Qual a cor da sua fé?

Diálogo entre os pastores Ariovaldo RamosMônica Francisco Marco Davi Oliveira sobre evangélicos, negritude e racismo

O auditório do Sindicato dos Bancários no centro do Rio de Janeiro foi o ponto de encontro para mais de cem pessoas na noite da última sexta (15), apesar da chuva que insistia em cair na cidade. A maior parte do público: evangélicos negros das mais diversas igrejas e denominações, e de diversas regiões do Rio. O evento promovido pela Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito com apoio do Movimento Negro Evangélico, dentro dos 21 Dias de Combate ao Racismo foi uma referência para ampliar as diversas iniciativas que acontecem entre os evangélicos para debater a presença dos negros dentro das igrejas protestantes e o combate ao racismo – até mesmo dentro das próprias instituições religiosas.

O encontro reuniu os pastores Ariovaldo Ramos, um dos coordenadores da Frente de Evangélicos, a pastora Mônica Francisco, deputada estadual pelo PSOL no Rio de Janeiro e o pastor Marco Davi de Oliveira, um dos fundadores do Movimento Negro Evangélico e pastor da Nossa Igreja Brasileira – uma igreja batista que existe há um ano no Rio tendo como proposta construir uma liturgia a partir dos elementos culturais do Brasil.

Além do ministério pastoral, os três tem em comum o viver na pele a realidade racial. Três negros, com trajetórias que possuem similaridades e divergências. Ariovaldo se converte quase adolescente. Mônica quase adulta. Marco Davi nasceu em família evangélica, com pais que se converteram na juventude.

Para nenhum dos três a vida foi fácil. Como – ainda – não é fácil para nenhum negro brasileiro. Mônica Francisco, que está no primeiro mandato na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, começou seu ativismo político quando as chuvas destruíram parte da Morro do Borel, e ela se envolveu na luta por moradia. A conversão veio depois, na Igreja Universal do Reino de Deus. Chegou a estudar na Escola de Obreiros, de onde saiu para a igreja batista. De batista, foi para uma igreja pentecostal, onde é pastora há três anos. Nesse caminho, a militância a levou para a Faculdade de Ciências Sociais.

Filho de pai operário e mãe costureira, Ariovaldo Ramos viveu a infância e a adolescência na periferia, em São Paulo e em Guarulhos. É de sua história pessoal, como ter morado em cortiço, que carrega o compromisso com os pobres. A conversão foi na Igreja Metodista Livre. Pastor de formação e estudioso de filosofia, está envolvido com o ministério religioso desde 1974.

Quando as chuvas causaram um estrago sem tamanho no estado do Rio em 1966, deixando 250 mortos e mais de 50 mil desabrigados, os pais de Marco Davi – que perderam a casa na tragédia – foram residir num espaço da Primeira Igreja Batista em Teresópolis. Quando conseguiram ter um lugar para morar, as dificuldades eram extremas, incluindo fome. Aos 15 anos decidiu que seria pastor. Aos 20 anos foi para o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. É no exercício do ministério pastoral que surge o incomodo com a questão racial e os posicionamentos das igrejas sobre a identidade negra e o racismo.

Identidade negra – Durante o encontro da Frente, Ariovaldo destacou a importância de demarcar a identidade negra e cristã, enfatizando que o racismo no Brasil é produto de uma falha na compreensão do sentido da vida cristã: “As igrejas protestantes produziram e mantiveram o racismo no país”.

Mônica fez uma caminhada pela história recente das igrejas evangélicas pentecostais e suas omissões diante do racismo. A deputada apontou os problemas da igreja, a opressão sobre as mulheres e a juventude: “Cresce o número de desigrejados por causa da postura da igreja. É preciso pedir perdão”.

Marco Davi propôs o equilíbrio entre os pontos negativos e positivos da igreja, e o quanto a igreja foi fundamental para a promoção da população negra: “Há sentimento de pertencimento, a sociedade brasileira vê o corpo negro com suspeição, e a igreja – que é um espaço sagrado – acolhe esses corpos, onde nos se tornam sujeitos”.

