se que a nossa fé é a vitória que vence o mundo (1 João 5.4);
  • Questione a cultura que você consome (Djamila);
  • Saiba que o Filho de Deus está vindo e tem nos dado entendimento para reconhecermos a verdade (1 João 5.20);
  • Conheça seus desejos e afetos (Djamila);
  • Guarde-se da idolatria (1 João 5.21);
  • Combata a violência racial (Djamila);
  • Seja forte na Palavra, em Jesus (1 João 2.14);
  • Sejamos todos antirracistas (Djamila).

Por ROBSON DE OLIVEIRA


Este texto é parte do artigo “UM CHAMADO AOS ADOLESCENTES E JOVENS: VENÇAM A MENTIRA DO RACISMO!“, de Robson de Oliveira, presente na REVISTA DE EDUCAÇÃO CRISTÃ PARA ADULTOS com o tema “POR UMA FÉ CONTRA O RACISMO“. A revista com a temática especial “racismo”, foi organizada pelo Rev. Robson de Oliveira, que conta com a contribuição de várias autoras e autores, um material didático para pastoral de combate ao racismo.


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