As abordagens diferentes na forma, idênticas na denúncia do racismo, deram o tom do debate, suscitando a participação do público. As perguntas revelaram o quanto esse assunto precisa ser abordado nos estudos bíblicos, em congressos, seminários, simpósios e nos púlpitos das igrejas. Os evangélicos brasileiros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) mapeados no Censo 2010, são em maioria negros e pobres, que vivem com renda per capita inferior a um salário mínimo por mês.

Por Nilza Valeria Zacarias Nascimento, jornalista. Coordenadora da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito

Assista o vídeo com o diálogo Qual a cor da sua fé?

Os principais desafios para criar inteligência artificial sem racismo

Em um mundo ideal, sistemas inteligentes e seus algoritmos seriam objetivos, frios e imparciais; mas esses sistemas são construídos pelos seres humanos e, como os dados mostraram, pelo contexto social, histórico e político em que foram criados. Os principais desafios para criar inteligência artificial sem racismo, são:

Primeiro, deve haver acesso fácil ao conhecimento de aprendizado de máquina;

Segundo, o desenvolvimento “justo e responsável” precisava ser feito na sociedade ao lado do progresso da IA, de acordo com Jeff Dean, pesquisador sênior do Google;

Terceiro, promovendo a transparência e a abertura em conjuntos de dados algorítmicos. Repositórios de dados compartilhados que não pertencem a nenhuma entidade única e podem ser controlados e auditados por órgãos independentes, podem ajudar a atingir esses desafios;

Quarto, a Física Quântica e a inteligência artificial podem andar de mãos evolucionárias, interrompendo muitos dos problemas de racismo ao longo do caminho. O aprendizado de máquinas com idéias da física quântica também poderiam melhorar as aplicações gerais da inteligência artificial.

O processo de aprendizado da Inteligência Artificial é baseado nos dados que eles recebem. No entanto, pode ser possível que até que os preconceitos conscientes e inconscientes do criador sejam reduzidos, os criados continuarão a ter esses problemas.

Continua: O que aprendemos sobre racismo na inteligência artificial?

Por Hernani Francisco da Silva – Ativista Quântico Negro – Do Afrokut

O que aprendemos sobre racismo na inteligencia artificial

Aprendemos nossos preconceitos de uma maneira muito semelhante as maquinas. Nós crescemos com a compreensão do mundo através da linguagem e histórias de gerações anteriores. Aprendemos que “homens” podem significar “todos os seres humanos”, mas “mulheres”, aprendemos que ser mulher é ser outra – ser uma subclasse de pessoa, não o padrão. Aprendemos que quando nossos líderes e pais falam sobre como uma pessoa se comporta com seu “próprio povo”, eles às vezes significam “pessoas da mesma raça” – e assim entendemos que pessoas de um tom de pele diferente de nós não fazem parte desse “nós“. Aprendemos que gênero é a característica definidora de uma pessoa, e não há mais do que dois.

A linguagem em si é um padrão para prever a experiência humana. Não descreve apenas o nosso mundo – também o define. As intolerâncias codificadas dos sistemas de aprendizado de máquina nos dão a oportunidade de ver como isso funciona na prática. Mas os seres humanos, ao contrário das máquinas, têm faculdades morais – podemos reescrever nossos próprios padrões de preconceito e privilégio, e devemos fazê-lo.

Às vezes, deixamos de ser tão justos como gostaríamos de ser – não porque nos propusemos a ser fanáticos e intimidadores, mas porque estamos trabalhando a partir de suposições que internalizamos sobre ‘raça’, gênero e diferença social. Aprendemos padrões de comportamento baseados em informações ruins e desatualizadas, e às vezes desonestas. Isso não nos torna pessoas más, mas também não nos desculpa da responsabilidade pelo nosso comportamento. Espera-se que os algoritmos atualizem suas respostas com base em informações novas e melhores, e a falha moral ocorre quando as pessoas se recusam a fazer o mesmo. Se um robô pode fazer isso, nós também podemos.

Há benefícios e lados obscuros em todas as tecnologias disruptivas, e a inteligência artificial não é uma exceção à regra. O importante é que identifiquemos os desafios que estão diante de nós e reconheçamos nossa responsabilidade de garantir que podemos aproveitar ao máximo os benefícios e, ao mesmo tempo, minimizar os problemas sendo pessoas melhores.

Este artigo faz parte da serie: Inteligência Artificial e Racismo

Porque a inteligencia artificial é racista?

Computadores não se tornam racistas por conta própria. Eles precisam aprender isso de nós. Durante anos, a vanguarda da ciência da computação tem trabalhado no aprendizado de máquina, geralmente fazendo…

Por Hernani Francisco da Silva – Ativista Quântico Negro – Do Afrokut

Inteligência artificial já está entre nós e ela é racista

A Inteligência Artificial (AI) é a construção de computadores, algoritmos e robôs que imitam a inteligência observada em humanos, como aprender, resolver problemas e racionalizar. Ao contrário da computação tradicional, a IA pode tomar decisões em uma variedade de situações que não foram pré-programadas por um humano.

Existem duas formas de IA, Inteligência Artificial Fraca e a  Inteligência Artificial Forte. A Inteligência Artificial Fraca está relacionada com a construção de máquinas ou softwares de certa forma inteligentes, porém, eles não são capazes de raciocinar por si próprios. Por outro lado, a Inteligência Artificial Forte está relacionada à criação de máquinas que tenham autoconsciência e que possam pensar; e não somente simular raciocínios.

Enquanto cientistas e vozes mais proeminentes da indústria tecnológica estão preocupadas com o futuro potencial apocalíptico da IA Forte (inteligência Artificial Forte), há menos atenção dada aos problemas gerados pela IA Fraca de como evitar que esses programas amplifiquem as desigualdades do nosso passado e afetem os membros mais “vulneráveis” da nossa sociedade.

O CEO da Tesla, Elon Musk, descreveu a inteligência artificial como “o maior risco que enfrentamos como civilização” e pediu uma intervenção governamental rápida e decisiva para supervisionar o desenvolvimento da tecnologia.

Por enquanto, vamos focar nos problemas que temos agora com IA Fraca, porque a Inteligência Artificial Forte é uma aposta para o futuro. Neste sentido, é imperativo que essas preocupações não seja só de cientistas e pessoas ligadas as industrias tecnológicas, mas de todas as pessoas.

Problemas gerados pela IA Fraca.

Programas desenvolvidos por empresas na vanguarda da pesquisa de IA resultaram em uma série de erros que parecem estranhamente os mais obscuros preconceitos da humanidade:

Um programa de reconhecimento de imagens do Google classificou os rostos de vários negros como gorilas; um programa de publicidade do LinkedIn mostrou uma preferência por nomes masculinos em buscas, e um chat da Microsoft chamado Tay passou um dia aprendendo no Twitter e começou a enviar mensagens anti-semitas.

Esses incidentes foram todos rapidamente solucionados pelas empresas envolvidas e geralmente foram considerados “gafes“. Mas a revelação do Compas e o estudo de Lum sugerem um problema muito maior, demonstrando como os programas podem replicar o tipo de preconceitos sistémicos em grande escala que as pessoas passaram décadas fazendo para educar ou legislar.

Os dados que alimentamos as máquinas refletem a história de nossa própria sociedade desigual, estamos, na verdade, pedindo ao programa que aprenda nossos próprios preconceitos e racismo.

CONTINUA: Por que a Inteligência Artificial é racista?

Por Hernani Francisco da Silva – Ativista Quântico Negro – Do Afrokut

Google não tem consciência Negra!

O Google não fez o Doodle da Consciência Negra

O dia 20 de Novembro foi escolhido como uma homenagem a Zumbi dos Palmares, data na qual morreu, lutando pela liberdade do seu povo no Brasil, em 1695. Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, foi um personagem que dedicou a sua vida lutando contra a escravatura no período do Brasil Colonial, onde os escravizados começaram a ser introduzidos por volta de 1594. Um quilombo é uma região que tinha como função lutar contra as doutrinas escravistas e também de conservar elementos da cultura africana no Brasil.

Em 2008 começamos acompanhar os doodles do Google. No dia 20 de novembro daquele ano, Dia da Consciência Negra, o Google preferiu homenagear René Magritte um pintor europeu e não Zumbi. Neste dia questionamos esse deslize no Google Discovery, enviando e-mails para os dirigentes do Google no Brasil.

Depois do incidente esperamos em 2009 o doodle da Consciência Negra do Google, não aconteceu. Em 2010 também não foi feito e no 20 de novembro em 2011, o Google permaneceu o mesmo, sem nenhum doodle. Em 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020 em 2021 também não aconteceu o doodle da Consciência Negra.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut


Consciência Negra

Milton Santos em doodle

O Google presta homenagem com um doodle dedicado ao geógrafo brasileiro Milton Santos .

O estudioso brasileiro, que nasceu em Brotas de Macaúbas (Bahia) e viveu grande parte da vida em São Paulo, defendeu, durante seus mais de 50 anos de carreira, uma “Nova Geografia”, que abrangia não só as características naturais de um território, mas também sua organização social, a distribuição do espaço e dos recursos. Essa nova escola de pensamento, dotada de valores críticos, rendeu-lhe, em 1994, o prêmio Vautrin Lud, instituído pelo Festival Internacional de Geografia e considerado o “Nobel” da área. Mais sobre  Milton Santos visite o  site oficial.

Desde 2008 o Afrokut, tem acompanhado os doodles do Google, e tem questionado a não homenagem com um Doodle no Dia Nacional da Consciência Negra.

Em 2008 na data 20 de novembro, dia da Consciência Negra, o Google preferiu homenagear René Magritte um pintor europeu e não Zumbi. Neste dia, foram questionados por isso através de e-mails enviados aos dirigentes do Google no Brasil.

Depois disso, era esperado que em 2009 o Doodle da Consciência Negra do Google, aparecesse, mas não aconteceu. De 2010 a 2017,  no  Dia 20 de novembro, o Google permaneceu o mesmo, sem nenhum doodle da Consciência Negra. Esperamos que em 2018 aconteça o Doodle no Dia Nacional da Consciência Negra.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

O que é Kemet?

Acredita-se que Kemet é sinônimo de Egito antigo, porém, desta forma, ignora-se que a palavra “Egito” é o nome que os antigos gregos deram ao país. Kemet e Egito são duas identidades diferentes. Vejamos nesta série de artigos elaborada pelo Afrokut, um pouco da história de Kemet e o que ela representa hoje para Africanos, a Diáspora Africana e para todo o mundo.

A palavra Kemet foi escrita em Medu Neter, linguagem escrita mais antiga da Terra, com quatro hieróglifos:

um pedaço de pele de crocodilo com espinhos fazendo o som K; uma coruja fazendo o som M e um meio pedaço de pão fazendo o som T. O símbolo redondo representa uma encruzilhada e mostra que, neste contexto, este é um nome de lugar.

A Kemet começou a se formar no final do período paleolítico, quando o clima árido do Norte da África e a desertificação do Saara, levaram muitos africanos a se mudarem para o Vale do Nilo, formando várias comunidades agrícolas que viviam em grupos ao redor do Rio Nilo. Mas, foi no período chamado pré-dinástico, antes que houvesse um Faraó e Kemet fosse unificada, que as culturas keméticas formadas pelas comunidades ribeirinhas do Nilo começaram a se unificar e formar pequenos Estados ao longo do Rio Nilo, este período começou por volta de 4000 aC, que é mais de 6.000 anos atrás. Segundo a Pedra de Palermo o Kemet se unificou em dois reinos, um no Alto e outro no Baixo Kemet.

Kemet se transformou em um complexo de civilizações formadas por diversas nações africanas, ao redor do Rio Nilo, em uma área que se estendia desde a Núbia, Sudão, até ao rio Eufrates. Por volta de 3300 aC, há evidências de um reino unificado, como mostram os achados em Qustul, a cultura Núbia/kushita teve uma grande contribuição para a unificação da Kemet, que se desenvolveu por milhares de anos e se tornou a civilização com mais influência em sua época e tornando-se mãe de todas as civilizações modernas.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut


VEJA TAMBÉM:

https://membro.afrokut.com.br/2020/10/10/introducao-ao-yoga-kemetica/

Sacada do Self da nova militância negra

No programa Conversa com Bial, que abordou reflexões acerca da temática dos 130 anos da abolição da escravatura, o Rapper Emicida comenta uma declaração do então presidente José Sarney que abria oficialmente as comemorações do Centenário da Abolição. Em seguida, o professor Hélio Santos comenta a fala de Emicida e revela a sacada do Self da nova militância negra, dizendo:

“Eu sou de uma geração, Emicida, que não é a sua, que lutava muito para mudar a sociedade. O pessoal da sua geração não quer mudar a sociedade não, eles tão mudando eles mesmos… E com isso vão mudar a sociedade.”

A fala do professor nos remete a refletir sobre essa nova geração com outros olhos, e incentiva a sermos mais observadores sobre tais mudanças. Acredito que, a geração a qual o professor Helio Santos se refere, seja a dos nascidos da década de 80 até meados dos anos 90, a chamada “geração Y”. O  rapper Emicida nasceu em 1985.

O principal objetivo dessa geração, segundo estudos, é a satisfação pessoal, equilíbrio entre corpo, mente e espírito é o valor mais importante. Eles procuram por um lugar em que possam descobrir a si mesmos (Self), e a ideia de viver a vida de forma plena é mais importante do que o sucesso material. É a primeira geração genuinamente globalizada, cresceram com a tecnologia e usam-na desde a primeira infância. Eles são os sucessores da geração X, incorporaram a geração Z, e juntos estão construindo o caminho para a Geração F (a geração Facebook, composta pelos jovens que nasceram na era  das mídias sociais).

Essa geração apontada pelo professor Hélio, “tão mudando eles mesmos”? Pois, me parece, que tal mudança não é algo intencional, ela ocorre, segundo alguns estudiosos, devido o individualismo e narcisismo dessa geração. Dessa forma, essa mudança tem sido superficial, ou seja, não há uma transformação interior, o que desejam, sentem e pensam, esteja voltado tão somente para uma “selfie” e não para seus Self. Podem até interferir na sociedade, por sua vez, gera pouco impacto. É importante considerar que essas projeções universalistas idealizadas de comportamento geracional não são verdades absolutas. A nossa reflexão aqui é dentro de uma perspectiva da geração de negros e negras que tem suas diferenças dentro dessas gerações pesquisadas.

Nesse contexto, o professor refere-se a “Geração Y de negros e negras militantes“, que inclui também a primeira geração de estudantes formados após a implantação do sistema de cotas raciais (Conquista da luta das gerações X e anteriores), que vem mudando o perfil das profissões como direito, comunicação, arquitetura, engenharias, odontologia, medicina, que, até o ano 2000 eram praticamente profissões exclusivas da classe média branca, e da elite. E na carreira acadêmica fazendo também uma presença crescente de negros e negras na pesquisa e na intelectualidade.

O princípio fundamental da psicologia Kemética: “conhece a ti mesmo”, é essa a sacada que o professor Hélio Santos observou nessa nova geração. Esses negros e negras podem ( ou já estão) alicerçar-se no “Self Kemetico” calcado no tripé: amar, conhecer, e mudar, ou seja, amar a si mesmo é conhecer a si mesmo e mudar a si mesmo é ser o seu “Eu Negro“.

O Self: amar a si mesmo, conhecer a si mesmo, e mudar si mesmo é o salto quântico em direção a essa mudança apontada pelo professor. Amar a si mesmo é revolucionário, porque a menos que a pessoa ame a si mesma a pessoa nunca conhecerá a si mesma. Quando nos amamos, estamos sempre abertos às mudanças, especialmente internas, para cada vez mais atingirmos o Eu Negro (Self Kemético).

Por Hernani Francisco da Silva – Ativista Quântico Negro – Do Afrokut

VÍDEO:

Emicida assiste discurso do Sarney sobre abolição da escravatura

Essa foi no Conversa com Bial. Você reagiria assim também?

Posted by Emicida on Friday, June 1, 2018

Porque a inteligencia artificial é racista?

Computadores não se tornam racistas por conta própria. Eles precisam aprender isso de nós.

Durante anos, a vanguarda da ciência da computação tem trabalhado no aprendizado de máquina, geralmente fazendo com que os programas aprendam de maneira semelhante aos humanos – observando o mundo (ou pelo menos o mundo que mostramos) e identificando padrões. Enquanto isso, os cientistas da computação enfrentam um desafio desconhecido: seu trabalho necessariamente olha para o futuro, mas ao abraçar as máquinas que aprendem, elas se vêem amarradas aos nossos velhos problemas do passado. A IA, embora inicialmente neutra, é influenciada por dados que contêm discriminação por seres humanos e está simplesmente refletindo a sociedade humana, essencialmente refletindo preconceitos e ódios humanos.

As máquinas aprendem a linguagem engolindo e digerindo corpos enormes de toda a escrita disponível que existe online. O que isto significa é que as vozes que dominaram o mundo da literatura e da publicação durante séculos – as vozes dos homens ocidentais brancos – são fossilizadas nos padrões linguísticos dos instrumentos que influenciam o nosso mundo hoje, juntamente com as suposições que os homens tinham sobre pessoas que eram diferentes deles. Isso não significa que os robôs sejam racistas: significa que as pessoas são racistas e estamos criando robôs para refletir nossos próprios preconceitos.

Os dados que alimentamos as máquinas refletem a história de nossa própria sociedade desigual, estamos, na verdade, pedindo ao programa que aprenda nossos próprios preconceitos e racismo.  As máquinas só podem trabalhar a partir das informações que lhes são dadas, geralmente pelos homens brancos e heterossexuais que dominam os campos da tecnologia e da robótica.

Continua:  Os principais desafios para criar inteligência artificial sem racismo

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut

A Influência Kemética na Grécia Antiga

 

Se você já foi estudante no mundo ocidental, provavelmente cresceu sendo ensinado que os gregos eram os fundadores do mundo moderno e da civilização moderna. Você provavelmente foi ensinado que os gregos inventaram matemática, ciência, filosofia e até medicina. Na verdade, não é nenhuma surpresa que o mundo ocidental acredite que os gregos são nossos pais fundadores porque criaram a “civilização ocidental“.

A Grécia não passa de filha do Antigo Kemet Preto (agora conhecido como Egito). Os europeus não eram, de modo algum, os desenvolvedores da civilização humana. Tudo o que eles aprenderam, eles aprenderam por serem influenciados pelos povos africanos. A maioria dos filósofos famosos da Grécia antiga que hoje conhecemos estudou no Antigo Kemet no Templo de Waset.

O Templo de Waset foi a primeira universidade do mundo que foi construída durante o reinado de Amenhotep III, durante a XVII Dinastia. Para que alguém se graduasse do Templo de Waset, a pessoa média deveria comparecer por pelo menos 40 anos. Nenhum dos gregos que frequentaram Waset se formou, mas ainda são creditados com os fundadores da civilização moderna. Listados abaixo são apenas alguns dos gregos famosos que participaram do Templo de Waset, juntamente com o número de anos em que eles participaram:

1). Platão (Filósofo e Fundador da Academia de Atenas): 11 anos

2). Aristóteles (Creditado Como primeiro cientista da historia): 11 anos

3). Sócrates (Creditado Como fundador da filosofia): 15 anos

4). Pythagoras (Creditado por inventar o “Teorema de Pitagoras”): 22 anos

5). Hipócrates (Creditado Como sendo Pai da Medicina): 20 anos

6). Thales (Primeiro homem que trouxe Geometria a grecia): 20 anos

O povo da antiga Kemet claramente tiveram uma influência incrível sobre o povo da Grécia. Thales é creditado com trazer Geometria para o mundo ocidental. No entanto, apenas olhando as pirâmides, é óbvio que as pessoas de Kemet tinham conhecimento de calcular as áreas de triângulos e outras formas muito antes de Thales mesmo existir. Muitas vezes as pessoas perguntam: “Se o antigo Kemet foi tão grande, o que aconteceu com ele e por que ele não corre mais pelos nativos originais da terra?” Bem, o que aconteceu com o Kemet não aconteceu da noite pro dia, mas parte disso começou porque os nativos eram muito amigáveis para os europeus e outros estrangeiros. O povo de Kemet ensinou aos gregos tudo o que eles são creditados com a invenção, e a ironia de tudo é que os gregos eventualmente acabaram assumindo sua terra.

Como os gregos assumiram o Kemet? Para encurtar a longa história, Sócrates foi à escola em Kemet e trouxe seu conhecimento e sabedoria de volta a Atenas, onde ele foi creditado com ser o homem mais sábio da terra. Platão estudou sob Sócrates. A influência e as filosofias de Sócrates eram tão poderosas que seu próprio povo o condenava à morte por “corromper as mentes da juventude” ensinando-os a questionar tudo.

Após a morte de Sócrates, Platão passou uma jornada da alma para estudar em Kemet, onde aprendeu o conceito de formas, a alegoria da caverna e o que mais tarde seria conhecido como a República de Platão (governo ocidental moderno). Platão acabou por ser descoberto por Philip (governante da Macedônia).

Philip da Macedônia, que passou sua vida lutando contra o Império Persa, acreditou que ele poderia derrotar os governantes persas e absorver seu poderoso império, que incluía as terras de Kemet. Então, depois que Philip descobriu Platão e patrocinou a Academia de Atenas, compreendo o governo, usando os conceitos da República e a Alegoria da Caverna, Platão sabia exatamente como conquistar a mente das pessoas de forma sistemática e prender os nativos de Kemet e do império persa, mentalmente.

Em última análise, a academia de Platão produziu um prodígio com o nome de Aristóteles. Aristóteles tornou-se filho de Felipe de Macedônia, tutor e conselheiro político de Alexandre.

Com o conhecimento de Aristóteles e as filosofias de Platão sobre política e psicologia, o herdeiro de Philip (Alexandre o Grande) acabou por poder assumir o que agora conhecemos como o Egito.

Somente porque Alexandre, o grego, trabalhou mão a mão com Aristóteles (estudante desertor do Templo de Waset e graduado da Academia de Atenas) que se tornaram os cérebros da operação, Alexandre espalhou o helenismo (o caminho grego) em todo seu império.

Em todo lugar que Alexandre, o grego, conquistou, queimou bibliotecas, literatura e histórias de todas as civilizações Kushitas. Foi assim que a Alegoria da Caverna foi usada. A queima de bibliotecas, literatura e história originou espaço para os historiadores brancos-ocidentais RE-escrever a história como é ensinada hoje, incluindo a Arca de Noé e a literatura do folclore hebraico.

A Grécia antiga é apenas uma filha do antigo Kemet. Filósofos e matemáticos gregos são creditados com os pais fundadores da civilização moderna, mas o fato é que eles aprenderam tudo dos pretos de Kemet. Isso foi registrado pelos próprios gregos. A verdade só parece ser mal interpretada por historiadores brancos-ocidentais que dão todo o crédito aos gregos. O Templo de Waset foi uma grande universidade que educou mais de 80 mil pessoas. Sem ele, a filosofia, a medicina, a ciência e a matemática não seriam como a conhecemos hoje.

Por: Samadhi Joan (The Golden Nubian) e Ethiopian Kundalini (Mario Robinson)
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Via Rai Li